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segunda-feira, 11 de abril de 2016

REFLEXO.



Ainda estou com aquela impressão de que algo muito ‘grande’ adveio durante a semana retrasada. De que tudo sugerisse resultados iguais era esperado, mas não foi assim. Nunca vi um montão de pessoas tão sincronizadas, que nem precisavam abrir a boca para se conhecerem. Havia uma ‘conexão’ espiritual, apesar das óbvias diferenças.

Estava, em um desses dias, olhando o mesmo menino brincando com as suas pedras, ver Rolling Stones, quando ouvi comentários preconceituosos. Eu não estava dando atenção, mesmo porque eram ideias falhas, por falta de conhecimento.

Pouco antes estavam discutindo o prazer de caçar e os modos de destrinchar animais, mesmo sendo eles recém-nascidos. Para um vegetariano, o extraordinário eram as coincidências.

Mas algo imprevisto aconteceu, mencionei um pormenor que havia descoberto sobre crianças deficientes – mentais, neste caso. Acreditava que eram espíritos que renasciam assim por terem sido ‘culpados’ por atos contra a vida – independente de se eles estavam cientes ou não do processo, seguiriam o carma. Então, eu disse – e pensei que estava falando alto ou para quem não entenderiaque tais nascimentos eram realizados por espíritos ‘evoluídos’ que se predispunham a ensinar seus familiares a crescer. E os homens que discutiam sobre assuntos mundanos, confirmaram para o meu espanto.

Passei anos acreditando que espíritos ‘ruins’ eram castigados desta forma. Tanto que o fato de eu permanecer doente se deve a esta crença, de que estou depurando males cometidos através de enfermidades ou demais dificuldades. Causa e efeito.

Mas se você pensar, Deus jamais castiga, portanto somente a consciência pode definir as regras. Somos muito mais do que nossos egos ditam, por trás existe um ‘eu’ muito mais capaz. Quero dizer, somente espíritos muito evoluídos conseguiriam suportar tais obstáculos visando, não somente sua própria evolução, mas daqueles que são caros. Mesmo que durante o processo ‘ele’ seja execrado e odiado.

O que me fez sentir um pouco mais ‘calmo’, pois talvez eu tenha percebido o quanto sou importante para quem amo. O peso se transformou em lição. De uma hora para outra eu percebi que, se a minha história parece ‘errada’, é porque tem seus pretextos. Todos sabemos, mas estamos jogando para ganhar.


Olhei para o menino com orgulho. Obrigado.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O TOMBO



Se eu pareço repetitivo é porque não encontro palavras para finalizar, explicar, liquidar o que me propunha. E fica óbvio que tudo o que tenho dito já foi dito por quem entendeu e tentou simplificar. Alias, quanto mais complexo parece, mais simples eu acabo reavaliando, é preciso ser assim. Falar para crianças.

E traziam-lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele. São Marcos 10:13-15

Eu ainda sou e todas as manhãs repito: Sou ‘idiota’, sábio e perseverante. Para começar o dia com duas resoluções, a de que não quero e não preciso ser arrogante e orgulhoso e me impor diante [?]. E que não posso desistir logo na primeira contrariedade. O que gera um círculo vicioso, porque se eu me sentir contrariado, frustrado ou indignado é sinal de que o meu nível de arrogância atingiu um patamar alarmante. E ele assume uma personalidade orgulhosa que me assusta. Este ciclo se repete não só nesta vida. Buscamos um equilíbrio entre o orgulho e humildade que acaba sendo uma daquelas batalhas eternas entre o bem e o mau. Somente nos resta sermos espertos e passar a perna nos outros se quisermos sobreviver.

"Se é isso que é ser esperto, vou viver o resto da minha vida como um idiota!"

Então eu simplesmente ignoro-os, simplifico. Por isso o ‘idiota’ como uma ideia de ingenuidade e perseverança. Ou seja, o que gera o ciclo ou reativa-o é somente o que me causa medo. Se alguma coisa, ou alguém, se interpõe às minhas verdades eu reajo. Com ferocidade ou submissão. Com arrogância ou desprezo. Com raiva ou impassibilidade. Eu prefiro simplificar usando um axioma, na verdade são alguns.

Se somos criados à imagem e semelhança de Deus, por que pensamos ser inferiores? Ou é Deus que é nossa imagem e semelhança, com barba e impiedoso? Se Deus é perfeito, por que não nos criou perfeitos? Mas se Ele nos criou perfeitos por que não parecemos assim, perfeitos? Ou não vemos a perfeição por que a queremos do nosso jeito? Ou por que a perfeição esteja no fato de podermos fazer tudo. Assim seríamos seus filhos. Se não somos seus filhos, por que rezamos Pai Nosso?

E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto. Gênesis 1:27-31

Cair nem sempre é ruim.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

FRATURA EXPOSTA.


De muitos modos possíveis, vivo tropeçando. Nos vários sentidos eu caio de modo à quase desistir de levantar, Por vezes o trauma me segura e o sangue arde. Mas na maioria das vezes eu levanto, já não é o caso das quedas imperceptíveis em que me demoro tentando distinguir para onde devo ir. Estamos sendo hackeados por nós mesmos.

Se você está pensando naquelas situações onde ficamos sem chão diante das inevitáveis ‘fraturas’ comportamentais que poderiam ter sido evitadas, você está certo. Coisas como ter certeza daquilo que busca para descobrir que te puxaram o tapete. Primeiro, a certeza nunca é certa, pois se fosse não aconteceriam problemas de percurso. Segundo, ninguém puxa o tapete, na verdade somos nós que tropeçamos no nosso ego, como se nossa sombra fosse como a do Peter Pan que precisava ser perseguida e costurada ao corpo.

