O amor à liberdade é o amor aos
outros; o amor ao poder é o amor a nós mesmos.- William Hazlitt (1778 – 1830)
A única coisa que o Criador criou foi nosso
desejo de receber, nosso
egoísmo. Esta é nossa essência. Se aprendermos a “desativar” nosso egoísmo,
restauraremos nossa conexão com o Criador, porque sem o nosso egoísmo,
obteremos a equivalência de forma com Ele, assim como ela existe nos mundos
espirituais. A desativação de nosso egoísmo é o começo de nossa ascensão pela
escada espiritual, o começo do processo de correção.
É como que por humor irônico da
Natureza, que as pessoas que se deleitam em prazeres egoístas não podem ser
felizes. Há duas razões para isso: 1) O egoísmo é um beco sem saída: se você
obtém aquilo que você quer, você já não o quer mais. e, 2) Um desejo egoísta
tem prazer não apenas na satisfação de seus próprios caprichos, mas também na
infelicidade dos outros.
Para entendermos melhor a segunda
razão, precisamos lembrar os fundamentos. A Fase Um nas Quatro Fases Básicas
deseja apenas receber prazer. A Fase Dois já é mais sofisticada, e quer receber
prazer de doar porque o doar é o estado de existência do Criador. Se nosso
desenvolvimento tivesse parado na Fase Um, nós seríamos satisfeitos no momento
em que nossos desejos fossem preenchidos e não iríamos nos importar com que os
outros têm.
No entanto, a Fase Dois – o
desejo de doar – nos compele a notarmos os outros para que possamos doar a
eles. Mas porque nosso desejo fundamental é por receber, tudo que vemos quando
olhamos para as outras pessoas é “que elas têm diversas coisas que eu não
tenho.” Graças à Fase Dois, iremos sempre nos comparar aos outros, e graças ao
desejo de receber da Fase Um, nós sempre queremos estar acima delas. É por isso
que obtemos prazer em suas carências. A propósito, é também por isso que a
linha de pobreza muda de país para país. De acordo com o Dicionário Webster, a
linha de pobreza é “um nível de renda pessoal ou familiar abaixo do qual alguém
é classificado como pobre de acordo com padrões governamentais.”
Se todos a minha volta fossem tão
pobres como eu sou, eu não me sentiria pobre. Mas se todos a minha volta são
ricos, e eu apenas tenho uma renda mediana, eu me sinto como a pessoa mais
pobre sobre a Terra. Em outras palavras, nossas normas são ditadas pela
combinação da Fase Um (o que desejamos ter) com a Fase Dois (que é determinada
pelo que os outros têm).
De fato, nosso desejo de doar,
que deveria ter sido a garantia de que nosso mundo seria um bom lugar para se
viver, é na realidade o motivo de todo mal neste mundo. Esta é a essência de
nossa corrupção, e por esta razão, a substituição da intenção de receber por
uma intenção de doar é tudo que precisamos corrigir.
A CURA
Nenhum desejo ou qualidade é
naturalmente mau; é a maneira como os usamos que os fazem ficarem assim. Os
antigos Cabalistas já diziam: “A inveja, a cobiça, e a (busca pela) honra tiram
o homem deste mundo,” ou seja, deste mundo para o mundo espiritual. Como assim? Nós já vimos que a inveja leva a
competitividade, e a competitividade gera progresso. Mas a inveja nos leva a
obter resultados bem maiores do que os benefícios tecnológicos ou os outros
benefícios deste mundo. Na Introdução ao Livro do Zohar, Ashlag escreve que os
humanos podem sentir os outros, e portanto podem carecer do que os outros têm.
Como resultado, eles são preenchidos de inveja e querem tudo que os outros têm,
e quanto mais eles têm, mais vazios eles se sentem. No final, eles querem
devorar o mundo inteiro.
Finalmente, a inveja nos leva a
buscarmos nada menos que o Próprio Criador. Mas é aqui que o senso de humor da
Natureza nos prega uma peça novamente: O Criador é um desejo de doar,
altruísmo. Por mais que inicialmente não estejamos cientes disso, ao querermos
sentar no banco do motorista e sermos Criadores, nós estamos na verdade
almejando por sermos altruístas. Assim,
através da inveja – o traço mais nocivo e traiçoeiro do ego – nosso egoísmo se
conduz à morte, assim como o câncer destrói seu organismo hospedeiro até que
ele, também, morra com o corpo que ele arruinou. Novamente podemos ver a
importância de formarmos o ambiente social adequado, porque se somos obrigados
a sermos invejosos, devemos no mínimo ser construtivamente invejosos, ou seja,
invejosos de algo que nos conduzirá à correção.
Os Cabalistas descrevem o egoísmo
desse jeito: O egoísmo é como um homem com uma espada que tem uma dose de
doçura sedutora, mas uma poção letal em sua ponta. O homem sabe que a poção é um
veneno maligno, mas não pode se ajudar. Ele abre a sua boca, leva a ponta da
espada à sua língua, e engole.
Uma sociedade justa e feliz não
pode se apoiar no egoísmo monitorado ou “canalizado”. Nós podemos tentar
restringir o egoísmo através do domínio da lei, mas isto funcionará somente até
as circunstâncias se agravarem, assim como vimos na Alemanha – que foi uma
democracia até eleger Adolf Hitler democraticamente. Nós também podemos tentar
canalizar o egoísmo para beneficiar a sociedade, mas isto já foi experimentado
no comunismo da Rússia, e falhou miseravelmente. Até a América, a terra da liberdade, da
oportunidade e do capitalismo, está falhando em fazer seus cidadãos felizes. De
acordo com o New England Journal of Medicine.
“Anualmente, mais de 46 milhões
de americanos, com idades entre 15 e 54 anos, sofrem de episódios depressivos.”
E o Archives of General Psichiatry anunciou: “O uso de drogas antipsicóticas
para tratar crianças e adolescentes... aumentou mais do que o quíntuplo entre
1993 e 2002,” como publicado na edição de 6 de Junho de 2006 do The New York
Times.
Concluindo, enquanto o egoísmo
tiver a supremacia, a sociedade será sempre injusta e desapontará seus próprios
membros de uma maneira ou de outra. Finalmente, todas as sociedades fundamentadas
no egoísmo irão se exaurir, juntas com o egoísmo que as criou. Nós apenas temos
de fazer isso acontecer da forma mais rápida e fácil que pudermos, para o bem
de todos.
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