Um vilão chamado ego.
Estava lendo o livro Por
que é Assim - Diálogos na Academia da Vida, de autoria do
Professor Seicho Taniguchi no tópico “Mudando o nosso próprio comportamento”,
deparei-me com uma explicação que me fez refletir a cerca do “EGO”.
O egocentrismo é um grande vilão
que nos rouba a permanência do status da alegria. O ato de beneficiar alguém,
seja através de um sorriso, um abraço ou uma ação virtuosa, pode ser
rapidamente sucumbido se o “ego”, apoderar-se desta ação.Existem claro, muitas
perspectivas quando estamos falando do “ego”, cada ciência pode interpretá-lo
de uma forma. E até mesmo o “ego” pode ser um grande aliado na autoestima, um
excelente companheiro da ambição, um motivador natural que nos impele ao
crescimento e a melhorias.
Mas, nesta reflexão, quero falar
do vilão. Por vezes esse ‘vilão’, está mascarado em boas intenções, oculto
através de promessas e esperas. Ainda que seja por mudanças ou mesmo melhor
qualidade de vida no trabalho, e no relacionamento com amigos e familiares. O
bem estar é desejo natural do ser humano que busca instintivamente a construção
do paraíso na Terra. Agora, quando este bem estar vem acompanhado da
necessidade de aprovação das outras pessoas, há algo errado. Na verdade esse
bem estar tem em si, a ação do “ego”, um desejo de ser reconhecido, exacerbado
por uma necessidade de estar acima das outras pessoas.
Outra característica dessa
postura é a encontrada no Budismo Tibetano; quando fala do “Reino dos
semi-deuses”, uma espécie de altar de si mesmo, em uma tentativa de
glorificar-se como deus, recebendo as bajulações, aplausos e elogios dos
demais. São tão cegos, e utilizam-se do seu pedestal para cegar e hipnotizar os
outros construindo “igregimos” onde são adorados.
Uma vez, aprendi uma importante
lição com uma amiga do Rio Grande do Sul, preletora Zeli Terezinha BellanKhan,
comentando a respeito dos aplausos que por vezes os preletores recebem por
ocasião das palestras sobre o ensinamento da Verdade. Temos que tomar muito
cuidado para não confundir o aplauso que vibra com a Verdade, achando que este
está vibrando pela boa eloquência ou desenvoltura do preletor, e com isso
deixar iludir-se, achando já ser a própria manifestação de Deus, na Terra.
Claro, que todos nós temos Deus em nosso interior, e possuímos capacidade
infinita. Podemos sim, realizar obras tão grandiosas, como foram as feitos pelo
Nosso Senhor Jesus Cristo, ele mesmo assim nos ensinou.
Mas, é por possuir Deus que
não devemos jamais nos esquecer de que tudo é GRAÇAS A DEUS. Graças a
Deus. Tudo é graças a Deus, minha vida é Vida de Deus, meu dom é Dom de Deus,
meu trabalho é Trabalho de Deus, tudo vem de Deus, sou um instrumento que vibra
a Vida de Deus e vivo Graças a Deus.
Deste modo temos que tirar o
“ego” do altar, das nossas vidas, e no lugar dele instaurar na nossa caminhada
Deus como sendo o nosso centro.
Já vi muita gente talentosa não
ser reconhecida, já vi muita gente competente vivendo uma vida sem significado
e vazia, mas já vi também muita gente vivendo aparentemente bem, no seu altar,
e sofrendo em muitas áreas da vida, justamente por não conseguir ser feliz de
verdade.O “ego” cria um mundo de mentiras e nos faz habitar dentro dele. Neste
mundo tudo o que nos cerca, e nos bajula não tem consistência verdadeira, e por
isso, por mais bajulações que recebemos, não somos capazes de sermos felizes.
O mundo do “ego”, vende uma ideia
de alegria, porém como essa alegria não vem de Deus, ela é falsa, alimentada em
personagens desprovidos de integridade, preocupados em como manter-se no topo
como o popular, sendo sempre a “melhor banda do último final de semana”. Para
manter essa imagem, muitos se perdem na drogadicão, nos vícios ocultos, retro
alinhando a sua fama na fantasia de uma perfeição que não existe. O “ego”,
também é uma clausura, de luxuria em uma ilusão de fama e bem estar. Muitas
pessoas no egocentrismo vivem solitárias, cercada de bajuladores que atuam mais
como um “sanguessuga hospedeiro”, que te dá os aplausos que você precisa, em troca
de benefícios.
