Por
que desejamos, precisamos daquilo que nos causa sofrimento? Onde está em nós a
certeza de que as nossas ideias, atos e julgamentos sempre serão justos? Quem
somos nós para apontar falhas? Culpar os outros pelas nossas incapacidades é
justificável?
Claramente
ficamos no escuro quanto ao sentido do sofrimento. Tudo que é contrário aos
nossos pensamentos, aos nossos hábitos, torna-se um inimigo. Um inimigo que é
reflexo de nossos sentimentos internos. No budismo, Kannon Bosatsu é a
transfiguração deste inimigo que se impõe no nosso caminho. Mas ele não deveria
ser um inimigo. Na verdade, o inimigo só existe porque temos medo do que a
ideia, o obstáculo, as pessoas e os fatos representam em nossas vidas.
Se
há um problema, as ideias sempre serão: não sou o culpado, quem é o culpado, é
injusto que aconteça comigo, etc. E se quebrássemos estas ideias preconcebidas
pelo hábito cultural e indagássemos: sou o culpado, é justo o que está
acontecendo. Então a pergunta certa seria: Por que eu preciso sofrer com...?
Qual é o objetivo deste sofrimento?
Simplesmente
aceite que é o culpado por tudo que te faz sofrer. Como? A mente atrai aquilo
que é desejado. Inconscientemente há um desejo pelos infortúnios que te acometem.
É um mecanismo de preservação, de sobrevivência do ego que tem medo. Todos
temos medos. O medo de ficar só, de não conseguir preencher expectativas, de
não se capaz, geram as doenças, que são meios de dizer para os outros que você precisa
ser amparado, que é e pertence à família, que é digno de compaixão, que quer
ser notados.
Por
exemplo, você é INJUSTAMENTE levado a aceitar uma compra casada de um serviço
ou produto que precise de um seguro. Este seguro representa um obstáculo porque
não fazia parte dos teus planos, porque a sua experiência anterior diz que é
desnecessário esta imposição. Começa por culpar os outros, as instituições, as
leis e por fim questiona o mundo que parece se esfacelar. E a pergunta?!
Por
que eu preciso deste seguro?
Algo
em ti não confia mais nas tuas próprias capacidades. Não se sente plenamente
seguro de conseguir agir com confiança. No subconsciente existe uma ordem velada
de proteção que exige um seguro. Porque os teus medos te controlam. São eles
que dispersam e iludem os pensamentos com vontades estranhas, incompatíveis com
a realidade de que o mal é uma consequência do seu estado mental. O seguro é
uma tentativa de seu ego dizer o quanto esta frágil. Não que seja a verdade, de
que esteja precisando estar à salvo, porém indica uma imprecisão do que a mente
consciente crê e o inconsciente impõe. Fique algum tempo sem os noticiários,
reduza as impressões, pois elas são imprecisas e parciais.
Estaria
me enganando?
Não
seria o contrário?! De que acreditamos nas imagens que são impressas em nós? De
que facilmente somos levados a crer que este mundo se corrompe e a ninguém é
dado a chance de ser bom?! Não vem ao caso saber a origem do problema de
percepção da realidade, mas depende de você mudar este quadro. Quem pode
afirmar que as estatísticas são absolutas quando todos sabem que são
amostragens. Se acreditarmos que seremos mortos ao sair de casa, seremos. Mesmo
que em São Paulo cerca de 1.200 assassinatos registrados no ano passado, nos 41.692.668
habitantes, isto representa 0,00003% da população. Contudo a mídia dá quase que
total atenção a estes fatos, pois semelhante atrai semelhante.
Pare
de julgar os outros, não temos discernimento para tal.