O pior desta queda é se apoiar em algo chamado frustração como se ela fosse uma muleta que fica conosco enquanto a fratura não cicatrizar. Se bem que a muleta pode acabar sendo cômoda e ela se chamará ‘zona de conforto’ ou depressão, porém eu já falei disto.

A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda. Oliver Goldsmith

Com o tempo você aprende a cair com classe e a se levantar com orgulho.
Cazuza

Todos caem, mas apenas os fracos continuam no chão... Bob Marley

Se eles dizem, então por que pensar que algo que nos faz tropeçar nos soa como infortúnio? Sempre fomos assim, desconfiados? No entanto a solução para esta fratura exposta é simplesmente mudar o tratamento, já que este é demorado e inconclusivo.

Estava escutando uma palestra sobre Programação Neuro-Linguistica e o terapeuta contava que tinha acabado de ler ‘Sapo em Príncipes’ quando um paciente o inquiriu sobre o tratamento psicológico estar demorando demais para eliminar a ‘fobia’. Ele disse que tinha lido sobre um tratamento que parecia bom demais para ser verdade, mas mesmo assim o paciente exigiu-o. Depois de aplicar um dos métodos, o terapeuta pediu que ele ‘reativasse a fobia’ – coisa de psicoterapia – e ele disse não conseguir. O trauma teria sumido? Para a surpresa do terapeuta o paciente não estava mentindo.

A questão é, existem muitas ‘soluções’ mas elas dependem do quanto você está disposto a abrir sua mente e para isso é preciso descartar suas certezas e aceitar coisas que podem estar além de sua compreensão. Isto é ter fé.

Constantemente caía. E me levantava com sofreguidão e impaciência, E se, talvez, o que me causa esta frustração seja o certo para mim? Já não sou capaz de aceitar que não sei e nem posso controlar os resultados? E que o errado seja o atalho para o certo. Mas tememos entrar no desconhecido... é mais fácil pensar que assim como estamos é melhor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

CRAZY HORSE



Estava pensando no artigo que recuperei – MACACO LOUCO VS SOMBRAS – e cheguei à seguinte reinterpretação. Mas antes vamos relembrar: ‘Existem aspectos de nossa personalidade que ignoramos e outros que deliberadamente ocultamos dos outros, mas aqueles que ocultamos de nós mesmos são os piores. Não os desconhecemos, pensamos que não existem, porém é uma proteção de nós mesmos, de nossos mais ocultos medos e expressões’.

Oh!

Ademais, o confronto entre o[s] macaquinho[s] do sótão e as sombras não passa de um subterfúgio da mente. ‘O macaco louco não é uma manifestação das nossas sombras, é o aspecto de nosso eu que está pouco se lixando para as sombras. É a manifestação de nossa vontade de romper com as rígidas estruturas que criam os modelos que nos guiam’. Então é aí que precisamos desconfiar deste confronto teatralizado e admitir a intervenção de um mediador. Não, mediador não, um déspota [tirano]. Vou chama-lo de Crazy Horse ou Cavalo Louco.

Cavalo Louco foi um chefe indígena norte-americano que se impôs contra o governo federal americano. Ao lado de Touro Sentado, ele conduziu seus guerreiros durante a batalha de Little Bighorn, evento em que morreu o célebre General Custer. Um bom personagem para representar o nosso ‘eu superior’. E às vezes o nosso ‘eu’ se comporta assim, na verdade, quase sempre, sempre. Soa autoritário porque sabe e deve ser assim. Ele espera a oportunidade de se fazer presente e isto acontece quando o ego ‘macaco louco’ e as ‘sombras’ se cansam de lutar. E mesmo que nos pareça óbvio e lógico que os dois [ou mais] se enfrentem, isto nunca deixa de ser um teatro de marionetes.

Então você deve estar pensando que o Crazy Horse é o titereiro, o manipulador deste teatro. Bem, é. Também não é. Entre o ‘Ego’ e o ‘Eu interior’ existe um personagem mais graúdo, e este é outra história. Para fins de esclarecimento, quando você desiste de quem é, porque o seu ‘macaco louco’ já não quer brincar com as ‘sombras’, o Cavalo Louco assume o jogo. Porque ‘só os covardes são assassinos’, só o ego assassina aquilo que te define, inclusive os medos. E assim, num jogo de xadrez, o ‘macaco louco’ é o cavalo e as ‘sombras’ – medos, traumas, imperfeições, etc, - são os peões. O rei nunca é o rei. O adversário é você mesmo e o Cavalo Louco é a bússola que conhece o caminho e sabe muito bem como manipular os soldados para que façam o que deve ser feito. Mesmo que pareça uma emboscada. Nem Sacagawea seria capaz para apaziguar os ânimos.

Huf! Por vezes me sinto como o General Custer.

terça-feira, 29 de abril de 2014

FRUSTRAÇÃO


Em algum momento nos deparamos com a frustração, e ela nunca está só, vem acompanhada da raiva e da arrogância. Aliás, é o fracasso disfarçado de vítima. Frustramo-nos porque queremos culpar alguém ou algo e não achamos, e então o “subconsciente” discretamente assopra em nossos ouvidos: Só sobrou você! Se não achou culpados, o problema está contigo.

