domingo, 29 de setembro de 2013

três conflitos


“Neste mundo há três errôneos pontos de vista: Diz-se que toda a experiência humana baseia-se no DESTINO; afirma-se que tudo é criado por DEUS e controlado por sua vontade e; que tudo acontece ao ACASO, sem ter uma causa ou condição.” A Doutrina de Buda.

O ego cria o medo que gera opressão que amplia o medo que sustenta o ego. É um círculo vicioso, assim como o carma. [22/03/13] O que justifica o carma é a ilusão. Metade do mundo tenta escapar da ilusão e a outra em não cometer pecados, mas isto é uma outra estória. Neste ciclo de nascimento, velhice, morte e renascimento, o carma é reflexo das nossas ilusões, de acreditar que a evolução espiritual depende dos obstáculos. Portanto, desfeito o apego – a ilusão de querer ou não querer, que gera o sofrimento – é desfeito o carma e a reencarnação finda. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade, volto a frisar...

“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.

É como correr atrás do próprio rabo. Buda era o suprassumo em questão de redundância elevada à enésima potência. Nem assim os discípulos entendem – sou o primeiro a assumir minha ignorância. Como não fazer algo que precisa ser feito para se descobrir que não deveria fazê-lo! Isto me soa mais estranho do que falar sobre viagens no tempo, os tais paradoxos no qual voltar ao passado e matar o seu avô jamais permitiria a viagem.

 Será que precisamos agir assim? A resposta de Deus talvez fosse: Sim e não. Preparem-se, pois as respostas de Deus sempre serão sim e não. Existem duas intenções e elas estão certas, mas mesmo assim erradas. Esta é uma das nossas deficiências, não entender que não existem escolhas. Deus é o certo e também o errado. Ele pode não ter criado o mal, mas nos criou a sua imagem e semelhança, o que pode soar como blasfêmia – é o que eu acho, talvez seja uma destas anormalidades psicológicas que definem o nosso ego. Temos todas as qualidades dEle. Não creio que os filhos de Deus, as suas criações, possam ser falhas – de modo geral.

O que acontece é que Ele nos deu livre-arbítrio. Esta liberdade se dividiu entre culpa e êxito, o que chamamos de causa e efeito. Criamos a dualidade e começamos a experimentá-la como fazemos ao analisar as partes. Esta modalidade intrometida que chamamos de ciência e não é menos ridícula do que vemos os cientistas malévolos do cinema fazerem – modificando genes, criando máquinas temporais, baseando-se em premissas bem duvidosas. Fragmentamos e observamos as partes, o funcionamento destas frações determinam modelos. Modelos astronômicos, modelos biológicos, teorias físicas, receitas nutricionais, etc., entretanto, não percebemos que as partes respondem por uma unidade. E esta unidade cria interações, digamos, inusitadas. Como se um universo paralelo tivesse mais coerência do que o nosso. Um universo mais real.

Todos os conflitos são baseados em ideias parciais, cheias de vazios. Reagimos ao outro porque sentimos uma contrarreação que emana de nós. Parece incoerente, mas estamos em conflito com nós mesmos. O outro reage às nossas vibrações e reage contra-atacando-nos com a nossa imagem interior. Esta ideia se fortalece quando não admitimos que sejam nossas deficiências morais, nossos monstros interiores, que estão se materializando. Como aquele Espelho de Ojesed em que Harry Potter vê seus desejos, e acaba aprisionado por estas ilusões que não o levam para lugar algum, nem o passado e nem o futuro. Uma reação inconsciente daquilo que não gostamos em nós e se apresenta como um inimigo é uma outra imagem refletida no nosso espelho. Pelo menos, ao admitir tais fraquezas – e eu digo por experiência – o inimigo desaparece. E a simbiose autodestrutiva entre você e seu inimigo yourself se transforma. E se isto não acontece, o inimigo se afasta e o conflito não existirá. Por isso devemos agradecer todas as pessoas e coisas, pois são ferramentas que nos incitam a nos conhecer e a nos melhorar. 

