sexta-feira, 29 de abril de 2016

AS 5 'LUAS' DOS DOENTES



Considerando que, ainda, não consegui usar a ‘fé louca’ como se deve, vou tentar descrever alguns caminhos – bem tortuosos, aliás. Quando eu percebi que o ‘modo de pensar’ seria o primeiro passo da transformação é porque eu já estava sendo bombardeado por muitos exemplos do quanto estava sendo ‘idiota’ em permanecer agarrado às minhas ideias.

Evidentemente eu tive a ajuda de uma ‘ferramenta’ eficaz que me classificaria como ‘surdo como uma porta’ e, nestes casos, a transformação deve[ria] ser quase ‘máxima’.

Penso que somos classificados, conforme nossa [in]capacidade de mudar: ‘autocrata’, ‘surdo como uma porta’ ou hipócrita, ‘sectário’, aquele que, voluntariamente ou não, se mantém distanciado das realidades que o cercam ou ‘alienado’ e o ‘submisso’.



A ECLIPSE

‘AUTOCRATA’


Até me disseram que eu era como um ‘autocrata’ – quem exerce seu poder sem partilhá-lo com outros, impondo-o de forma arbitrária e tiranicamente –, mas acho que era para ser um ‘gatilho’ que fizesse perceber o quanto estava sendo ‘hipócrita’ em meus ideais imutáveis.



MINGUANTE

‘SURDO COMO UMA PORTA’ OU HIPÓCRITA.


O fato era que eu percebi que estava sendo ‘surdo como uma porta’ por causa de alguns – na verdade um – obstáculos. Para quem chega ao grau máximo de apatia ou de soberba, a única solução costuma ser as circunstâncias extremas como experiências quase-morte ou falência ou acidentes graves que nos levam à ‘transformação instantânea’ de nossos pensamentos mais basilares, isso quando não morremos.

Porém, no meu caso, era só uma negação diante de mudanças necessárias determinadas por mim [?]. O que aconteceu é que, neste grau de cegueira mental e espiritual, costumam acontecer as doenças graves e incuráveis, vinganças, sequestro, etc – conforme as transformações necessárias determinadas por mim [?]. No meu caso foi uma doença incurável, portanto eu tentei entrar em uma fase de ‘resignação’ indigesta. De todos os estágios do Modelo de Kübler-Ross, o que mais me irritava era a resignação ou aceitação diante do impossível.

Os estágios são: Negação: "Isto não pode estar a acontecer.", Raiva: "Porquê eu? Não é justo.", Negociação: "Deixe-me viver apenas até ver os meus filhos crescerem.", Depressão: "Estou tão triste. Porquê me preocupar com qualquer coisa?", Aceitação: "Vai tudo ficar bem.", "Eu não consigo lutar contra isto, é melhor preparar-me."


NOVA

‘SECTÁRIO’

Então acabei me tornando um ‘sectário’ e nem percebi, mas isso tem suas vantagens, desde que as novas convicções não se tornem ‘leis’ ou ‘regras’ ou ‘verdades únicas’.

O que aconteceu antes é que, para me livrar de uma certeza concreta e irremovível foi preciso reconstruir-me. Se eu tivesse optado por ser como um ‘autocrata’ possivelmente seria obrigado a rever minhas certezas – não tão verdadeiras – após uma catástrofe que me causaria uma catarse – ou seja, purificação do espírito através da purgação de suas paixões, especialmente dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico.

Ser ‘sectário’ foi uma construção baseada em uma obrigação diante do fato de não querer me resignar.

Deixe-me explicar porque não é uma negação. Porque eu sabia que o obstáculo intransponível já não era mais impossível. O fator hipocrisia não se sustentava mais. Aqui eu preciso acrescentar que surgiram alguns fatores incomuns de serem observados, mas que devem acontecer com todos aqueles que se propõem mudar ‘voluntariamente’. Pois se não fosse voluntário possivelmente continuaria sendo hipócrita.

Tudo que aprendi sobre, por exemplo, a cura do incurável me fez abraçar todas as ‘tábuas da salvação’ ao meu alcance – sobretudo financeiro. E tais deslumbramentos me fizeram aceitar muitas ‘verdades’ rejeitáveis porque as regras ditam no o quê deveríamos acreditar. Aqui nasce a autoestima que havia sido aplacada. Ao mesmo tempo acabamos repetindo certos hábitos que deviam ter sidos esquecidos ou reavaliados. Nós acabamos trocando de religião, assumindo que a ciência é falha ou as religiões duvidosas. Escolhemos um lado, só que desta vez escolhemos aquilo que supomos ‘melhor’.

