sexta-feira, 29 de março de 2013

aonde quero chegar?



Somos instruídos a perpetuar os modelos vigentes, somos felizes? Romper com os modelos ainda não é a solução. Entretanto e se for possível rever certos conceitos! Não acredito que em somente uma vida o espírito alcance todo o seu potencial, mesmo porque Deus seria injusto com aqueles que nasceram em desvantagens. E se Deus simplesmente nos cria com o intuito de testar a nossa fé, como eu poderia crer nEle se, para alguns a vida fosse fácil e para outros um caminho cheio de espinhos?! Onde está a justiça, um dos nomes de Deus? Não tenho outra opção senão acreditar na reencarnação, quanto ao que acontece após a morte, existem controvérsias.


O processo reencarnatório existe somente porque acumulamos dívidas que os orientais chamam de carma. E o carma existe só por causa da reencarnação. Este é um método justo que explica o porquê de haver tantas diferenças. Compensações, que no fim, equiparão todos os seres vivos, aqui eu ressalto que há a interferência do tempo, ou melhor, a não-interferência do tempo. Não queiram compreender.


O que justifica o carma é a ilusão. Neste ciclo de nascimento, velhice, morte e renascimento, o carma é reflexo das nossas ilusões, de acreditar que a evolução espiritual depende dos obstáculos. Portanto, desfeito o apego – a ilusão de querer ou não querer, que gera o sofrimento – é desfeito o carma e a reencarnação finda. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade, volto a frisar...


“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.



Talvez fique mais claro se lermos esta parábola.


Parábola da cidade fantasma.
Suponhamos que existe um troço de estrada mau com quinhentas yoganas de extensão, íngreme e difícil, selvagem e deserto, desabitado, verdadeiramente temível. E suponhamos que existe um certo número de pessoas que quer passar por essa estrada para alcançar um lugar onde existem tesouros raros. Eles têm um líder, de grande sabedoria e entendimento apurado, que está perfeitamente familiarizado com esta estrada íngreme, conhece a disposição das suas passagens e obstáculos, e que está preparado para guiar este grupo de pessoas acompanhando-as neste terreno difícil. “O grupo liderado por ele, após ter percorrido parte do caminho, fica desencorajado e diz ao líder, “Estamos completamente exaustos e assustados. Não podemos ir mais longe. Uma vez que ainda existe uma distância tão longa por percorrer, gostaríamos de voltar agora para trás.

O líder, um homem de muitos expedientes, pensa para si, “Que pena eles abandonarem os muitos tesouros raros que procuravam e quererem regressar!” Tendo tido este pensamento, ele recorre ao poder dos meios expeditos e, tendo eles percorrido trezentas yoganas ao longo da estrada íngreme, conjura uma cidade. Ele diz ao grupo, “Não tenham medo! Não devem voltar atrás, porque existe agora uma grande cidade onde podem parar, descansar e fazer o que vos apetecer. Se entrarem nesta cidade estarão completamente à vontade e tranquilos. Então depois, se sentirem que conseguem ir até ao local onde está o tesouro, podem deixar a cidade.” “Nessa altura os membros do grupo, completamente exaustos, rejubilaram, exclamando perante evento tão inesperado, “Agora podemos escapar desta estrada medonha e encontrar sossego e tranquilidade!” As pessoas do grupo apressaram-se a entrar na cidade onde, sentindo-se salvos das suas dificuldades, tiveram uma sensação de completo sossego e tranquilidade.

Nessa altura o líder, sabendo que as pessoas estavam já descansadas e já não tinham temor ou preocupação, desvanece a cidade fantasma e diz para o grupo, “Agora devem continuar. O lugar onde se encontra o tesouro fica perto. Essa grande cidade de há pouco era um mero fantasma que eu conjurei para que pudessem descansar.”

[...]

Ele sabe que a estrada do nascimento, da morte e dos desejos mundanos é íngreme, difícil e extensa, mas tem que ser percorrida, tem de ser ultrapassada. Se os seres viventes ouvirem falar apenas do veículo Búddhico, eles não quererão ver o Buddha, não quererão chegar perto dele, mas pensarão de imediato, “O caminho do Buddhado é longo e é necessário trabalhar diligentemente e suportar dificuldades durante um longo período antes de poder alguma vez ser bem sucedido!

O Buddha sabe que as mentes dos seres viventes são tímidas, fracas e pobres, e assim, usando o poder dos meios expeditos, ele prega dois nirvanas [iluminação] por forma a providenciar um lugar de repouso ao longo do caminho. Se os seres viventes escolhem permanecer nestes dois lugares, então o Tathagata diz-lhes: “Vocês ainda não entenderam o que tem de ser feito. Este estado em que vocês escolheram permanecer está próximo da sabedoria Búddhica. Mas deveis observar e ponderar melhor. Este nirvana que alcançásseis não é o verdadeiro nirvana. O que sucedeu foi simplesmente que o Tathagata, usando o poder dos meios expeditos, tomou o único veículo Búddhico e estabelecendo distinções, pregou-o como se fosse triplo.