Como disse Gandhi: Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. E os budistas dizem: Quem se vence a si mesmo é um herói maior do que quem enfrenta mil batalhas contra muitos milhares de inimigos. Mas não é muito diferente. Pois o seu pior inimigo pode se parecer com um filho, marido ou esposa, mas esta manifestação caótica não passa de uma reação exteriorizada por você, por nós. Por isso, ao aceitarmos que o outro não está errado, aceitamos que estamos errados e encontraremos meios hábeis – como se existisse outro – para sanar o erro. E este erro não alimentará o conflito. O outro muda porque cessa a animosidade que certamente se baseava em uma impressão criada por nós e projetada como um desagradável reflexo chamado de “próximo” – muito mais próximo do que gostaríamos. 

Ou seja, continuaremos odiando os outros enquanto nos odiarmos. O mestre Ananda Rinpoche disse ao discípulo que queria alcançar a iluminação ao se oferecer à meditação em uma gruta: Não há precisão de ir, pois você encontrará na caverna somente o que levar consigo.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

destino



Por que não falamos um pouquinho sobre o destino? Não deste que sempre tenta acabar com os planos do Quarteto Fantástico, mas de um destino que é tão fantástico que poderia ser coisa de HQ. E nem sempre Tiago está tão espirituoso a ponto de falar de assuntos, digamos, sérios com este toque de humor. O uso de parábolas é por conta dele, porém admito que se não fosse por ele me conhecer tão bem - acho que ele pensa que eu sou um idiota - diria que está brincando comigo. Por isso o tom - de sadismo. 


A vida é como esta estrada.

Supus. ― Pré-definida?! Destino.

“Se assim fosse, todos os planos e esforços para a melhora ou progresso seriam em vão e à humanidade não restariam esperanças. Tudo acontece ou se manifesta tendo por fonte uma série de causas e condições”. A vida não é o carro e nem o roteiro. Mesmo que siga pelo caminho do meio, o carro precisará de combustível – e até substituições. Seguir o caminho do meio exige muita disciplina para que os reabastecimentos sejam os menos prejudiciais para a viagem. E também implica que você conheça a estrada e seus desvios, retornos e paradas.


Com qual objetivo? ― As árvores da esplanada farfalharam ensurdecedoras.

Evitar acidentes é um deles. ― Tiago estava esquentando os motores. ― O caminho do meio não é como uma ideia do trajeto, descrita pelos que se consideram sábios. Nem Buda se atreveu a tanto, ele acreditava que somente conseguiria a Libertação após a morte, o Nirvana. 


E quem sabe o caminho?


Aqueles que têm consciência de todas as suas qualidades e defeitos. Que conhecem cada pedaço da estrada e conseguem criar o caminho do meio, isto é, o melhor traçado considerando as ferramentas à sua disposição.

Pedi tempo com as mãos em frenesi. ― Então não é a pista central? E de que ferramentas você está falando?

Hum. Pensam que alcançar o melhor traçado depende de evitar todos os problemas e isto é impossível. Mas minimizar já é outra história. Centrar-se em evitar os defeitos e deficiências em prol das virtudes e qualidades, os tornam incompletos. O que lhe aconteceria se o sofrimento, o ódio, a cobiça e demais tolices jamais fossem experimentadas? Como saber se é salgado se nunca experimentou o doce? ― Precisava ser mais específico. ― O desejo do sábio é conhecer e experimentar tudo para que domine os excessos.

E as ferramentas? ― Ainda estava pensando no controle dos excessos.

Existem várias, lembre-se nada é por acaso. Nem o tipo de asfalto, o pedágio, as placas. Estas últimas são as mais claras indicações de caminho. Quero dizer, nós as conhecemos por sonhos – e em casos extremos de presságio, premonição, cognição, vidência e etc. – e como eles não nos parecem tão óbvios como as placas de trânsito, costumamos ignorá-los. As sinalizações indicam as condições da estrada adiante. Preveem o futuro.

Entretanto existem outras ferramentas...

