O ego é o mecanismo de
equilíbrio e domínio das funções psíquicas. Para o terapeuta, o ego é
primordial para a manifestação do ser, mesmo que não perceba que ele é
construído de personalidades, máscaras, que tendem a criar uma aparente
adaptação a esta realidade. Estas personalidades permitem que sobrevivamos aos
conflitos, nos modelando conforme as circunstâncias e, deste modo, recriando as
personalidades. São como máscaras que apresentamos a certas pessoas e
obstáculos com o intuito intermediar as nossas impressões com aquelas
apresentadas pelo mundo exterior. São conjecturas que, por serem altamente
adaptáveis, correm o risco de perderem a estabilidade, entre tantas, as
emocionais.
Nas análises
psicológicas, um dos mecanismos para o conhecimento da personalidade do homem,
ou seja, do ego, é “a transferência que nada mais é que um fenômeno que
ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo
do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos
infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o
analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos
afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade”. Esta transferência supostamente controlada
examina os arquétipos e os significados do paciente, ou seja, os aspectos
“visíveis” do ego. Porém outras conexões acontecem, em um nível que podemos
dizer sobrenaturais, como por exemplo, a intuição, a inspiração ou a
premonição. Estas conexões se estabelecem entre o analista e o paciente quase
que inconscientemente, pois existem pessoas que se conscientizam da
transferência que também é uma contratransferência e acabam por influenciar o
terapeuta sem que ele o perceba, como, por exemplo, um sentimento de empatia ou
desconfiança ilógica. Estas transferências são responsáveis pela constante
mudança do ego, criando infindáveis máscaras, ou você ainda acredita que age
igualmente com todos!
Estas
diferenças que existem ao julgarmos duas pessoas com duas medidas são
adaptativas e se criam a partir de nossas conjecturas. É um mecanismo de defesa
do ego, nos adaptar ao que recebemos do outro, das informações que recebemos e
inconscientemente modificadas para que a consciência haja diante daquelas
informações. Por isso, acertadamente, não somos capazes de saber que é o outro.
Ele não passa de um espelho de nossas conjecturas que são transferidas para
ele. Ele de posse destas informações cria uma máscara que melhor possa se
comunicar conosco, possa protegê-lo, proteger o ego. Portanto, o que vemos no
outro, em parte, é o que queremos ver. Quero dizer, o que penso ver eu
conjecturo e esta impressão chega ao outro que REAGE criando uma máscara, uma
personalidade.
Este sistema de transferência e contratransferência é dinâmica e
ininterrupta, como se ocorresse constantemente um upload e um download de
informações, portanto as máscaras são complexas e altamente adaptativas, como
nos sistemas virtuais interativos, com,o vemos nos jogos on-line. Este ego, para se manter coeso, mantendo sua
autoridade sobre nós, modifica a percepção da realidade conforme a sua
necessidade de nos proteger. De quem? De nós mesmos. Quando criamos o medo,
criamos o sofrimento, e o ego, para nos manter seguros usa a estratégia de nos
manter ocupados. Eliminar o medo não é o seu objetivo, mas diminuir o
sofrimento é. Assim sendo ele usará os nossos julgamentos para manter a sua
existência. O ego é um mecanismo avançado no caminho da consciência, no entanto
é só o caminho no qual aprenderemos a controlar a nossa mente. Conhecer as suas
potencialidades e atingir o autoconhecimento que tanto esclarecem os filósofos
é a finalização do ego.
“Lembre-se de que a nossa
percepção do mundo é um reflexo do nosso estado de consciência. Não estamos
separados dele e não há um mundo objetivo fora dele. A cada momento, a nossa
consciência cria o mundo em que habitamos. Um dos maiores insights que a
física moderna teve foi o da unidade entre o observador e o observado: a pessoa
que conduz a experiência – a consciência observadora – não pode ser separada
dos fenômenos observados, e uma nova maneira de olhar leva os fenômenos
observados a se comportarem de maneira diferente. Se você acredita na separação
e na luta pela sobrevivência, vê essa crença refletida à sua volta e as suas
percepções acabam sendo governadas pelo medo. Você vive num mundo de morte,
lutas, uns atacando e matando os outros.
Nada é o que parece ser. O mundo que você criou e vê através da
mente pode parecer um lugar bem imperfeito, até mesmo um vale de lágrimas. Mas
o que quer que você perceba é somente uma espécie de símbolo, como uma imagem
em um sonho. É o jeito pelo qual a sua consciência interpreta e interage com a
dança de energia molecular do universo. Essa energia é o material bruto da
assim chamada realidade física. Você a vê em termos de corpos e de nascimento e
morte, ou como uma luta pela sobrevivência. Existe um número infinito de
interpretações diferentes, de mundos completamente diferentes, tudo dependendo
do que a consciência percebe. Cada ser é um ponto focal da consciência e cada
ponto focal cria o seu próprio mundo, embora todos esses mundos se interliguem.
Existe um mundo humano, um mundo das formigas, um mundo dos golfinhos, etc.
Existem incontáveis seres cuja frequência de consciência é tão diferente da
nossa que provavelmente não temos consciência da existência deles, assim como
eles não têm da nossa. Seres altamente conscientes da ligação que mantêm com a
Fonte habitam um mundo que para nós pareceria com um domínio celeste. Mas ainda
assim todos os mundos são basicamente um só.
No momento em que a consciência humana coletiva tiver se
transformado, a natureza e o reino animal irão refletir essa transformação.
Aqui está a afirmação da Bíblia de que no futuro o leão vai se deitar ao lado da ovelha. Isso aponta para a
possibilidade de um ordenamento da realidade completamente diferente.
O mundo tal qual se apresenta
para nós é em grande parte um reflexo da mente. Sendo o medo uma consequência
inevitável da ilusão criada pelo ego, é um mundo dominado pelo medo. Assim como
as imagens em um sonho são símbolos dos estados interiores e dos sentimentos,
assim a nossa realidade coletiva é uma expressão simbólica do medo e das
pesadas camadas de negatividade até agora acumuladas na psique coletiva humana.
Não estamos separados do nosso mundo, então, quando a maioria dos humanos se
tornar livre da ilusão egóica, essa mudança interior vai afetar toda a criação.
[...] De acordo com São Paulo, toda a criação está à espera de que os homens
obtenham a iluminação. É assim que interpreto suas palavras: A criação aguarda,
com impaciência, a revelação dos filhos de Deus”. O Poder do Agora. Eckhart
Tolle.
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