Eventualmente estamos trilhando a primeira etapa do caminho para a iluminação e que consiste basicamente de romper com as expectativas. De nos desprender do apego que gera todas as facetas do sofrimento humano, que vão desde o temor exagerado até o extremo de euforia. Enfim, encontrar o caminho do meio que tende a ser uma compreensão das virtudes e dos vícios que nos molda e não uma neutralização dos sentimentos. No início realmente parecer ser uma desintegração das emoções, como se fôssemos dominados pelas emoções incontroláveis que, em essência, nós chamamos de ego. Mas, este caminho de aparente controle das emoções não é uma eliminação dos sentimentos e sim uma dominação do ser crístico, do estado búdico, que se sobrepõe ao ego e dirige o nosso espírito. Passamos a controlar a nossas vidas através de Deus que está dentro de nós, enquanto o ego, pelos medos, reage às impressões de um mundo de ilusão...


quinta-feira, 28 de março de 2013

amor, apego e felicidade




Não entendo porque, entre o amor e a felicidade está o apego. Quanto mais coisas adquirimos para nos fazer feliz, mais a felicidade é dependente do apego. Quanto mais pessoas “adquirimos” para sermos amados, mais o amor é dependente do apego. Se há sofrimento quando cessa o que alimenta o amor e a felicidade, então buscamos nos sufocar e nos apegar ao que supomos precisar para sermos completos.


Este estado de medo ou sofrimento que nasce como ansiedade, angústia e apego são o extremo de um estado de amor e felicidade que nasce como euforia, egoísmo e apego. Este amor, que não passa de apego, pois depende de condições e barganhas que não se sintonizam com as qualidades do verdadeiro amor – que são respeito, compreensão, apoio, discernimento, aceitação, independência, e mais algumas -, não possui bases sólidas e se esfacela na primeira contradição. Assim acontece com os medos que, por estarem mais enraizados no inconsciente, são as defesas mais utilizadas pelo ego. Principalmente quando ele transforma o amor em apego e a felicidade em apego. Tudo se transforma em sofrimento, e fazemos de tudo para acabar com o sofrimento. Por isso compramos a felicidade e o amor que tem origem em sentimentos confusos que se disfarçam. A felicidade depende das minhas capacidades de dar conforto – em ter mais que os outros. Orgulho e arrogância disfarçados de altruísmo ou falsas necessidades.


segunda-feira, 25 de março de 2013

amor vs apego



Agradecemos muito pouco. Queremos que tudo seja como desejamos. 

Paz, harmonia, felicidade, provisão infinita. E não admitimos sequer que somos uma das peças do jogo. Se estamos em desarmonia, provavelmente estaremos emanando este sentimento, o que acaba contribuindo para o fortalecimento desta desarmonia. Mas não fui eu quem começou?! E o que te impede de terminar, orgulho? Pois eu não encontro uma razão para extinguir o mal.

Eu olho para o problema e, se estou envolvido – sabemos, pois automaticamente sentimos algo, não ignoramos ser afetado por ele -, deve existir uma razão, um meio hábil. “Shariputra, desde que atingi o Estado Búddhico tenho ensinado várias causas e várias metáforas expondo largamente os meus ensinamentos e utilizei incontáveis meios expeditos para guiar os seres viventes e fazê-los renunciar aos apegos. Porque isto é assim? Porque o Tathagata aperfeiçoou os meios expeditos e o paramita da sabedoria”. Por um momento vamos nos esquecer de como devemos reagir e agir com tolerância. Jesus ensinou o princípio: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (João 15: 12).


Mas somos orgulhosos demais. Se simplesmente não nos respeitamos, quanto ao amor, nada podemos dizer. Amor ou compaixão é sinônimo de apego.

“Ora, quando as pessoas falam de compaixão, creio que costuma haver um perigo de confundir a compaixão com o apego. Por isso, quando estudamos a compaixão, devermos primeiro traçar uma distinção entre dois tipos de amor ou compaixão. Um tipo de compaixão tem um quê de apego— o sentimento de controlar alguém, ou de amar alguém para que essa pessoa retribua nosso amor. Esse tipo comum de amor ou compaixão é totalmente parcial e tendencioso. E um relacionamento que se baseie exclusivamente nisso é instável. Esse tipo de relacionamento parcial, que tem por base a percepção e identificação da pessoa amiga, pode levar a um certo apego emocional e a um sentimento de intimidade. No entanto, se houver uma mudança ínfima na situação, talvez uma desavença,ou se o amigo fizer algo que nos deixe furiosos, de repente nossa projeção mental muda e o conceito de “meu amigo” já não está mais ali. E assim descobrimos que o apego emocional se evapora. Em vez daquele sentimento de amor e interesse pelo outro, podemos ter um sentimento de ódio. Logo, esse tipo de amor, que tem por base o apego, pode estar intimamente associado ao ódio.