Tiago percebeu aonde eu queria chegar. ― Quando desejamos seguir o melhor traçado, muito planejamento reduz os riscos e prevê possíveis problemas de viagem. Este planejamento pode ser descrito pelo controle dos excessos, não é preciso correr para chegar a tempo no destino. Nesta viagem é certo que todos chegaremos ao final. Eu gosto de exemplificar que o planejamento é como um estudo do caminho que chega a ponto de antecipar as sinalizações. São sentimentos mais fortes do que um sonho poderia sugerir. É a matriz da mente inconsciente. O planejamento, quando bem executado, poderia fazer um cego dirigir.
E como eu percebo isto? ― Sabia a resposta, porém precisava saber como ela se encaixaria naquela fábula.

Se já decorou o traçado e não quer sofrer interferências que lhe prejudique o raciocínio, que não lhe tire a concentração, – porque homem não pergunta mesmo – você deve resolver os problemas assim que eles aparecem.

E como fica o destino? Pensei alto.


Não há destino, o livre-arbítrio pode indicar os caminhos, mas o destino sempre será um. Portanto ele é irrelevante. Quanto mais excessos são subjugados pela sua vontade, maior será o seu esclarecimento. 

Hã.― acho que não entendi.― Existe ou não existe destino?

Sim e não. Bem sabe que a ideia comum é que nos unamos a Deus, portanto este destino é imutável. Contudo temos objetivos, ou etapas, que são como um planejamento e se parecem muito com um destino. ― Tiago parou por uns instantes, e penso que ele percebeu que eu estava tentando dar outra designação à palavra destino. ― O destino que você compreende e aceita seria mais bem compreendido se fosse nomeado de desígnios. E eles variam conforme as mudanças de trajeto... É impossível manter um plano original, por isso é impossível produzir um destino.

Por quê?

Causas e condições que dependem de muitas e muitas variáveis. Não está sozinho na estrada, os outros carros podem e interferem nos seus desígnios, obrigando-o a tomar outros caminhos.

Como? ― como uma criança.

Tudo afeta os seus desígnios. Seu planejamento depende de suas respostas aos eventos não previstos – que é uma ilusão – e quanto mais experiências, melhor será o seu retorno ao plano original. Você está desconsiderando o mais importante.

O quê?


A estrada, o planejamento, o carro, as placas, a sua interação com os outros usuários desta estrada, – e até os atalhos que eu ainda não mencionei – não são importantes quando percebemos que eles são mecanismos que geram as experiências.

Quer dizer, conhecimento? ― generalizando como o certo.


Não, experiências. O conhecimento é intrínseco a todos os espíritos – ou almas.

Oportunamente começaram a surgir pessoas na cidade das sombras. Nós precisamos nos levantar para não sermos pisoteados. A minha imaginação estava se esfacelando e eu já não conseguia impedir as suas tentativas de me afastar daquele diálogo.

Tiago me olhou com compreensão. ― Teremos outras oportunidades.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