Deste modo, frustração é raiva de si. Frustra-se porque é incapaz e sua arrogância dita que não. Não consegue equilibrar a raiva e a arrogância que se digladiam em nome da verdade. Era mais fácil culpar os outros, mas se sua incapacidade já fizer parte dos seus padrões de pensamento, não lhe restará outra opção senão transformar a frustração em depreciação de si mesmo.

Frustramo-nos porque não sabemos e não reconhecemos que somos capazes de “reescrever” as ideias errôneas que acumulamos em nosso inconsciente e chamamos estas ações engessadas de hábitos e certezas, crenças e preconceitos, impossibilidades e injustiças. O erro não está em admitir tais incapacidades que nos foram ditas e impressas em nós, mas em não aprender que tais incapacidades foram meios para se atingir experiência e, assim sendo, incapacidades que deveriam ser descartadas.

Mas o medo nos impede de eliminar as “incapacidades” porque elas estão incorporadas em nós e assumiram o status de “modo de segurança”. O Papa João XXIII disse: “Consulte não a seus medos, mas a suas esperanças e sonhos. Pense não sobre suas frustrações, mas sobre seu potencial não usado. Preocupe-se não com o que você tentou e falhou, mas com aquilo que ainda é possível a você fazer”.

Preso ao passado, geramos culpa e, as expectativas do futuro nos causam sofrimento por algo que não existe. Sofremos porque o passado parece estar presente, nos culpando pelos fracassos de ontem, como se quisessem nos dizer que jamais deveríamos errar. E antecipamos os medos futuros porque baseamos os resultados nas experiências erradas do passado.

Excesso de expectativa é o caminho mais curto para a frustração.

Estamos amarrados em nossas frustrações e não percebemos que as oportunidades jamais conseguirão nos alcançar. Projetamos no futuro incapacidades que nos foram ensinadas e ditas com autoridade e nem sequer cogitamos a ideia de que elas não existem: estão no passado. O presente é um presente por várias razões, talvez a mais importante seja que no presente todas as ações podem mudar as nossas ideias e crenças, agir e moldar, experimentar.


“… que qualquer frustração que você tem é simplesmente o resultado de um pensamento errado. Se você estivesse pensando corretamente, possivelmente não poderia imaginar que alguma coisa estivesse ‘errada’. Você saberia que nada no Universo trabalha contra você. Por definição, dado quem você é, isso é impossível. Passe, então, para a gratidão quando encontrar suas frustrações. E veja cada evento como uma oportunidade. Você sabe exatamente por que recebeu esta mensagem hoje”.

Neale Donald Walsch

sábado, 8 de março de 2014

131 - estar certo é estar errado.

As ferramentas que nos permitem o autoconhecimento também são sistemas, e como todo sistema de crença, são parciais e limitantes. Mas se quiser extrapolar estas informações usando o conceito que dá escopo a todos os sistemas, terá uma diretriz a guiar suas observações.

Dentro das constelações familiares, a adoção é uma brutalidade, e aqui eu não me refiro aos órfãos, se bem que é impossível haver um sem qualquer parentesco. Esta informação diverge daquilo que eu acolhi ser o correto e usava esta informação para criar estruturas de pensamento condizentes com este conceito de que a adoção é um ato de amor. Como a adoção poderia ser um ato de transgressão às leis de amor, mas quais leis de amor?

O erro está na ideia de que agir com compaixão é minimizar os danos gerados por ações negativas que advém de ações aceitáveis. Escolhemos adotar uma criança porque é mais fácil lidar com as consequências do que com a fonte. O correto seria atuar na causa do abandono e não reparar estas ações. Promover o bem-estar da família é garantir a coesão familiar. Não queremos realmente ajudar estas famílias que foram corrompidas por sistemas de crenças segregacionistas e injustos, porém interferimos onde achamos tolerável agir. Esta é uma ideia válida, no entanto estamos tão acostumados a agir conforme estas regras – sejam humanas ou religiosas – que provavelmente alguém deve estar pensando que eu sou contra. Por eu estar dentro deste sistema de crenças, também concordo com a adoção nos termos que hoje são regulados. Mas isto não tira a oportunidade de pensar no que realmente a adoção se propõe. É óbvio que em casos de perigo ainda precisamos intervir porque não fomos capazes de criar meios de se evitar as causas primordiais do abandono, da crueldade e do cárcere.

Pensamos que os problemas familiares são problemas do Estado e quando adotamos estamos fazendo um favor, mesmo aqueles que admitem que a adoção é um presente precisam arcar com as consequências que esta ação provoca no sistema familiar de origem. Não estou querendo fazê-los desistir da ideia, nem que os seus ideais de amor e compaixão se esmoreçam, mas quero fazê-los pensar o quanto aceitamos calados a destruição das famílias. Essencialmente estamos minimizando os danos e não solucionando-os.

Nas constelações familiares, a pessoa que se encontra fora do sistema, tende a criar mais desarmonia, ocasionado ações reparadoras desta exclusão que podem ser tão negativas quanto à ação original. Porque este sistema afirma que existe 1 - a necessidade de pertencer ao grupo, 2 - a necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos e 3 - a necessidade de hierarquia dentro do grupo. Se nos parece um sistema rígido, diferente do que afirmamos ao considerar, por exemplo, a adoção uma ação imprescindível e magnânima, também é bastante plausível.

E os sistemas de crenças cármicas, onde nascemos exatamente onde deveríamos nascer? O erro está em aceitar que um sistema está em desacordo com o outro. Um se refere às causas que geram as escolhas, o outro, às ações que podem nos adequar às escolhas. Um outro, aos porquês destas escolhas e assim se segue infinitamente. Uma doença tem origem na culpa que carregamos por ações passadas, as suas causas e porquês geram as escolhas. Estas escolhas obedecem às necessidades requeridas por nós, sejam para redenção ou aprimoramento. Elas parecem destino, mas não passam de caminhos para se chegar lá, são livres-arbítrios e precisam de um meio onde criar, usufruir e destruir as ilusões que queremos extinguir. Este meio é regido por muitos sistemas que se integram para criar o melhor cenário possível para as escolhas, no caso, a doença.

A adoção é uma condicionante permitida por alguns sistemas, e as ações – sejam cármicas ou sociais – permitem e se adequam às escolhas dos envolvidos, portanto não existem falhas no que concerne às ações unificadas de Deus. O conhecimento destas informações explicam e oportunizam a reparação de outros danos – psicológicos, por exemplo –, e ampliam a experiência de que o problema está na nossa percepção do que é certo ou errado, se devemos ampliar nossas atuações ao âmbito da família.


“Quando os filhos não podem ser criados por seus próprios pais, a melhor alternativa serão provavelmente os avós. Estes, em geral, se aproximam mais das crianças. Se conseguem atraí-las, quase sempre cuidam muito bem delas – e a devolução aos pais é bem mais fácil. Não havendo avós vivos, ou caso eles não possam assumir o encargo, a próxima escolha é usualmente uma tia ou um tio. A adoção é o último recurso, e só deve ser cogitada quando ninguém da família está disponível.

Segundo minha experiência com famílias, o fator crucial são as intenções dos pais adotivos. Se realmente agirem no melhor interesse da criança, a adoção terá boa possibilidade de sucesso. Contudo, pais adotivos raramente consideram o interesse da criança, e sim o seu próprio: não podem ter filhos e se rebelam contra as limitações que a natureza lhes impôs. Implicitamente, pedem à criança que os proteja de seu desapontamento. Quando é esse o caso, o fluxo básico do dar e receber, bem como a ordem dos relacionamentos, desarranja-se logo de começo; os pais sofrerão as consequências de seus atos ou sofrerão os filhos.

Quando os parceiros adotam uma criança movidos por suas próprias necessidades e não pelo bem-estar dessa criança, efetivamente a tomam dos pais naturais para beneficiar-se. É o equivalente sistêmico do roubo de crianças; por isso traz consequências muito negativas ao sistema familiar. Na verdade, não importam os motivos que levam os pais naturais a enjeitar um bebê; os pais adotivos costumam pagar o mesmo preço. Sucede com frequência que casais se divorciem depois de adotar uma criança por motivos impróprios. Sacrificar o parceiro é a compensação por privar os pais naturais de seu filho. Em famílias com quem trabalhei, as consequências de adotar filhos por razões impróprias incluíam divórcio, doença, aborto e morte. Em sua forma mais destrutiva, essa dinâmica exprimiu-se pela enfermidade ou suicídio de um filho natural do casal.

Também não é incomum que filhos adotivos detestem seus novos pais e desprezem o que recebem deles. Nessas famílias, sucede muitas vezes que os pais adotivos se sintam secretamente superiores aos pais biológicos; o filho, talvez inconscientemente, demonstra solidariedade para com os pais naturais.

Às vezes, os pais naturais entregam os filhos para adoção sem necessidade. Então os filhos sentem um legítimo ressentimento contra eles, mas os pais adotivos é que passam a ser o alvo desse ressentimento. E as coisas pioram quando os pais adotivos assumem o lugar dos pais naturais. Se os pais adotivos têm consciência de que agem em substituição aos pais verdadeiros, os sentimentos negativos se concentram nestes e os adotivos ganham o reconhecimento que merecem. Trata-se de um grande alívio tanto para os pais quanto para os filhos adotivos.

Quando os pais adotivos ou de criação agem no interesse da criança, eles têm consciência de que são meros substitutos ou representantes dos pais biológicos, a quem ajudam a realizar o que não estava a seu alcance. Eles desempenham um papel importante, mas na qualidade de pais adotivos vêm depois dos pais biológicos, não importa o que estes sejam ou tenham feito. Se essa ordem for respeitada, os filhos podem aceitar e respeitar os pais adotivos.”

Bert Hellinger, A Simetria Oculta do Amor, Ed. Cultrix, pg. 121

domingo, 19 de janeiro de 2014

121 - significados ou preconceitos

Todo preconceito surge da nossa incapacidade de lidar com o que acreditamos. Talvez as crenças tenham sido mais prejudiciais do que gostaríamos de admitir. E em algum momento começamos a estabelecer regras que nos definem, quase todas nos foram impostas pelo meio e pelas pessoas que se tornaram – bons ou maus – exemplos. 

Acolher tais escolhas não é o mesmo que sanar todas as deficiências de caráter, mesmo que seja uma catarse – em essência, purificação do espírito através da purgação de suas paixões –, tendemos a justificar o erros camuflando-os como lições. Acolhemos as justificativas e transformemo-las em máximas de nossa esperteza e evolução, quando o ato de admitir é somente o primeiro passo. As justificativas são pontes, mas é a reflexão dos atos que ditam a sua percepção e a correção das regras – ou crenças.

É indiscutível este debate, somos o quê nos informaram e ensinaram, não tinha como ser diferente. E são estas diferentes “crenças” que geram os preconceitos. A sua razão esbarra com a de outras pessoas e, indiscutivelmente, tem que se defender.

