sexta-feira, 16 de agosto de 2013

065 - biologia como um sistema vivo e integrado

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Quase toda a minha formação científica havia sido dentro de salas de aula, auditórios e laboratórios frios e estéreis. Meu contato com aquele ecossistema tão rico me fez ver a biologia como um sistema vivo e integrado, e não mais como um conjunto de espécimes dividindo espaço em um planeta. Passeando pelas florestas e mergulhando entre os recifes de coral, pude observar de perto plantas e animais em seu habitat e perceber melhor sua interação. Existe um equilíbrio delicado e dinâmico entre todas as formas de vida e o ambiente. O que descobri nos Jardins do Éden do Caribe foi harmonia e não uma luta desesperada pela sobrevivência. Percebi que a biologia tradicional dá pouca ou nenhuma importância à questão da cooperação, pois a teoria de Darwin enfatiza apenas a natureza competitiva dos seres vivos.
Mas a fase final de minha vida acadêmica foi na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, agora defendendo e propagando abertamente a "nova" biologia. Questionava não apenas Darwin e sua versão canibal da evolução, mas também o dogma central da biologia, segundo o qual os genes controlam a vida. Este dogma tem uma séria falha: os genes não ligam-desligam sozinhos. Ou, em termos mais técnicos, não são aquilo que chamamos de "autoemergentes".


Duas informações relevantes neste texto introdutório se devem: primeiro, existe uma divergência entre as teorias de Darwin e as novas pesquisas realizadas nas últimas décadas. Os cientistas começaram a rever tais conceitos quando a pesquisa do Genoma Humano apresentou questões anômalas para os atuais modelos de estudo da biologia [ver adiante em Genoma]. Segundo, que Lipton foi forçado a admitir que as suas desconfianças sobre o modelo darwiniano só puderam florescer graças ás condições extraordinárias que aconteceram em sua vida. Este comportamento de ruptura parece acontecer bruscamente, mas na verdade são elementos de transformação que acontecem com aqueles que parecem aptos a desenvolver novos modelos.

O que eu quero dizer é que, as desconfianças não nasceram inesperadamente de uma experiência reveladora. Este comportamento, que ele chama de interconectividade, eu chamo de conexões amplas. Tais conexões acontecem initerruptamente e acessam o nosso subconsciente, trazendo informações que acabam sendo incorporadas, mesmo que não a compreendamos. Costumamos chama-las de inspirações e/ou intuições, mas são muito mais. Adiante ele nos explica melhor estas conexões quando exemplifica as reais interações das células, que já não podem ser vistas de um ponto de vista newtoniano, ou seja, linear. Os biólogos já conheciam estas informações através da observação das células desde que o microscópio foi inventado.

É preciso que fatores externos do ambiente os influenciem para que entrem em atividade. Os biólogos já sabiam disto havia muito tempo, mas o fato de seguirem cegamente os dogmas da ciência os fazia ignorar esse conhecimento. Por isso, cada vez que eu me manifestava era duramente criticado por todos.

Novas pesquisas confirmam a todo instante meu ceticismo em relação ao dogma central e ao princípio de que o DNA é que controla a vida. Na verdade, a epigenética, que é o estudo dos mecanismos moleculares por meio dos quais o meio ambiente controla a atividade genética, é hoje uma das áreas mais atuantes da pesquisa científica em geral. O papel do meio ambiente no controle das atividades dos genes já era o foco de minhas pesquisas 20 anos atrás, antes mesmo de a ciência se interessar pelo assunto. É gratificante saber que hoje mais pesquisadores se interessam por esta área. Nestes últimos dez anos eu me tornei ainda mais radical em relação aos padrões académicos e minha preocupação com a nova biologia hoje é muito mais que mero exercício intelectual. Acredito que as células podem nos ensinar muito, não apenas sobre os mecanismos da vida, mas também como viver de maneira mais rica e completa.

Acrescento estas explicações, contidas no post de 21 de janeiro de 2013, como uma preparação para os textos seguintes de como a célula rege suas interações e de como o cérebro se comporta. Este diálogo é parte do meu processo de interconectividade com Tiago.



“O mundo causa o caos a fim de destruir as nossas ilusões. E nos obriga a assumir novas ações. — esperei o seu consentimento. — A dor e o sofrimento só existem porque não me conscientizo das transformações decretadas pelo espírito. Medo de romper com as regras.

Tiago parecia convicto disto. — O caos provoca esta atitude quando somos obrigados a criar novas regras, mais flexíveis, que nos levam a concluir as nossas aspirações. Quantas vezes não escutamos pessoas dizerem que foi preciso perder a segurança ou passar por situações de choque para reerguer um admirável mundo novo?! O caminho para a saída nem sempre passa pelos atalhos que acreditamos estar sob o nosso comando.

Uma brisa rodopiou levantando as folhas, fazendo com que eu me desconcentrasse por um instante. Acabei repreendido por mim mesmo. — Portanto, a chave para o sucesso se encontra em dois conceitos bastante difíceis: Plena confiança em Deus e plena confiança em mim, que no fim é a mesma coisa. Como se Deus fosse nos impedir de fazer. Ou que os desígnios fossem destinos já traçados.

[...] O seu conflito está no fato de que, ao se propor ser levado por estas situações que parecem o caos, assim como estas folhas, você é levado por um caminho obscuro à sua consciência. Teme ser manipulado. No entanto é exatamente o oposto, nos embrenhamos somente confiando em nossos instintos, sentimentos e pensamentos. Assim como um cego por uma floresta. Fomos criados para ignorar sensações que não podem ser medidas, pesadas, diagnosticadas, estipuladas pela ciência. E deste modo suplantamo-las pelos sentidos humanos que veem, escutam, cheiram, saboreiam e tateiam. Ignorando tudo que passa à margem destas experiências, tentando classificá-las de modo parcial e errôneo.

Aaaah! Para ser mais claro! Quer dizer que não usamos todas as nossas capacidades porque fomos obstruídos de aprimorar sentidos que poderiam...

Por isso que existem pessoas que conseguem se superar, pois usam estas capacidades ditas subjetivas ou cognitivas ou espirituais ou sentimentais ou imprescindíveis [sincronicidade]. E quanto mais nós as usarmos, maiores serão os inter-relacionamentos que gerarão respostas. Quero dizer, estas pessoas não têm a mínima ideia do que estão fazendo, mas mesmo assim percebem estas ações. — Ele parecia saber do que estava falando. Quando eu me tornarei assim?

Ficamos sem fôlego. — Por que isto me lembra os links da internet?!

[...] Exatamente. E digo mais, esses links podem estar presentes, porém inativos. Em nossas mentes estas ligações estão sempre ativas esperando por elementos de aglutinação usando os sentidos ditos tênues ou imateriais. Estas conexões acontecem, em mentes forjadas pelos cinco sentidos, ao gerar soluções previsíveis pela soma de experiências reprimidas pelo senso. Em mentes livres, mesmo que o cérebro físico influa, estas conexões amplas são imprevisíveis e surpreendentes. É este elo imponderável que permite uma ampla atuação destes campos sensoriais que moldam a criatividade”.

Extraído do Livro das Cinco Sombras, Mateus Göettees.

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