dois conflitos




Certa vez, num workshop eu disse que acreditava que cada parte de cada pessoa é um recurso valioso. Uma mulher me disse: "Essa é a coisa mais burra que jamais escutei!”.
“Eu não disse que era verdade. Eu disse se você acreditava que, enquanto terapeuta, você iria conseguir muito mais”.
"Bom, isso é completamente ridículo".
"O que é que te faz crer que isso é ridículo?"
"Tenho partes em mim que não valem dez centavos. Simples­mente me atrapalham. É só o que fazem".
"Diga uma".
"Tenho uma parte que, independente do que eu fizer, toda vez que eu tento fazer alguma coisa, ela simplesmente me diz que não posso fazê-lo e que irei falhar. Faz com que tudo se torne duas vezes mais difícil do que o necessário".
Disse que havia sido uma aluna evadida da escola secundária e que, quando decidira retornar aos estudos, essa parte dissera: "Você nunca irá conseguir; você não é boa o suficiente para isso; você é burra demais. Será embaraçoso. Você não vai conse­guir". Mas ela conseguiu. E mesmo depois de ter feito isso, quando decidiu entrar na faculdade, essa parte disse: "Você não irá ser capaz de terminar".
Então eu disse: "Bem, gostaria de conversar diretamente com essa parte". Isso sempre pega o pessoal da AT, diga-se de passa­gem, porque isso não existe em seu modelo. Certas vezes fico falando e olhando por cima de seu ombro esquerdo e eles ficam todos doidos. Mas esse é um mecanismo de ancoragem verdadei­ramente eficiente porque a partir de então toda vez que se olha por cima de seu ombro esquerdo só aquela parte consegue escutar.
"Eu sei que essa parte de você está lhe prestando um serviço de grande importância e que é muito matreira na forma como o realiza. Mesmo que você não aprecie o trabalho por ela executado, eu o aprecio. Eu gostaria de dizer a essa parte que, se ela tivesse vontade de contar à sua mente consciente o que vem fazendo por ela, então talvez essa parte pudesse receber um pouco do apreço merecido”.
Então, fiz com que ela se voltasse para seu interior e pergun­tasse à parte o que de positivo era que vinha fazendo; a resposta: "Estava te motivando". Depois de ter-me revelado isso, ela comentou: "Bem, acho isso uma loucura".
Eu disse: "Mas sabe, não acho que você fosse capaz de vir aqui em cima e trabalhar na frente deste grupo todo". Ela levantou-se em atitude desafia­dora e atravessou a sala, depois se sentou. Aqueles que já estu­daram estratégias e que compreendem o fenômeno da resposta de polaridade irão reconhecer nesta parte apenas um Programador Neurolinguista que sabia da utilização. Essa parte sabia que se dissesse: "Ah, você consegue entrar na faculdade, você pode fazê-lo", ela teria dito: "Não, não posso mesmo". Contudo, se essa parte lhe dissesse: "Você não irá conseguir passar esse ano", ela diria então: "Ah, é?" e a seguir iria para a rua fazer aquilo mesmo.
E então, o que teria ocorrido com aquela mulher se de alguma forma tivéssemos conseguido com que aquela parte parasse de proceder daquela forma, contudo deixando de mudar todo o resto? Ela não teria mais forma alguma de se motivar!


Sapos em Príncipes, Richard Bandler.

Dando continuidade ao assunto, os conflitos são importantes para o desenvolvimento humano, infelizmente não sabemos como encarar tais obstáculos.
Quando eu disse que devemos enfrentar o problema com resignação ou gratidão, não estava querendo ser sádico ou mesmo insensível às complicações emocionais que tais conflitos geram. Nem dizer que devemos ser apáticos, mesmo porque fingir não se importar ou se importar será a mesmíssima coisa. E não ser afetado ou se importar diante dos conflitos parece um contrassenso.

A proposta é a seguinte: o que faz “isto” lhe parecer um conflito? Você já se perguntou se as suas prerrogativas, as suas ideias sobre o que parece ser conflito, não poderiam ser falhas?
Faça-se uma pergunta, sabemos exatamente quem somos? Explico, pensamos que temos uma personalidade que nos define. Aparentamos uma imagem que acreditamos ser a nossa expressão interior. Mas isso é uma ilusão. Somos constantemente moldados pelo meio, por nossas reações ao meio e, apresentamos múltiplas máscaras que nos intermediam. São mecanismos naturais de sobrevivência. Nós chamamos de ego, mas não percebemos o quanto ele é volátil e não confiável. O ego, ou melhor, as máscaras que usamos, são estruturas psicológicas que tentam nos proteger dos conflitos a partir de modelos que “supomos” eficientes. Ou você acredita que os pais amam os seus filhos igualmente?! Nem tem como, pois mostraremos um comportamento diferente para cada tipo de pessoa, ou situações.

Então poderemos criar máscaras que possam até se contradizer, tornando o ego cada vez mais instável. É esta imagem distorcida que não nos permite raciocinar. Não por pura lógica, porém por um raciocínio baseado no amor que não escolhe. Não toma partido. Não julga saber.

Como eu disse antes, a premissa errada cria os modelos que geram conflitos. Os modelos foram e são criados pela sociedade, ou seja, nossos antepassados. Mas os maiores culpados por perpetuar tais modelos – baseados no medo – somos nós. Admitimos que desejamos ser oprimidos por modelos que já não correspondem aos fatos já desvendados. Mas vamos falar disso depois. O que nos importa agora é como rever os modelos e apresentar novas diretrizes.