Um padrão de regras que chamamos de crenças dependerá do contexto em que elas foram criadas, mantidas e repassadas. As impressões tendem a sofrer mutações de acordo com as mudanças comportamentais. Um conceito cultural apresentado em outras décadas tende a ser menos – ou mais – tolerante nos dias de hoje. Esta mudança é uma tentativa de eliminar conflitos e depende, em grande parte, do modo como as “crenças” são incorporadas e compreendidas pelas novas gerações.

O preconceito é um modo de dizer que o quê você pensa e vive é diferente do que outros acreditam. Nem certo ou errado, diferenças conceituais que passam ao status de verdade absoluta até que sejam derrubadas...

O modo como a mente processa a informação, as diferenças culturais, sociais, econômicas, sexuais, etc. não deveriam ser incompreendidas. Este medo de recuar ou, pelo menos, de tentar aceitar as diferenças – que não são suas, mas das informações que foram passadas a você – impede que se estabeleça a razão.


Uma das importantes funções da mente consiste em dar significado a um objeto de reconhecimento e fazer avaliação. Na maioria das vezes, apreendemos esse significado através dos sentidos, pela forma que tem o objeto reconhecido, pelo sentimento que desperta em nós, ou pelo som, ou cheiro etc. [...] O exemplo muito usado relacionado a isso é o "copo com água pela metade". A avaliação que as pessoas fazem quando olham para esse copo difere de acordo com a situação de cada uma delas. Quem está sentindo muita sede o avaliará positivamente, ao passo que alguém que caiu no rio e bebeu muita água poderá olhar para o copo achando que ele contém muita água, e o reconhecer como algo negativo. E certamente uma pessoa que não bebeu muita água nem está com sede não irá avaliar positiva nem negativamente esse meio copo de água. Observando tal reação da nossa mente, podemos dizer que ela, em linhas gerais, vê as coisas de modo dual, com duas faces diferentes. Uma face segundo o significado; e a outra, conforme a sensibilidade. 

Por exemplo, olhando agora pela janela do meu gabinete de trabalho, vejo elevando-se imponente, no terreno contíguo, em obra, uma máquina longa, de cor dourada, própria para escavações. Olhando para ela, pode haver pessoas que imprimam no cérebro o significado "É uma máquina de construção que enfeia a paisagem", e outras que, achando que sua cor e forma se parecem com um atirador de borracha criado pelas próprias mãos na infância, pensem "É um atirador gigante de borracha levantado para o céu". Podemos dizer que o primeiro caso é o modo de ver que prioriza o significado; e o segundo, o modo de ver que prioriza a sensibilidade. É licito supor que vemos dos dois modos, dependendo da situação ou do nosso estado de espirito no momento. No caso do modo de viver que prioriza o significado, temos a tendência para considerar o que se apresenta à nossa frente, relacionando-o com o objetivo de nosso interesse no momento.

[...] Ainda que existam aqui dezenas de milhares de cores, é possível que estejamos vendo um mundo em que nossa mente as reduziu a apenas três: branco (bem), preto (mal) e cinza (não me diz respeito). Quem vive numa metrópole inevitavelmente tende a ter visão que prioriza o significado. Por isso, ao mudar o nosso modo de ver para aquele que prioriza a sensibilidade, abre-se a possibilidade de surgir repentinamente, das fendas do significado monótono e sem colorido, algo maravilhoso que normalmente não enxergávamos ou não ouvíamos.

O princípio do Relógio de Sol, Masanobu Taniguchi.


Assim sendo, os sentidos e significados ainda encontram diferenças na forma de se expressar: a linguagem. Que imprime uma imagem que dependerá do ponto de vista do observador. Uma palavra que seja compreendida de modo diferente entre duas pessoas se deve ao significado que cada um tenha construído sobre ela. Pode ser um processo “local”, mas tem influencia direta das regras de uma sociedade ou nação, da religião, cultura e outras.


Palavras podem nos colocar em estados positivos ou negativos; são âncoras para uma série complexa de experiências. Portanto, a única resposta à pergunta "O que significa realmente uma palavra?" é "Para quem?" A linguagem é um instrumento de comunicação, e, portanto as palavras significam aquilo que as pessoas convencionam que elas signifiquem.

[...] As palavras não têm um sentido inerente, como fica claro quando ouvimos uma língua estrangeira que não compreendemos. Damos sentido às palavras por meio de associações ancoradas a objetos e experiências no decorrer da nossa existência. Nem todas as pessoas veem os mesmos objetos ou têm as mesmas experiências. O fato de outras pessoas terem mapas e significados diferentes é que dá riqueza e variedade à vida. Todos concordamos com o significado da palavra "pudim" porque todos já compartilhamos a visão, o cheiro e o paladar do pudim. Mas discutiremos bastante a respeito do significado de algumas palavras abstratas, tais como "respeito", "amor" e "política". As possibilidades de confusão são imensas. 

Como sabemos que compreendemos outra pessoa? Quando damos significado às palavras que ela usa — nosso significado, não o significado dela. E não há garantia de que esses dois significados sejam iguais. Como damos sentido às palavras que ouvimos? Como escolhemos palavras para nos expressar? E como as palavras estruturam nossas experiências?

Introdução à programação Neurolinguística, Joseph O’Connor.


BONDADE

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.

A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.

