sexta-feira, 15 de abril de 2016

FÉ 'PATOLÓGICA'


Para começar eu preciso entender o que é patologia. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. Ou melhor, qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença.

Bem, talvez a próxima melhore. É o estudo das doenças em geral sob aspectos determinados, tanto na medicina quanto em outras áreas do conhecimento. E se considerar desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial, talvez faça mais sentido.

Quem sabe eu também precise conceituar . No sentido comum, significa a confiança do indivíduo em si mesmo, pois os que disso são dotados são capazes de realizações que pareceriam impossíveis àqueles que de si duvidam.
Sendo assim é uma confiança bem fora dos padrões normais, acho.

Mas antes eu procurei quem falasse sobre, e acabei discordando: ‘O sectário só se alimenta dos livros da seita. Esta atitude indica que a pessoa está sofrendo lavagem cerebral, e foi ensinada até mesmo a justificar-se: "É que estamos satisfeitos com o banquete espiritual que nos é oferecido na forma de página impressa, então não temos a necessidade de nos alimentar com outras literaturas". A fé doentia acovarda-se diante daquilo que considera ser a mentira’ [...] seita o aborda com argumentos embasados, está sendo tentado pelo diabo. [...] Por fim, dentre tantos outros sinais de quem sofre de fé patológica, o sectário ama criticar a fé dos outros, com zombaria ou endossando os escárnios dos outros contra as igrejas cristãs, mas quando alguém raciocina com eles, no campo doutrinário, ele ofende os questionadores'. Fonte: Fernando Galli no IASC’ http://libertosdoopressor.blogspot.com.br/2011/03/como-identificar-um-sectario-com-fe.htm
Não creio que esta tenha sido a intenção dada à ‘fé patológica’ que eu ouvi. Mas antes eu tenho que explicar a diferença entre fé raciocinada e fé cega. ‘A fé cega, como o próprio nome indica, tudo aceita sem verificação, tanto o verdadeiro quanto o falso, e pode, obviamente, a cada passo, chocar-se com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentada no erro, cedo ou tarde desmorona. A fé raciocinada é a que não rejeita a razão e prende-se à verdade, sem jamais compactuar com a mentira. "Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade". .http://grupoallankardec.blogspot.com.br/2014/10/fe-cega-e-fe-raciocinada.html

Acabei me confundindo mais. Tinha uma impressão que parecia fazer sentido, mas não conseguia explicar porque perdemos tanto tempo conceituando palavras como se elas fossem absolutas. A fé raciocinada funciona muito bem para aqueles que precisam definir meios [hábeis] para que possam, sobretudo, ajudar. E a fé cega, por mais imprudente e irracional que seja é tão poderosa porque cria os milagres mais eficientes e arrebatadores. E é muito difícil aceitar que elas possam coexistir.

Porém se a fé for patológica, inerente ao corpo [físico ou espiritual] como uma qualidade – ou defeito –, algo parecido com uma marcação genética ou parte do nosso sistema ‘operacional’, então a fé sempre existiu, mesmo para aqueles que se digam ateus. Esta fé faz mais sentido para mim, pois diz que somos projetados para confiar, termos fé, e mesmo quando parecemos desistir é só um dos aspectos dessa fé ‘ONBOARD’.

Existem tantas explicações conceituais quanto às doenças patológicas que eu percebi divergências, mas considerar problemas psicológicos e não os psicossomáticos, me deixou perdido. Ainda mais que insinua que pelo uso de técnicas microbiológicas, imunológicas e exames moleculares, a patologia tenta explicar as razões e a localização dos sinais e sintomas manifestos pelos pacientes, enquanto fornece uma base para os cuidados clínicos e a terapia. E em termos mais especifico é uma mania, doença que vai se tornado real e pode virar crônica.

Ou seja, não compreendi nada.

Se tirarmos a ideia de ‘doença’ da questão patológica, fazendo com que a ‘fé’ seja um desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal, talvez nós tenhamos que supor que este desvio do normal seja o oposto. Quero dizer, qual é o estado normal? Que a fé seja um desvio da realidade ou que a nossa realidade seja tão isenta de fé que o desvio soe como um retorno?

Algumas religiões falam acerca deste estado ‘normal’ do espírito e como lutamos para regressar a ele. Contudo o esforço de construir a fé é contrário ao que é. Fé é intrínseco, é uma qualidade do espirito, é a verdade. Naturalmente buscamos ampliar nossa fé, quando na verdade deveríamos deixa-la ser. Tentamos fortalece-la removendo a imundície que a oculta. Suprimir o ego é o primeiro passo, apesar de não precisar ser a primeira ação.

Ter fé é tão natural que ainda discutimos quem tem ou não a tem. Aliás, todos temos em um grau tão absurdamente amplo que, se soubéssemos, sentiríamos idiotas... como eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário