sábado, 9 de fevereiro de 2013

os sonhos





A fase junguiana...
Percebi que os sonhos realmente representam o inconsciente. Jung definia o sonho em termos genéricos como “um autorretrato espontâneo, em forma simbólica, da real situação no inconsciente” (CW 8, parágrafo. 505). Ele via a relação do sonho com a consciência basicamente como uma relação compensatória. E o que ele queria dizer com compensatória?


Conteúdos reprimidos, excluídos e inibidos pela orientação consciente do indivíduo que passam para a inconsciência e lá formam um contrapolo da consciência. Essa contraposição se fortalece com qualquer aumento de ênfase sobre a atitude consciente até interferir com a atividade da própria consciência. Finalmente, conteúdos inconscientes reprimidos reúnem uma carga de energia suficiente para irromper na forma de sonhos, imagens espontâneas ou sintomas. [A Critical Dictionary of Jungian Analysis, Andrew Samuels, Bani Shorter, Alfred Plaut]


Isoladamente, estas não foram as palavras que mais me chamaram a atenção, foram duas observações: de que o símbolo é uma invenção inconsciente em resposta a uma problemática consciente e que; “Não se pode exercer nenhuma influência se não se é suscetível à influência” (CW 16, parágrafo. 163). Em outras palavras, os sonhos são reflexos dos processos internos querendo nos dizer algo.


Há uma frase que diz “semelhante sempre atrai semelhante” e que, apesar de acreditarmos que é o contrário, observando profundamente o suposto oposto, haverá – com certeza – uma identificação. Este mecanismo é válido nos processos de transferência e contratransferência, porque o paciente se projeta no terapeuta, tornando-se um espelho onde ele possa se analisar e ser analisado. Nos sonhos este mecanismo pode ser imperceptível, porém não menos eficiente. Se adotarmos que semelhante atrai semelhante, teremos uma ideia do quanto somos capazes de realizar a catarse.  "O reino de Deus está dentro de vós”. [Lucas 17:20-21].


Se os sonhos nos mostram como realmente somos, teremos a oportunidade de extinguir os processos – até então no inconsciente – reformulando as nossas ações. No meu sonho eu desempenhava coisas que jamais realizei, me rejubilando por qualidades inexistentes e capacidades deturpadas de que eu era capaz de superar os outros. Aquela sensação de poder ser melhor, acreditar ser melhor e impor o que me parecia ser o melhor. Uma arrogância dissimulada de ilusão, por acreditar que eu era o que não era. Todos passamos por isso, em maior ou menor grau. 

O importante é reconhecer que, se a oportunidade tivesse surgido, eu me comportaria exatamente assim. Como eu sei? Já agi assim e não percebi o que se passava no inconsciente. Pois aquele que se acha superior acaba por neutralizar a realidade. Impõe o seu ponto de vista conforme as suas convicções e não se dá ao trabalho de ouvir a voz, seja a voz interior ou dos outros. Nem percebe o quanto a situação se expunha burlesca, como aqueles personagens grotescos que riem de seus experimentos malévolos, esfregando as mãos nervosas com um olhar...





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