Nelson Mandela

sábado, 11 de janeiro de 2014

119 - tabula sapiens

Quanto mais cedo você compreender que ninguém, além de você próprio, pode lhe oferecer o que deseja, mais depressa a sua vida irá melhorar. Mesmo que você mude de lugar, se não mudar a atitude mental não conseguirá substituir os aborrecimentos por satisfações. Livro: Comande Sua Vida Com o Poder da Mente 15ª edição Vol. 10, pág. 186 - Masaharu Taniguchi

Parece inconsistente que eu diga que o melhor jeito de se extinguir o rancor, a raiva ou o ódio, seja através de uma força de vontade em se colocar na vida do outro. O outro que admitimos – veladamente – odiar, apesar de ser uma impressão mal resolvida em nós. Ou seja, o ego.

Pôr-se nesta situação desagradável não é simplesmente encenar tais jogos emocionais com o intuito de extinguir a animosidade, ou pelo menos, compreender as ações que tanto nos incomodam. Nem identificar aqueles defeitos “nossos” refletidos no outro, que devem ser quase impossíveis de admitir.

Na realidade, pôr-se no personagem não é mimicar – fazer mímicas – os atos burlescos que observamos na sociedade, mas sim de compreender, de uma vez por todas, que se tivéssemos passado por todas as situações e vivências, expressaríamos nossas ações e respostas conforme o outro nos mostra. O real objetivo de se vestir o personagem que transgredimos com o nosso julgamento é de entender que estas experiências – mesmo que criem sofrimento ou se choque com as nossas crenças – são ações válidas. Que obedecem às necessidades do espírito que depende e conta com tais conflitos para encontrar felicidade e harmonia.

Ao aceitarmos que o outro sofre por encontrar sua felicidade, conforme as suas crenças, e desta forma burilando o seu caráter, a raiva cessa e uma sensação de gratidão nos absorve como se estivesse nos falando: Agora eu te compreendo. Obrigado por me ensinar a viver.

Porque também destruímos as nossas ilusões de que poderíamos interceder com conselhos que criamos pelo nosso julgamento, como se fossemos capazes de solucionar um problema baseando-se tão somente nas nossas experiências. Se sofrermos por saber as respostas, acalmem-se, não sabemos. Se neste conflito a nossa participação é desnecessária até que seja solicitada. Mas que pode escolher está além da nossa compreensão.

Uma porta se fecha e Deus nos abre uma janela? Impossível, as portas e janelas jamais se fecham, nós é que nos iludimos com ideias de autopunição, por uma culpa que talvez jamais tenha existido. E ao aceitar que o outro aprenda com os seus erros estaremos garantindo que ele permaneça no caminho da felicidade, indiferente de se as nossas ideias forem contrárias ou não.

 Para que o ser humano possa compreender o significado da sua existência neste mundo e sentir a alegria de viver, é imprescindível conscientizar a presença de Deus em seu interior e compreender que Ele é a fonte de todas as glórias.  Livro: Abrindo o Canal da Provisão Infinita Vol. 8, p. 116 – Masaharu Taniguchi



A Arte de Entender o OUTRO.


Apesar do dicionário nos fornecer a teoria, reconhecemos que a prática é difícil. Julgamos as pessoas sob a nossa ótica e assim, fica difícil entender exatamente o que se passa pela cabeça dela.

É difícil as vezes entender que as pessoas tem um ponto de vista diferente porque enxergam a vida por outro ângulo. É como ir ao teatro: quem senta no camarote tem uma visão diferente de quem sentou na plateia, ou no canto. Mas todos estão vendo o mesmo espetáculo. Naturalmente, quem senta perto da aparelhagem de som, tem uma audição melhor do que quem sentou distante.


Assim é tudo na vida. Muitas vezes queremos que as pessoas entendam nossos pontos de vistas, mas pra que formem uma opinião sobre algo é necessário que consultem seus arquivos internos, onde estão armazenadas suas experiências e suas conclusões, que são em alguns casos, bem diferentes das nossas.

Porém, quando um amigo não nos entende, não quer dizer que nos quer mal; as vezes ele quer, erroneamente, nos conduzir pela trilha que acha certa, sob a ótica dele. E discute conosco, porque teme que nossas decisões.

Em outros casos somos nós que não entendemos o que a pessoa quis dizer com determinado posicionamento; ficamos esperando que ajam da forma que estamos acostumados a agir, esquecemos que elas tem outra história de vida e outra forma de pensar, e que ela vai reagir diferente de nós em várias situações.

Entender é uma arte.

Entender é deixar a pessoa livre para agir da forma que quiser, sem imposições absurdas da nossa parte.

Naturalmente, ENTENDER não quer dizer CONCORDAR. Podemos perfeitamente entender a atitude de uma pessoa que se embebeda até cair pra esquecer suas mágoas, mas nem sempre podemos concordar com isso.

Para entender as pessoas, basta que tenhamos em mente que ela é um ser único que vai agir de acordo com os impulsos dela, por mais que isso contrarie nossa maneira de enxergar as circunstâncias.

Devemos estar sempre abertos ao entendimento mútuo, para que a jornada da vida se torne mais leve para todos, especialmente PARA NÓS.

Pense nisso.

Texto por Maris. http://semeadordeluz.blogspot.com.br/2012/02/arte-de-entender-o-outro.html

118 - tabula não tão rasa assim

tabula rasa é um conceito criado por John Locke, que afirma que o ser humano nasce como uma folha de papel em branco a ser preenchida pelas experiências. Este papel nunca é inteiramente em branco, mas também não é o que supomos ser destino.

Quer dizer que uma alma escolhe antecipadamente o tipo de vida que terá?


