Por mais que
tentemos conceituar morte, seja através da ciência ou das religiões, jamais
entenderemos as nossas reações por meio de explicações lúcidas. A morte é um
evento indecifrável, diriam alguns, pautados em suas suposições – ou até mesmo,
certezas – humanas. Outros afirmariam que não passa da interrupção
definitiva da vida de um organismo que incoerentemente provoca intenso
sofrimento, grande dor e angústia naqueles que vivem.
Os
ateus se desesperam, pois é o fim de uma vida que não se perpetua, os sonhos
que se esfacelam, as promessas que jamais serão consumadas, o contato que deixa
saudades. Porém aqueles que creem em Deus encontram consolação. Uma consolação
que extingue o desespero, e agimos como se a vida não se perpetuasse, os sonhos
se esfacelassem, as promessas não se consumassem e a saudades, uma angústia infindável, nunca
terminasse.
Agimos
como ateus.
“E dizem: Não há vida, além da terrena. Vivemos e morremos, e não nos aniquilará senão o tempo! Porém, com respeito a isso, carecem de conhecimento e não fazem mais do que conjecturar.’’ (Alcorão Sagrado 45:24)
Temos
dificuldade em digerir a morte que criou vida e nos engana com ideias de
extinção, de frivolidade e de sofrimento. Somos forjados por pensamentos
deturpados que imaginam a morte como um ser implacável que leva embora aqueles
que amamos. Que nos afasta daqueles que extinguiram a sua chama. Que se foram.
Apesar
disso sabemos que a morte não existe. Que o espírito se liberta, em alguns
casos, repousa. Em outros caminha em novas existências. Existem provas de que a
vida continua, e elas estão nas religiões.
Para que o desespero, senão por causa de nossos apegos. Em não acreditar nas
palavras dos nossos mediadores junto a Deus. Nas palavras do budismo, do
cristianismo, do islamismo e tantos outros que afirmam a continuidade da vida.
"Agora Bhikkhus, esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento”. (Samyutta Nikaya LVI.11)
“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” (João 5:24).
“Pensais, porventura, que vos criamos por diversão e que jamais retornareis a Nós?’’ (Alcorão Sagrado 23:115)
Ainda
falta muito para entendermos a morte como é. A perfeição de Deus nestes atos de
sofrimento, que parecem provocar em nós um sentimento de iniqüidade insuperável.
Por que Deus? Porque deixou que ele[s]
morresse[m].
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