Deveríamos começar por: há um destino a nos governar, porém somos nós que criamos o nosso destino. Você vai perceber que as novas ideias já não se baseiam mais em escolhas, mas sim em abranger o todo. Isto é, adotar todos os pontos de vistas como certos a partir de uma aceitação das ausências que construíram o ponto de vista que tanto pode nos parecer contraditórias, para não dizer mau ou bom. Este é o princípio da compaixão, aceitar as diferenças. E ainda não é o suficiente, não é uma questão de resignar-se e permitir que a opressão continue existindo.

Tiago saltou para a areia e desenhou um circulo perfeito. ― Este é o símbolo Yin e Yang, de equilíbrio e é um ciclo eterno. Somente isto pode explicar o seu paradoxo. Como não há tempo, não existem paradoxos, simplesmente é.
Não precisamos de um começo e um fim?
Tudo já foi determinado, as nossas vidas são como personagens definidos...
Eu chamo isto de destino implacável. ― como não ser.
Se fosse destino, o espírito não teria esperanças e nem pretextos para experimentar. Tudo é determinado antecipadamente, no entanto o espírito escolhe como usufruir desta liberdade, pois os grilhões e os obstáculos são criados por nós mesmos. Somente nós acreditamos que o tempo é linear, quando seria mais eficiente que ele se comportasse como neurônios ou redes virtuais com links de interesse e não pela correnteza irreprimível de eventos. Como poderá aceitar que as influências, cuja origem é imperceptível, provêm de todos os tempos e todos os lugares? O que te impede de ir aonde quiser, passado ou mundos da fantasia...
Quer dizer que as mesmas impressões sentidas por existências anteriores, podem vir do futuro? ― não ia me estender, estava ficando apreensivo.
Sim e não. As coincidências – que não são bem coincidências – estão te encaminhando para um futuro, reunindo as ferramentas que serão úteis para melhor se adequar. Tem consciência deste processo porque não está mais preso ao passado e o presente te constitui um mecanismo de transição. Os novos objetivos te alavancaram para outros desígnios que estão sendo apresentados como informações para vencer os excessos e disciplinar a mente!


O livro de Mateus.

A opressão é criada pelo medo.

Aceitamos inverdades que nos moldam o ego. Por exemplo, nos sujeitamos a artimanhas para sobreviver em um mundo violento e hostil. Preferimos duvidar e nos proteger de algo que não existe efetivamente. Temos medo de morrer ao sair todos os dias, vemos constantemente assassinatos, que devemos nos proteger. Em uma grande cidade, o número de assassinatos representam 0,003%, mas o nosso medo se amplia e gera uma reação incontrolável e ilógica.
Todos já devem ter ouvido, não cai uma folha da árvore sem que Deus o saiba. Então você vai continuar se preocupando com coisas que realmente não podem ser controladas por você? Todo o nosso ser acredita que se não interferirmos, se nós tentarmos controlar o meio e nos proteger, Deus não será capaz.

Sem o medo, sem a nossa presunção por tentar controlar, o fluxo da vida se encaminhará para o destino. Sem obstáculos, sem conflitos, pois estes surgem com o objetivo de nos redirecionar para o nosso destino. Eu disse que há um destino a nos governar, porém somos nós que criamos o nosso destino. Parece contraditório, contudo somos nós que teimamos em catalogar e escolher lados, para Deus, todos os lados são uma excepcional escolha.




terça-feira, 24 de setembro de 2013

conflitos




Não sei quanto a você, mas parece que os maiores conflitos da humanidade estão dentro das famílias. É claro e evidente que não se aplica a todos, porém temos que enfrentar tais conflitos com novas ideias.

Não podemos simplesmente recuar diante do medo que nos infligem, temendo que aqueles que nos “amam” ditem as suas regras, nos submetam a um cárcere emocional onde ocultamos a nossa raiva, o nosso rancor, em detrimento de um equilíbrio familiar inexistente. São os submissos, os descontentes, que se deixam morrer para que a aparente felicidade não se esfacele.