Então tudo recomeça a dar ‘errado’ e questionamos as nossas mudanças. Por um tempo este embate entre as raízes e as novas ‘certezas’ perdura até que admitamos que o fato de usar uma ‘autoestima nascente’ pode estar nos ancorando às novas ‘verdades’ parciais.



CRESCENTE

‘ALIENADO’

Esta imprecisão nos transforma em ‘alienados’, ou seja, jogamos em todos os times, mas pensamos que estamos criando um novo, quando na verdade só tentamos reunir ‘informações’ que sejam relevantes.
Por exemplo, uma doença incurável oferece poucas – nenhuma – opções senão paliativas para alguns sintomas. Então começamos a procurar outras opções, sejam elas religiosas, alternativas, complementares, etc. Selecionamos algumas e agimos por decisão ‘ilógica’ –damos lógica – porque admitimos que não temos ‘experiência’. E quando o raciocínio particular demonstra a impossibilidade de gerir tais ‘determinismos’, passamos a acolher todas as opções.

Deixamos de fincar nossos pés em ‘decisões partidárias’ e aceitamos o que negávamos. Que o acaso vai nos proteger. É quando aqueles fatores incomuns começam a gritar em nossos ouvidos. O ‘alienado’ combate esta ‘verdade’ por parecer inacreditável. Por parecer descontrolável ao ego.



CHEIA

‘SUBMISSO’


Assusta-me tremendamente, não por soar como um contrassenso onde, hipoteticamente, a autoestima parece ser extinta. Assusta-me porque ao me submeter ao acaso ou destino, estaria ‘determinando’ que alguém tem o poder de me ‘controlar’, independentemente de como eu desenharia o futuro. É o começo da loucura ou ‘fé louca’.

Quero dizer, se eu quero ‘estar’ curado, devo abrir mão das minhas ‘certezas’ e submeter-me a quem me conhece melhor do que eu mesmo. Se você acha que eu estou falando de Deus, não está errado. Mas como Ele nos ‘controla’ é que é o incrivelmente fantástico, Ele só espera que a nossa arrogância se desfaça para que sua ‘sabedoria’ – que sempre foi nossa – se torne tão evidentemente óbvia que só nos resta sentirmos vergonha. No fundo só teremos aquilo que precisamos, e se dói é porque teimamos em seguir tais conselhos.

Não estamos sendo obrigados a ser submissos, mas sermos coerentes com nossos sonhos, mesmo que implique em fazermos tudo do nosso modo. Aqui somos submetidos às nossas decisões porque ‘exigimos’ passar por algumas experiências. Ele não nos nega a ‘oportunidade’ de aprendermos com os erros, porque decidimos assim.

Eu tive ajuda...



As engrenagens fazem parte de um relógio. Por não vermos o alcance das outras amarrações, entre as demais peças dentadas, eixos, molas, etc., nós queremos dar opiniões presunçosas sobre como determinado atrelamento deveria se comportar. — adorava o Tiago. — Forçamos a barra ao impedir que elas exerçam as suas ações originais criando desajustes e desarmonias que comumente chamamos de sofrimento ou infelicidade, oras.

Aaaah! Teremos um relógio infeliz.

Não, o relógio tende a corrigir a anomalia forçando todo o mecanismo a obedecer as suas leis mecânicas. Procura reajustar o erro. Estas obrigações são coagidas pela força das demais conexões que tendem a ampliar e estender a coesão, a harmonia. A peça desajustada sofre ao brigar com esta força. O mesmo acontece com nós, que obrigados a regressar à harmonia, encontramos caminhos indigestos.

Algo não parecia certo, e se o relógio quebrasse? — Então o destino existe.

Não, porque existem muitos caminhos para se alcançar a felicidade. Eu disse que era um exemplo, não tome para si a simplicidade de um relógio que é sujeito a quebras. O nosso relógio é Deus e a sua força coesiva, que é o nosso espírito, supera a desarmonia de todo um Universo. O destino não passa de um meio para se criar as condições necessárias ao nosso aprimoramento, ao que nós consideramos aprimorar. Como vimos, às vezes, não sabemos que peça nós somos e erramos o alvo. — eu me rendo. — As tentativas de erro e acerto servem para nos dizer quem nós somos. Portanto errar não é pecado. William Shakespeare disse que em certos momentos, os homens são donos do próprio destino. Eu diria que em todos os momentos, porém não percebemos que somos donos...
Cinco Sombras, Mateus Göettees. 134.


E Ele sabe que criamos esta ‘experiência’ e demos o nome de carma porque somos a sua imagem e semelhança. Portanto, quando nos cansamos de criar e falhamos, passamos a observar os ‘acertos’. E eles nos dizem que detrás dos nossos desejos de ‘controlar’ existe a submissão à Verdade.

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