Não, isso iria contra o objetivo do encontro, que é criar a sua experiência – e, portanto, o seu eu – no glorioso momento atual. Por esse motivo você não escolhe antecipadamente a vida que terá.

Imagina que a alma humana enfrenta os desafios da vida por acaso? – Quer dizer que a alma escolhe que tipo de vida terá? – Não. Mas pode escolher as pessoas, os lugares e os eventos, as condições e circunstâncias, os desafios e os obstáculos, as oportunidades e opções para criar a sua experiência. 

Conversando com Deus. Neale D. Walsch.



Por outro lado criamos personalidades peculiares para tratarmos de todos os acontecimentos da vida e os chamamos de ego. As construções do ego surgem para nos auxiliar no processo de interação com o meio ao qual estamos inseridos e é predominantemente intuitivo, pois estas construções costumam se agregar com as experiências passadas – que percebemos subjetivamente – e com os exemplos “compreendidos” no presente. 

Estes raciocínios geram respostas automáticas e ficam armazenadas no subconsciente. Porém são imperfeitas, pois consideram respostas que na maioria das vezes adquirimos em situações anormais ou destituídas de lógica. Impressões que acabam ditando o nosso comportamento. Uma percepção apreendida na meninice pode se transformar em um mandamento interior que se fixa no subconsciente e dita suas respostas enquanto não reescrevermos esta lei. Se ela for falha, todas as respostas que se baseiam nesta lei entrarão em conflito com quaisquer novas percepções conscientes.

Devemos constantemente rever nossas leis para que o presente e o futuro se concretizem sem tais obstáculos. Esta é a proposta da meditação, rever e reescrever as leis que ficam armazenadas no subconsciente e que nos impedem de virar o jogo. Este é o objetivo primordial do jogo, tomar as rédeas de sua vida, removendo leis retrógradas e seculares que ferem e fazem sofrer, pensar com discernimento e por em prática novas ações. Consequentemente existem ferramentas hábeis que podem nos ajudar dependendo de como precisamos nos comportar diante dos “problemas ou obstáculos”

Penso que deparei com a resposta para a questão tratada no post [117MH1 – tabula rasa], sobre como enfrentar aquilo que nos incomoda, provocando tamanha aversão que nossa primeira reação é evitar, fugir ou fingir. Ver nossas deficiências espelhadas é só um gatilho para a mudança, mas como eu posso reverter este quadro? Como deixar de odiar?

A questão não é tentar “consertar” o problema dirigindo os nossos esforços no outro, mas sim em nós mesmos. Quando mudamos, todos ao nosso redor se transformam, em sintonia com a nova vibração mental. Aqueles que não mudam acabam se afastando e naturalmente outras pessoas que se sintonizem com esta vibração se aproximarão. Lei do semelhante atrai semelhante. Até mesmo as situações divergentes a esta vibração desaparecerão e, se novos pensamentos forem condizentes com seus anseios, novas situações surgirão.

Contudo esta atitude em si não aplaca o ódio, o rancor e a mágoa que endereçamos. Esta catarse só terá efeito se conseguirmos compreender e nos colocar no lugar do outro. Se você estivesse na mesma posição que o outro está, reagiria diferente? A maioria tende a responder sim, mas a verdade é que se estivéssemos na mesma situação, seríamos a mesma pessoa que criticamos e responderíamos ao problema da mesma forma, independentemente de qualquer justificativa. A pessoa que esta passando por aquele problema está ciente de suas escolhas e reconhece o seu potencial – mesmo limitando-o – de que a “circunstância” é absolutamente propícia e criada para um propósito.

Não é ela quem está errada, mas é você que não percebe os intrincados mecanismos da providência divina. Que chamamos de Deus e está dentro de cada um de nós como um farol a direcionar os nossos sonhos. Que não percebemos claramente e por isso declaramos guerra contra os acontecimentos e criamos o sofrimento que nada mais é que nadar contra a corrente.

Observe o querelante – apesar de que nós deveríamos ser chamados assim – e compreenda o meio como ele foi criado, a história familiar que tem grande influencia na determinação de seus costumes e crenças. Suas reações são ditadas por quais leis mentais? Não faça de suas crenças o modelo de perfeição que deveria ser estendido a todos, não controle nem se julgue capaz de interferir. Simplesmente observe. [MH5 – Eu te compreendo]

Joanna de Angelis comenta o caráter do ego que nos controla o julgamento e nos obriga a reagir egoisticamente contra: A sombra que resultas dos fenômenos egoicos, havendo acumulado interesses inferiores que procura escamotear, ocultando-os no inconsciente, é a grande adversária do sentimento de gratulação. Na sua ânsia de aparentar aquilo que não conquistou, impedida pelos hábitos enfermiços, projeta os conflitos nas demais pessoas, sem a lucidez necessária para confiar e servir. Servindo-se dos outros, assim fazem todos os demais, competindo-lhe fruir o melhor quinhão, ante a impossibilidade de alargar a generosidade, que lhe facultaria o amadurecimento psicológico para a saudável convivência social, para o desenvolvimento interior dos valores nobres do amor e da solidariedade.

[...]

A sombra sempre trabalha para o ego, com raras exceções, quando se vincula ao self, evitando toda e qualquer possibilidade de comunhão fora do seu círculo estreito de caráter autopunitivo, porque se compraz em manter a sua vitima em culpa contínua, que busca ocultar, mantendo, no seu recesso, uma necessidade autodestrutiva, porque incapaz de enfrentar-se e solucionar os seus mascarados enigmas.