Existe, porém, um outro tipo de compaixão que é desprovido desse apego. É a compaixão verdadeira. Esse tipo de compaixão não se baseia tanto no fato de que essa pessoa ou aquela me é cara. Pelo contrário, a verdadeira compaixão tem por base o raciocínio de que todo ser humano tem um desejo inato de ser feliz e de superar o sofrimento, exatamente como eu. E, exatamente como eu, eles têm o direito natural de realizar essa aspiração fundamental. Com base no reconhecimento dessa igualdade e dessa característica comum, a pessoa desenvolve uma noção de afinidade e intimidade com os outros. Com esse tipo de fundamento, pode-se sentir compaixão, independentemente de se encarar a pessoa como amiga ou como inimiga. Ele se apóia nos direitos fundamentais do outro, em vez de na nossa projeção mental. A partir dele, portanto, geramos amor e compaixão. Essa é a verdadeira compaixão”. [A arte da felicidade. S.S. Dalai-Lama]

sexta-feira, 22 de março de 2013

037 - o que é ego

Enfim, o que eu deveria dizer sobre o ego não parece ser mais necessário. 


Mesmo depois de todas as explicações que tanto são conjecturas ou sugestões ou falsas convicções, fico com a sensação de que não adianta me expressar. Decerto não me refiro aos conteúdos expostos pelas religiões ou pela ciência que preenchem exaustivamente os requisitos quanto à pergunta: O que é ego segundo...? Descobri que o ego se amolda – quero dizer, a ideia do que pensamos ser o ego –, às nossas necessidades e não existe um protocolo para o seu uso. Alguns sustentam o fim do ego, enquanto outros, a sustentabilidade do ego nos processos psicológicos para se evitar neuroses ou/e psicoses.

E por que há tanta celeuma numa questão que se torna impassível diante do que expressamos? Se fazemos uso ou não do ego, já que ele nos proporciona meios hábeis de se alcançar metas? Quais metas?! As que buscamos e mais necessitamos sem a intervenção do ego...

Nós temos a característica humana de ver tudo por um único prisma e separar o que nos causaria sofrimento. Mas o que é descartado é parte de quem somos. Se somos felizes é porque reconhecemos a infelicidade, e quanto maior for a percepção – talvez seja melhor dizer, a experiência -  de um, maior será a ideia do oposto. Podemos negar a infelicidade em nossas vidas, mas não o fato de que ela existe em nós. O mal existe tão somente porque reconhecemos o mal. O mesmo se processa quanto ao ego, uma parcela de existência contra a sua negação. Negar o ego é negar a essência do que somos e aceitar o ego é negar a essência do que somos. Como assim?

O real objetivo é controlar o ego ao ponto de ele se tornar aquilo que desejamos. Se os nossos desejos forem pela simplificação do ego, ele parecerá nulo; o ego que conhecemos não passa de máscaras ou personalidades prontas para contra-atacar. Este ego reage conforme as suas crenças. E estas crenças foram criadas e perpetuadas sem que fossem raciocinadas, como o medo, que é uma reação aos imprevisível. Pois passamos a acreditar que o imprevisível é um dos alicerces do conceito que dirige o ego. Mas, e se a imprevisibilidade não passasse de uma ideia errônea? Então não haveria o medo. E sem medo, todas as nossas reações deturpadas não passariam de conjecturas.

E como se sustenta uma mudança no conceito de ego? Busca-se a premissa certa, de que Deus é perfeição. Não pensemos em negar a religião através da ciência e muito menos o contrário. Elas são partes separadas de uma mesma ideia e que se expandiram com tantas conjecturas sobrepostas que perderam a identidade. Existem provas do quanto os dois caminhos estão errados em continuar avançando sem olhar um para o outro. A medicina tenta criar respostas para as lacunas que a religião preencheria e vice-versa.

Individualmente elas podem parecer magnânimas, porém são como ramos. O ego é assim, por um momento ele se apropria de todos os modelos que precisa para promover o bem-estar do homem, ele o protege através da ideia de que precisamos dele para sobreviver. O ego nos comanda porque nos parece lógico que ele seja assim. Então o ego passa a sofrer falhas quando é exposto a situações que fogem aos modelos. Neste momento passamos a questionar a sua liderança. Doenças crônicas, incuráveis, fatais, acidentes, etc., tendem a quebrar as máscaras do ego. Por um tempo ele busca por novos modelos, e se os encontra, encarcera o homem dentro de seus controle quase absoluto. Mas se não consegue manter o status, a couraça do ego começa a se esfacelar. Se o movimento for rápido e o raciocínio suplantar o ego, teremos noção do que significa liberdade e livre-arbítrio realmente.

Começamos a rever os modelos propostos pelo ego, modelos estes baseados no medo, e tentamos reescrever aquilo que desejamos como um novo modelo. Por isso o ego, num primeiro momento, se dilui, mas não se apaga. É um novo ego que parece ser novo, mas não é. Pois os verdadeiros conceitos por trás do ego já existem, o ego não passa de uma imagem deteriorada da realidade, de uma conjectura, de uma ilusão criada através do ego.

E como devemos questionar o ego?

Preste atenção ao seu meio, veja as qualidades e o defeitos que o cercam e se pergunte: Se eu o reconheço, sou portador de tal qualidade ou defeito. Infelizmente, poucas pessoas se interessam em revolver o passado, aceitar as falhas e promover o seu extermínio. É muito fácil acabar com a falha, difícil é aceitar que as tem. Somos reis da justificativa e arremessamos aos outros as nossas culpas e incapacidades. Temos medo de perder aquilo que conhecemos tão bem, mesmo que nos limite, para nos lançarmos ao “imprevisível”. Não existe o imprevisível, assim como o destino que nos governa inexoravelmente. Existem metas do espírito que nos anima a percorrer certas experiências.

Antes de julgar elimine as causas de suas indignações e eliminará o medo que atrai o mal. Somos culpados por aquilo que nos acontece, porque o atraímos. Não confiamos em Deus. Quando me disseram isto fiquei indignado, eu pensava acreditar em Deus de muitas maneiras especiais, não poderia negar, então eu deveria realmente acreditar em Deus. Entretanto eu me confrontei com a raiva de ser questionado. 

Sendo assim, eu não acreditava realmente em Deus?! Deste confronto surgiu uma resposta que talvez jamais viesse à tona se não me dispusesse a aceitar o fato de que não acreditava em Deus. Acreditar em Deus não é só uma certeza ou confiança de que as coisas ficarão bem. É saber categoricamente o que é bem. Não existem meios termos, Deus vai me curar é muito diferente de saber que Deus já nos fez saudáveis. O ego tenta impor as dúvidas de um mundo construído pela observação parcial dos homens para se alcançar a iluminação. É desnecessário trilhar por um caminho que já trilhamos. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade.

“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.

 Mateus Göettees


segunda-feira, 11 de março de 2013

036 - o que é ego segundo a Arte de Viver


Meditação & o Ego

Meditation And The Ego

‘Quando você está em um grupo e existe um desconforto, isso é devido a barreiras, ao ego. Tome uma respiração profunda e observe o desconforto; ele irá desaparecer’. - Sri Sri Ravi Shankar.
O que é o ego?

O ego diz, "Eu sou importante, eu sou alguém, eu sou notável" ou "Eu não sou tão importante, eu não sou tão evoluído, eu sou um tolo" – Isto também é ego! Ego simplesmente significa falta de respeito pelo Ser. O ego, geralmente, deixa você perturbado. O ego é causa de peso e de desconforto. Ele não deixa o amor fluir. Ego é, simplesmente, não ser natural. Ego é quando você se afasta do seu centro. Os programas da Arte de Viver seguem a filosofia de paz de Sri Sri Ravi Shankar, em suas palavras: “A menos que tenhamos uma mente livre de estresse e uma sociedade livre da violência, nós não alcançaremos a paz mundial.” Para ajudar as pessoas a se livrar do estresse e experimentar a paz interior, a Arte de Viver oferece diversos programas para eliminação do estresse, incluindo técnicas de respiração, meditação e yoga. Esses programas já ajudaram milhões de pessoas ao redor do mundo a superar o estresse, depressão e tendências violentas.




Ego e autoestima.

Geralmente as pessoas confundem ego com autoestima. O ego precisa do outro para uma comparação; a autoestima é a confiança em si mesmo. Por exemplo, um senhor afirma que é ótimo em matemática ou em geografia; isto é autoestima. Mas dizer que eu sei mais do que você, isto é Ego. O ego é um obstáculo para um líder, um sábio, um negociante ou um empregado, mas é uma necessidade para um guerreiro, um competidor. Um guerreiro é aquele que assume desafios e compromissos e os honra.

Três tipos de Ego:

    Ego Sátvico – mantém-se expandindo e não prejudica as outras pessoas; torna-se uma fonte de criatividade. Se você não é capaz de se entregar, pelo menos tenha um ego Sátvico, já que um ego Sátvico está sempre disposto a renunciar.

    Ego Rajásico – apenas compele você a se exibir para os outros; concede alegria em curto prazo e infelicidade em longo prazo.

    Ego Tamásico – é destrutivo para si mesmo e para os outros.

Mova-se do Ego Tamásico para o Ego Sátvico, do Ego Rajásico para o Ego Sátvico, e do Ego Sátvico – em meditação profunda – você alcança o Nirvana, o estado sem ego.

O Ego se dissolve na meditação.