Por sua vez, aqueles que tentam controlar, que criam o medo, impõe as suas verdades são tão vítimas quanto algozes. São os autoritários que matam para não serem denegridos. Creem que devem comandar aqueles que são seus.

Mas neste panorama se geram causa e efeito. Um jogo de disputas que jamais findam. Todos, sejam as vítimas, sejam os carrascos, sofrem pois acreditam que devam sofrer. Não estou dizendo que queremos conscientemente sofrer, no entanto estamos condicionados a perpetuar os modelos vigentes. Modelos que idealizam as relações familiares como um personagem de teatro, com máscaras e encenações. Estes conflitos, que são de pais e filhos, maridos e esposas, entre irmãos, são mecanismos de harmonização.

Eu sempre pensei que esta ”harmonização” obedecia a duas regras: resignação para se construir futuramente o respeito e a convivência. Uma resignação necessária porque o problema pode ter surgido num passado imemorável onde não se sabe quem foi o causador, portanto o melhor é sentar e esperar que a providência divina diga quando a dívida estiver quitada, que pode ser num futuro inimaginável. Ou esquecer esta regra de ouro cármica e agir contra esta corrente filosófica e interromper o sofrimento: findar com o carma. Pois é inconcebível que estes tramas eternos sejam extintos quando se aumenta os problemas assim que somos postos diante dos nossos inimigos. Para se tentar minimizar os danos, geralmente os inimigos são colocados em uma mesma família.

O que realmente cria os primeiros atritos?

A nossa arrogância de admitir que todos os nossos problemas advêm de fora, dos familiares que preferimos catalogar com outros nomes. Antes que você comece a justificar as suas razões para odiar aquele que deveria amar, eu tenho que admitir que é este o propósito do conflito. Temos a impressão errônea de que estamos sempre certos e devemos interceder. Este é um aspecto que chamo de arrogância. De uma certa apropriação da vida alheia, de um apego doentio às nossas convicções. E quando duas convicções contraditórias se encontram, não há quem encontre solução, senão admitir que alguém está certo e o outro está errado.

Esta é a premissa errada.


A certa é que não deveríamos nos resignar, tampouco nos digladiar. Não estou falando de ceder ao medo ou amedrontar com o autoritarismo. Também não é encontrar o caminho do meio, pois este tem sido o meio hábil dos pacificadores que adotam uma atitude tanto de resignação quanto a de controle. Não estão errados, mas incompletos.

Nunca deveríamos reagir ao que nos acontece como se fossem obstáculos. Alguns são creditados ás provas e expiações promovidas por Deus para o nosso aprimoramento. Alguns como se fossem verdadeiras barreiras de sofrimento, castigos divinos a nos cercear.
A verdade é que os obstáculos não existem, nunca existiram. O que fazem eles existirem é a nossa incapacidade de aceitar que atraímos aquilo que desejamos.

Desejamos ser subjugados por palavras que nos denigram. Com qual objetivo gostaríamos de ser magoados? Para que possamos nos justificar – digo, reconhecer as nossas capacidades, o nosso potencial – perante uma atitude de pessimismo e derrotismo. O mesmo acontece com as doenças que nos provocam atitudes que poderíamos imaginar impossíveis antes.


Então como interromper este ciclo de sofrimento? Não compactuando com o medo que o conflito gera, não supor e nem julgar possuir razão. Agradecer esta oportunidade de crescimento, agradecer a sua atitude de não-subjugação ao conflito. Agradecer porque o conflito, que só existe em sua experiência interior será redefinido a partir de um percepção amorosa. Já experimentou fazer o oposto? Sentir amor por aquele que poderíamos odiar, sem que sejamos compassivos ou falsos? Você é daqueles que só faz o bem a quem faz por merecer? Espera por congratulações, age por aplausos?

Por que não podemos simplesmente amar? Fazendo pequenas coisas como dirigir um “bom dia” sincero sem esperar que o outro nos responda, sem que criemos suposições e nos aprisionemos em nossas próprias ideias inexatas. Por isso atraímos o que desejamos.

Comece pequeno, o agradecimento é a mais poderosa oração.