Psicologia da Gratidão, Divaldo Franco.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

DETONA RALPH

Em uma outra oportunidade eu comentei que as nossas vidas se pareciam com a de personagens de videogames [carma mario bros] porque somos controlados com o objetivo de executar determinada tarefa imposta pelo jogador/usuário, que no nosso caso poderíamos chamar de espírito.

E eu deixei bem claro – pelo menos tentei – que este destino não é tão inflexível assim. Temos um objetivo traçado pelo espírito, que somos nós aliás, e ele se encarrega de nos guiar, mas todo o resto para se alcançar este objetivo/destino dependerá do nosso livre-arbítrio. Quando este livre-arbítrio se funde ao ego, declarando veementemente que o espírito deve estar errado, então entramos em conflito e a máquina emperra.

Ralph sabe muito bem que para sair de seu papel de “detonador” malvado, para se tornar um herói não é fácil. Ele tem que preencher o espaço pelo qual foi criado. Conosco é assim, não suportamos fazer o que o destino quer e saímos em busca daquilo que possa promover felicidade.

Mas a felicidade não é um produto, não se pode ter felicidade ou compra-la eternamente, este estado é temporário e viciante. Estamos sempre aumentando as nossas expectativas para elevar o grau de satisfação do que chamamos de felicidade. Na verdade, Ralph percebe que a felicidade estava em cumprir o seu papel naquele jogo. E foi reconhecido por ser exatamente assim.

Isto me fez pensar em duas coisas: o bem e o mal são complementares, só podemos perceber o bem se o mal for assimilado. Não quer dizer que precisamos ser o “mal”, mas se não o reconhecermos, estaremos negligenciando todas os nossos aprendizados. Um pouco disto está explicito em 004MH5 – naruto. Segundo, a felicidade não é uma conquista, pertence a nós, porém nos comprazemos em criar ideias errôneas em relação a todas as coisas e assim se formaliza um estado de ausência que deprime. Será que, se não criássemos estes vínculos com o ter, não seríamos mais felizes?

Num jogo de videogame, o personagem deve seguir o seu destino como determinado pelo programador, sem espaço para rebeldias. No nosso mundo, o destino é apenas, ou são apenas direcionamentos que estão alinhados com as necessárias aquisições do espírito. Não quer dizer que teremos uma vida controlada, sem desejos e vontades próprias. Neste caso, quando extremo, a vida se encarrega de nos chamar ao compromisso. O que causa muito sofrimento se não entendermos que, por pior que pareça, talvez seja a alternativa mais fácil. É só nadar a favor.

E quem disse que a escolha de papeis indignos devem ser esquecidos? Ralph aprendeu que a sua função destrutiva permitia o crescimento das funções construtivas de todos os personagens. Portanto, pense duas vezes antes de condenar alguém que te pareça infringir sofrimentos e medos, porque ele pode ser uma ferramenta para o seu crescimento.

Em um desses dias li um comentário feito a um praticante do budismo que queria crescer, mais algumas pessoas e situações o prejudicava. Tal comentário sugeria uma retirada de campo, se afastar dos problemas e exercitar a compaixão em meio à serenidade. Concordo, contudo, ao se fugir destes embates – que são fórmulas mágicas – estaremos perdendo a chance de aprender o que viemos aprender. Parece difícil, mas é pior do que parece. O melhor é observar, alguns diriam discernir, e colher informações, sem se afligir.

De todos os ensinamentos budistas, o que mais gosto – depois da parábola do Detona Ralph – é a da Cidade fantasma: um grupo de viajantes, tendo ouvido falar de uma cidade cheia de tesouros, parte para enfrentar uma difícil jornada. Para chegar à cidade, teriam de percorrer uma estrada extremamente longa que atravessava desertos, florestas e terras perigosas.

Nenhum trecho dessa estrada era seguro e os viajantes teriam de ter muita coragem e persistência para atingir sua meta.

Haviam completado mais da metade da jornada e acabado de sair de uma densa floresta quando o guia, que conhecia bem o caminho, avisa que logo iriam se aventurar por um deserto. O sol escaldante e as fortes tempestades de areia provaram ser demais para eles. Os viajantes estavam tão cansados que começaram a perder a coragem e a querer desistir dos tesouros em troca da segurança de seus lares que haviam deixado para trás.

O guia, contudo, estava determinado a levar todos, não importando como. Ele usa então seus poderes místicos para fazer aparecer uma cidade no meio do deserto. Num instante, os viajantes tiveram uma visão fantástica. Surge do nada um lindo oásis repleto de árvores, por entre as quais veem uma cidade. Imediatamente, por entre as quais veem uma cidade.

Imediatamente, correram até lá com grande alegria. Todo o cansaço, as dores e o desânimo desapareceram num instante para dar lugar ao otimismo e à esperança. Eles se banharam, saborearam comidas deliciosas e dormiram tranquilamente.

Em suas conversas, nem se cogitava a ideia de desistirem da jornada e de retornarem aos seus lares. Na manhã seguinte, logo que despertaram, ficaram estarrecidos ao ouvir o guia dizer-lhes que tinham de deixar aquele lugar maravilhoso e seguir viagem. Mas este é com certeza o paraíso que procuramos por tanto tempo! – exclama um deles.

Não – responde o guia – os senhores ainda estão na metade da jornada. Este é somente um ponto de descanso, uma lugar para refrescarem-se. Acreditem!

O destino final é muito mais belo que esta cidade e não está tão longe. Agora que tivemos tempo para descansar e relaxar, vamos continuar nossa viagem. Dito isso, a cidade desapareceu na areia.