Transcenda o ego com a pergunta, 'Quem sou eu?'
Quando examinamos o nosso ego, ele se dissolve. Estar sem o ego é estar livre, é ser natural e sentir-se em casa em qualquer lugar, o tempo todo, com todos os grupos. A meditação traz um descanso profundo e a consciência de quem você é. Neste caso, não há nenhum espaço para o ego. Se você ainda não consegue se livrar do seu ego, então tenha orgulho de possuir o Divino. Isso leva a uma substituição. A carapaça que é o ego está encobrindo a nossa essência, que é o amor, da mesma forma que a semente é revestida por uma casca. Para retirar a cobertura do ego podemos fazer práticas como yoga, meditação, práticas de respiração e Sudarshan Kriya que é uma técnica baseada em ritmos específicos de respiração, ensinada nos programas da Fundação Arte de Viver. É uma poderosa ferramenta para eliminar o estresse e as tensões, melhorar a saúde e proporcionar grande bem-estar físico e mental.

sábado, 9 de março de 2013

035 - o que é ego segundo sai baba

Questionado sobre como consegue fazer os seus milagres, Sai Baba responde que isso é possível porque ele é Deus e a única diferença entre ele e as outras pessoas, é que ele tem consciência desse fato, enquanto o resto da humanidade ainda não compreendeu essa realidade. A sua definição de Deus é: "Deus é igual ao homem menos o ego, sendo o ego a crença ilusória na separação, no medo e no egoísmo" continua afirmando que "é a nossa mente que cria a escravidão e é ela também que cria a libertação".

quinta-feira, 7 de março de 2013

034 - o que é ego segundo brahma kumaris

O ator e o ego

por Brahma Kumaris - sao.paulo@br.bkwsu.org


Um guitarrista de blues descreveu recentemente na rádio como, às vezes, sua performance pode ser tão perfeita que a plateia fica totalmente tocada e os outros músicos em transe. É como se ele se movesse para além do espetáculo, e observasse de algum outro lugar, onde a consciência do ego não está envolvida. Ele pode ser levado às lágrimas por sua própria música como se estivesse na plateia - uma experiência fantástica, quase mística.

Michelangelo, também, disse em suas esculturas: "As figuras já estão lá, eu só retirei o excesso de mármore" Estátuas que, apesar do tempo, continuam a ter um forte impacto na vida das pessoas.

A maioria de nós teve momentos místicos parecidos. A diferença entre alguém bom e alguém grandioso é a grande capacidade de desapegar totalmente de sua criação ou performance. Embora não possamos exatamente ser lembrados na história como grandiosos, sempre que experimentamos esse desapego, nos movemos para a dimensão da grandeza por um certo tempo. Essa sensação de grandeza é muito real e um componente espiritual importante na vida de uma pessoa.

Todos nós somos atores. Se olharmos para dentro, somos levados a descobrir uma multidão de personagens. Em um único dia, atuamos com tal variedade de papéis. Alguns papéis são desempenhados com o mesmo traje, e às vezes o traje pode mudar. A cada mudança de cena, um novo personagem interno é projetado no drama de nossas vidas. Finalmente, chega o momento quando nós perguntamos qual deles sou eu, ou "Será que o meu eu verdadeiro pode se levantar por favor?" Esta é uma das perguntas mais difíceis de responder.

Os seres humanos são criaturas de hábito. Nossos personagens internos têm seus hábitos também. Quando usamos um personagem de forma inadequada, é inevitável que algo vai dar errado. Se o nosso observador permanece adormecido, nossos diferentes personagens, por pura força do hábito, podem continuar a agir de forma inadequada. Mas, se o nosso observador está desperto, ele pergunta: "Ei, o que está acontecendo? Este não é o que você deveria estar fazendo".

O objetivo na meditação é despertar o eu observador. Nossa atenção nos permite enviar o personagem para os bastidores e chamar o próximo ator. Quando o observador é qualificado, competente e confiável, isso funciona bem. O ator e observador são opostos complementares. Um mestre espiritual é hábil ao se mover entre os dois e equilibra ambos rumo a perfeição.

Normalmente, na cultura ocidental, a perfeição é um extremo da escala e tudo o que não é esse extremo não é perfeito. No entanto, a perfeição é o fiel da balança. Ficamos sem equilíbrio quando nos movemos em direção ao sucesso extremo e perpetuamos esta exposição. Isto é chamado um problema de ego. Ego é escorregadio e difícil de se ver em si mesmo, embora seja fácil de ver na outra pessoa. Estudo e prática espiritual nos convidam para trabalhar em níveis muito profundos, mais profundos do que os do ego.

A nossa consciência pode atuar como um barômetro para identificar instantaneamente quando estamos certos ou errados. O trabalho espiritual aumenta a nossa sensibilidade e habilidade em ler o nosso barômetro e ver a nossa atividade de cada dia. Como sabemos quando estamos agindo corretamente? Quando nos sentimos bem.

Em última análise, nós somos os diretores, e é através de nossa maestria e autoestima que podemos assegurar que toda a peça, desempenhada por nós mesmos como os principais atores, se desenrole para nossa satisfação total.