Os aplausos cegam, os elogios
iludem, neste mundo como não existe a possibilidade de humanização, nem mesmo
de fragilizar-se pra manifestar a própria força, o desejo de manter-se no topo,
faz com que o ser humano viva na ilusão. Se um dia sua fragilidade for
revelada, neste mesmo instante ele perde o pódio e inclusive todos os amigos;
amigos esses que nunca existiram. No
“egocentrismo”, o ser humano é incapaz de colocar-se no lugar do outro, o
“ego” não sabe ouvir, não sabe acolher, não se doa, se realiza algo, o faz por
interesses próprios. O “ego” sempre está em campanha: - eu fiz, eu doei, eu
ajudei, porque eu, eu, eu, eu, eu...e, eu, etc., “ego” sempre espera um troféu, se ele não vem
a pessoa sofre.
Claro que existem casos extremos
como os citados acima, e de repente podemos até pensar que nada tem a ver com o
nosso modo de viver. Porém todos eles foram construídos passo a passo no dia a
dia, mesmo os extremistas viveram sutilmente pequenos “egos” e não se deram
conta de que ao tirar o mérito da Vida de Deus, que vivifica o seu ser, e
atribuírem a si, as honrarias aos poucos se distanciaram de sua Vida de Real
Valor e passaram a viver essa vida sem consistência e felicidade.
No modelo de organização da
Seicho-No-Ie, existe um esforço e um treino para não permitir que o “ego” reine
em nossas atitudes. Lembro-me que quando fui presidente de Associação Local, eu
sempre era elogiado pelos preletores, nunca me dei conta do perigo que corria
com os elogios. Talvez em algum momento possa ser que eu também não tenha
aprendido direito à lição, porque na organização funciona assim, hoje a gente
dorme presidente e amanhã acorda adepto, e agora? Quem irá me elogiar? Quando
deixei de ser presidente e virei tesoureiro, me senti diminuído. Mais tarde
entendi a importância de que tudo o que realizados é Graças a Deus, e ainda
continuo me esforçando para não me esquecer do legítimo autor da obra.
E, como é estranho o sentimento
de sentir-se diminuído. Inferior a que? Para quem? Realmente o “ego” tira a
alegria do dia a dia. É comum também aquele que vive no “ego” sempre
utilizar-se de sua visão de mundo, para julgar as outras pessoas, ele está
sempre tentando corrigir, tentando orientar, tentando ajudar, mas não pelo senso
de servir, mas sim porque é só ele quem sabe. No “ego” ele é tão cego que não
consegue reconhecer nada de belo no outro. Como é triste essa falta de
sensibilidade em perceber que em tudo existe um valor, a Vida de Deus operando
e manifestando-se.
Quando fui aprovado no exame para
Aspirante a Preletor da Sede Internacional, o Prof. YoshioMukai, maior
autoridade religiosa na Seicho-No-Ie para a América Latina, me chamou em sua
sala para uma entrevista. Nesta entrevista uma das perguntas foi: Ariovaldo,
você sabe o que é ser Aspirante da Sede Internacional? Lembro-me de ainda
estar no calor da emoção pelo fato de ter sido aprovado, e de não estar
preparado para responder tal pergunta. Calei-me em reflexão e não encontrei a
resposta.
Sua resposta foi simples: - que
você agora deve ser mais humilde.
Ele ainda brincou, não pense que
agora as pessoas terão que carregar a sua mala, arrumar a sua cadeira, por
exemplo, muito pelo contrário nas regionais que você visitar, seja você a
arrumar as cadeiras das pessoas que chegam a Seicho-No-Ie. Tenho buscado
este modo de servir.Logo, depois deste acontecimento participei de uma
Convenção Nacional da Seicho-No-Ie no Ginásio da Portuguesa, em São Paulo,
nesta convenção eu era responsável pela entrada das bandeiras dentro da
cerimônia de abertura.
Quando terminou o evento, por um
momento, pensei que a minha função fosse apenas guardar as bandeiras e mais
nada, só que quando olhei para o lado, lá estava a Diretora Presidente da
Seicho-No-Ie Preletora da Sede Internacional, maior autoridade religiosa dentro
da Seicho-No-Ie no Brasil, professora Marie Murakami, carregando latões de
lixo, e limpando todo o local e a função dela no evento era apenas de
"Orientadora Responsável".
No livro referido o Professor
Seicho Taniguchi, nos ensina que viver de modo natural, ou seja com o coração
puro e livre, também é “anular
completamente o ego”
Quando compreendermos que
recebemos uma vida realmente maravilhosa de Deus, teremos capacidade de
agradecer e viver com o sentimento natural ou seja vamos viver com o coração
limpo e puro que recebemos de Deus. Assim, não nos cegaremos, perante os
louvores, justamente por compreender que essas honrarias são para Deus, pois
foi dele que recebemos a capacidade.
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