Denise Lawrence é inglesa, bacharel em Filosofia e Línguas Modernas pela Universidade de Kent no Reino Unido e primeira professora ocidental da Brahma Kumaris. Trabalhou para a BBC e a Canadian Broadcasting Corporation em Londres. Coordenou as atividades da Brahma Kumaris em Los Angeles, San Francisco, Texas, Toronto e Frankfurt. Produziu vários programas para a TV e vídeos sobre meditação.


quarta-feira, 6 de março de 2013

033 - o que é ego segundo o cristianismo



Arthur Walkington Pink (1886-1952) nasceu na Grã-Bretanha e imigrou para os Estados Unidos para estudar no Instituto Bíblico Moody. Pastoreou igrejas no Colorado, na Califórnia, no Kentucky, e na Carolina do Sul, antes de se tornar um professor itinerante da Bíblia em 1919. Ele retornou à sua terra natal em 1934, estabelecendo residência na Ilha de Lewis, na Escócia, em 1940, permanecendo lá até sua morte em 1952. Muitos de seus trabalhos originalmente apareceram como artigos em "Estudos nas Escrituras" (Studies in Scriptures), uma revista mensal que lidava estritamente com a exposição bíblica. A revista nunca teve mais que 1.000 assinantes, mas Pink descobriu que a maioria deles eram ministros, com seus próprios rebanhos, e que passavam o que haviam aprendido da exposição de Pink em seu pastorado, dando-lhe um grande efeito de cascata. Ele apreciou este pensamento. Superficialmente o ministério de Pink e seus escritos não pareceram ser de muito efeito, pois, Pink foi virtualmente desconhecido e certamente desconsiderado em seus dias, contudo agora que já faleceu, é muito mais amplamente conhecido e lido que quando estava entre nós. O estudo independente da Bíblia o convenceu que muito do moderno evangelismo era defeituoso e incorreto. Quando os livros puritanos e reformados foram geralmente escarnecidos como um todo pela Igreja, ele desenvolveu a maioria de seus princípios com um zelo incansável. O progressivo declínio espiritual de sua própria nação (a Grã-Bretanha) foi, para ele, uma consequência inevitável do predomínio de um "evangelho" que não podia nem ferir (com a convicção do pecado) nem curar (através da regeneração). Profundo conhecedor de toda a extensão da revelação, o Pr. Pink raramente se desviou dos grandes temas das Escrituras: a graça, a justificação, e a santificação. Nossa geração tem para com ele um grande débito pela duradoura luz que irradiou, pela graça de Deus, sobre a Verdade da Bíblia Sagrada.




A Cruz [que despreza] o Ego 


 “Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-me” — (Mateus 16:24).

Antes de desenvolver o tema deste verso, comentemos os seus termos. “Se alguém”: o dever imposto é para todos os que desejam se unir aos seguidores de Cristo e alistar sob a Sua bandeira. “Se alguém quer”: o grego é muito enfático, significando não somente o consentimento da vontade, mas o pleno propósito de coração, uma resolução determinada. “Vir após mim”: como um servo sujeito ao seu Mestre, um estudante ao seu Professor, um soldado ao seu Capitão. “Negue”: o grego significa “negar totalmente”. Negar a si mesmo: sua natureza pecaminosa e corrompida. “E tome”: não passivamente sofra ou suporte, mas assuma voluntariamente, adote ativamente. “Sua cruz”: que é desprezada pelo mundo, odiada pela carne, mas que é a marca distintiva de um cristão verdadeiro. “E siga-me”: viva como Cristo viveu — para a glória de Deus.

O contexto imediato é mais solene e impressionante. O Senhor Jesus tinha acabado de anunciar aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a aproximação de Sua morte de humilhação (v. 21). Pedro se assustou, e disse, “Tem compaixão de Ti, Senhor” (v. 22). Isto expressou a política da mente carnal. O caminho do mundo é a procura para si mesmo e a defesa de si mesmo. “Tenha compaixão de ti” é a soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo não é “salva a ti mesmo”, mas sacrifica a ti mesmo. Cristo discerniu no conselho de Pedro uma tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente a rejeitou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não somente “deve” o Cristo subir à Jerusalém e morrer, mas todo aquele que desejar ser um seguidor dEle, deve tomar sua cruz (v. 24). O “deve” é tão imperativo num caso como no outro. Mediatoriamente, a cruz de Cristo permanece sozinha; mas experiencialmente, ela é compartilhada por todos que entram na vida.

O que é um “cristão”? Alguém que sustenta membresia em alguma igreja terrena? Não. Alguém que crê num credo ortodoxo? Não. Alguém que adota um certo modo de conduta? Não. O que, então, é um cristão? Ele é alguém que renunciou a si mesmo e recebeu a Cristo Jesus como Senhor (Colossenses 2:6). Ele é alguém que toma o jugo de Cristo sobre si e aprende dEle que é “manso e humilde de coração”. Ele é alguém que foi “chamado à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Coríntios 1:9): comunhão em Sua obediência e sofrimento agora, em Sua recompensa e glória no futuro sem fim. Não há tal coisa como pertencer a Cristo e viver para agradar a si mesmo. Não cometa engano neste ponto, “E qualquer que não tomar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:27), disse Cristo. E novamente Ele declarou, “Mas aquele (ao invés de negar a si mesmo) que me negar diante dos homens (não “para” os homens: é conduta, o caminhar, que está aqui em vista), também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 10:33).

A vida cristã começa com um ato de autorenúncia, e é continuada pela automortificação (Romanos 8:13). A primeira pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o apreendeu, foi, “Senhor, que queres que eu faça?”. A vida cristã é comparada com uma “corrida”, e o corredor é chamado para “deixar todo embaraço e o pecado que tão de perto nos assedia” (Hebreus 12:1), cujo “pecado” é o amor por si mesmo, o desejo e a determinação de ter o nosso “próprio caminho” (Isaías 53:6). O grande alvo, fim e tarefa posta diante do Cristão é seguir a Cristo — seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 Pedro 2:21), e Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15:3). E há dificuldades no caminho, obstáculos na estrada, dos quais o principal é o ego. Portanto, este deve ser “negado”. Este é o primeiro passo para se “seguir” a Cristo.

O que significa para um homem “negar a si mesmo” totalmente? Primeiro, isto significa a completa repudiação de sua própria bondade. Significa cessar de descansar sobre quaisquer obras nossas, para nos recomendar a Deus. Significa uma aceitação sem reservas do veredicto de Deus que “todas as nossas justiças [nossas melhores performances], são como trapo da imundície” (Isaías 64:6). Foi neste ponto que Israel falhou: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10:3). Agora, contraste com a declaração de Paulo: “E seja achado nEle, não tendo justiça própria” (Filipenses 3:9).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria sabedoria. Ninguém pode entrar no reino dos céus, a menos que tenha se tornado “como criança” (Mateus 18:3). “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!” (Isaías 5:21). “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1:22). Quando o Espírito Santo aplica o Evangelho em poder numa alma, é para “destruir os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Um moto sábio para o todo cristão adotar é “não te estribes no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria força. É “não confiar na carne” (Filipenses 3:3). É o coração se curvando à declaração positiva de Cristo: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15:5). Este é o ponto no qual Pedro falhou: (Mateus 26:33). “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16:18). Quão necessário é, então, que prestemos atenção à 1 Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”! O segredo da força espiritual reside em reconhecer nossa fraqueza pessoal: (veja Isaías 40:29; 2 Crônicas 12:9). Então, “fortifiquemo-nos na graça que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria vontade. A linguagem do não-salvo é, “Não queremos que este Homem reine sobre nós” (Lucas 19:14). A atitude do cristão é, “Para mim, o viver é Cristo” (Filipenses 1:21) — honrá-Lo, agradá-Lo, servi-Lo. Renunciar sua própria vontade significa atender à exortação de Filipenses 2:5, “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, o qual é definido nos versos que imediatamente seguem como de abnegação. É o reconhecimento prático de que “não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por bom preço” (1 Coríntios 6:19,20). É dizer com Cristo, “Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14:36).

Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente suas luxúrias ou desejos carnais. “O ego do homem é um feixe de ídolos” (Thomas Manton, Puritano), e estes ídolos devem ser repudiados. Os não-cristãos são “amantes de si mesmos” (2 Timóteo 3:1); mas aquele que foi regenerado pelo Espírito diz com Jó, “Eis que sou vil” (40:4), “Eu me abomino” (42:6). Dos não-cristãos está escrito, “todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:21); mas dos santos de Deus está registrado, “eles não amaram a sua vida até à morte” (Apocalipse 12:11). A graça de Deus está “ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tito 2:12).

Esta negação do ego que Cristo requer de todos os Seus seguidores deve ser universal. Não há nenhuma reserva, nenhuma exceção feita: “Nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Romanos 13:14). Deve ser constante, não ocasional: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Deve ser espontânea, não forçada, realizada com satisfação, não relutantemente: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3:23). Ó, quão impiamente o padrão que Deus colocou diante de nós tem sido rebaixado! Como isso condena a vida acomodada, agradável à carne e mundana de tantos que professam (mas, de maneira vã) que eles são “cristãos”!

“E tome a sua cruz”. Isto se refere não à cruz como um objeto de fé, mas como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são recebidos através do crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas as virtudes experimentais da Cruz de Cristo são somente desfrutadas à medida que somos, de um modo prático, “conformados com a Sua morte” (Filipenses 3:10). É somente à medida que realmente aplicamos a cruz às nossas vidas diárias, regulamos nossa conduta pelos seus princípios, que ela se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte, e não pode haver andar prático “em novidade de vida” até que “carreguemos no corpo o morrer do Senhor Jesus” (2 Coríntios 4:10). A “cruz” é o sinal, a evidência, do discipulado cristão. É sua “cruz”, e não o seu credo, que distingue um verdadeiro seguidor de Cristo do mundano religioso.

Agora, no Novo Testamento a “cruz” tem o significado de realidades definidas. Primeiro, ela expressa o ódio do mundo. O Filho de Deus veio aqui não para julgar, mas par salvar; não para punir, mas para redimir. Ele veio aqui “cheio de graça e verdade”. Ele sempre esteve à disposição dos outros: ministrando aos necessitados, alimentando os famintos, curando os enfermos, libertando os possessos pelo demônio, ressuscitando os mortos. Ele era cheio de compaixão: gentil como um cordeiro; inteiramente sem pecado. Ele trouxe com Ele felizes notícias de grande alegria. Ele procurou os perdidos, pregou aos pobres, todavia, não desdenhou dos ricos; Ele perdoou pecadores. E, como Ele foi recebido? Que tipo de recepção os homens Lhe deram? Eles O “desprezaram e rejeitaram” (Isaías 53:3). Ele declarou, “Eles Me odeiam sem uma causa” (João 15:25). Eles tiveram sede de Seu sangue. Nenhuma morte ordinária os apaziguaria. Eles demandaram que Ele deveria ser crucificado. A Cruz, então, foi a manifestação do ódio inveterado do mundo pelo Cristo de Deus.

O mundo não mudou, não mais do que o etíope pode mudar sua pele ou o leopardo suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em aberto antagonismo. Por conseguinte, está escrito: “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). É impossível andar com Cristo e comungar com Ele, até que tenhamos nos separado do mundo. Andar com Cristo necessariamente envolve compartilhar Sua humilhação: “Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hebreus 13:13). Isto foi o que Moisés fez (veja Hebreus 11:24-26). Quanto mais próximo eu andar de Cristo, mais eu serei mal-entendido (1 João 3:2), ridicularizado (Jó 12:4) e detestado pelo mundo (João 15:19). Não cometa engano aqui: é extremamente impossível continuar com o mundo e ter comunhão com o Santo Cristo. Portanto, “tomar” minha “cruz” significa, que eu deliberadamente convido a inimizade do mundo através da minha recusa em ser “conformado” a ele (Romanos 12:2). Mas, o que importa o olhar carrancudo do mundo, se estou desfrutando os sorrisos do Salvador?

Tomar minha “cruz” significa uma vida voluntariamente rendida a Deus. Como o ato dos homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato; mas como o ato do próprio Cristo, foi um sacrifício voluntário, oferecendo a Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus. Em João 10:18 Ele disse, “Ninguém a [Sua vida] tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou”. E por que Ele o fez? Suas próximas palavras nos dizem: “Este mandato recebi de meu Pai”. A cruz foi a suprema demonstração da obediência de Cristo. Nesta Ele foi o nosso Exemplo. Uma vez mais citamos Filipenses 2:5: “Que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. E nos versos seguintes nós vemos o Amado do Pai tomando a forma de um Servo, e tornando-Se “obediente até a morte, e morte de cruz”. Agora, a obediência de Cristo deve ser a obediência do cristão — voluntária, alegre, sem reservas, contínua. Se esta obediência envolve vergonha e sofrimento, acusação e perda, não devemos nos acovardar, mas por o nosso rosto “como um seixo” (Isaías 50:7). A cruz é mais do que o objeto da fé do cristão, ela é o sinal de discipulado, o princípio pelo qual sua vida deve ser regulada. A “cruz” significa rendição e dedicação a Deus: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1).

A “cruz” significa serviço vicário e sofrimento. Cristo deu a Sua vida pelos outros, e Seus seguidores são chamados a estarem dispostos para fazerem o mesmo: “Devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 João 3:16). Esta é a lógica inevitável do Calvário. Somos chamados para seguir o exemplo de Cristo, para a companhia de Seus sofrimentos, e para ser participantes em Seu serviço. Assim como Cristo “a si mesmo se esvaziou” (Filipenses 2:7), assim devemos fazer. Assim como Ele “veio para servir, e não para ser servido” (Mateus 20:28), assim devemos ser. Assim como Ele “não agradou a si mesmo” (Romanos 15:3), assim devemos fazer. Assim como Ele lembrou dos outros, assim devemos lembrar: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados” (Hebreus 13:3).

“Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 16:25). Palavras quase idênticas a estas são encontradas novamente em Mateus 10:39. Marcos 8:35, Lucas 9:24; 17:33, João 12:25. Certamente, tal repetição mostra a profunda importância de notar e prestar atenção a este dito de Cristo. Ele morreu para que nós pudéssemos viver (João 12:24), e assim devemos fazer (João 12:25). Como Paulo, devemos ser capazes de dizer “Em nada tenho a minha vida por preciosa” (Atos 20:24). A “vida” que é vivida para a gratificação do ego neste mundo, está “perdida” para eternidade; a vida que é sacrificada para os interesses próprios e rendida a Cristo, será “achada” novamente, e preservada durante toda a eternidade.

Um jovem universitário graduado, com prospectos brilhantes, respondeu ao chamado de Cristo para uma vida de serviço a Ele na Índia, entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos exclamaram: “Que tragédia! Uma vida lançada fora!” Sim, “perdida”, até onde diz respeito a este mundo, mas “achada” novamente no mundo porvir!