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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

EGO SEGUNDO ESPIRITISMO


1 – Eu ou ego

É a representação do espírito no mundo externo. Ele é, de um lado, a síntese momentânea da personalidade integral, do outro, uma função que permite a ligação da consciência com os conteúdos inconscientes. Através dele o espírito se realiza, transformando milhões de anos de evolução na efemeridade de um instante. A existência do ego é fundamental ao espírito, visto que sua manifestação direta no mundo sem esse intermédio tornar-se-ia impossível dada a natureza de sua essência.

Segundo Jung, o ego é o sujeito da consciência e surge constituído de disposições herdadas e de impressões adquiridas inconscientemente. Jung também considerava o ego um complexo. Creio também que o ego, por representar o self, também traz um modelo dele oriundo.

É a consciência emprestada ao mundo pelo espírito, dando-lhe a feição material. Torna-se sua manifestação de identidade ao se apresentar ao mundo. Mesmo durante o sono, nos estados de coma, na idade infantil, ele está presente, ainda que temporariamente inibido. No sono, face ao entorpecimento do corpo, ele se encontra mais livre dos condicionamentos da matéria carnal. Nos estados de coma, bem como no período de preparação reencarnatória permanece vigilante em face da possibilidade de deixar ou entrar no corpo. Na criança, logo após o nascimento, inicia-se nova fase de agregação de valores, emoções, conhecimentos e experiências para a estruturação de um novo ego.

Sem essa estrutura funcional é impossível a percepção da singularidade do espírito. É com o ego que o espírito se realiza e apreende as leis de Deus.

A cada nova experiência reencarnatória, quando ainda criança, por força da convivência social, a psique vai formando uma identidade pessoal que permite o aparecimento do ego. As fases estabelecidas por Piaget para o desenvolvimento cognitivo, sinalizam para a maturação de estruturas psíquicas, portanto perispirituais, no processo de aprendizagem. Essas fases descrevem de forma lógica como as capacidades latentes do espírito, já estruturadas no perispírito, alcançam a vida consciente, porém se referem necessariamente à formação do eu. Elas não se referem às capacidades do espírito. Sua estruturação se inicia a cada nova encarnação e desencarnação, visto que, sempre que a realidade externa muda radicalmente, ele se apresenta como recurso do espírito para o necessário aprendizado.

O corpo faz parte do eu ou ego enquanto este se sentir identificado com aquele. Por conseguinte o ego se autoestrutura contraindo-se ou se expandindo. Pode-se afirmar que o corpo é uma extensão da consciência.

Devemos pensar em conhecer o ego, estruturá-lo, redefini-lo. É equívoco pensar em renúncias e desapego para quem ainda não conseguiu, por motivos diversos, da atual ou de outras encarnações, estruturar adequadamente seu ego. O ego estabelece o domínio do tempo e do espaço. Por causa dele existe passado, presente e futuro. Da mesma forma delimita um espaço.

A entrada no corpo físico ou perispiritual, desloca a consciência do espírito para o ego. A matéria atrai o espírito à semelhança de um imã sobre um metal. O ego é um portal de acesso à zona consciente e elo de ligação psíquica da matéria com o perispírito. Por ele transitam experiências do campo da consciência, desde aquelas que são captadas diretamente pelos sentidos até as que são devolvidas do inconsciente.

O acesso do ego aos conteúdos do inconsciente gravados no perispírito, bem como às leis de Deus já conquistadas pelo espírito é automático e não depende da suspensão da consciência, porém nunca é direto, visto que eles são guardados no formato de símbolos conectados emocionalmente. O ego trabalha de forma linear e sequencial, portanto numa frequência incompatível à existente no perispírito. O que ocorre é que o acesso nem sempre é desejado, porém a influência dos conteúdos é constante. [PSICOLOGIA DO ESPÍRITO, Adenáuer Novaes]


2 – Dificuldades do ego

A transitoriedade da vida física responde pela morte rápida da ilusão e pela destruição dos seus castelos, produzindo lamentáveis estados emocionais naqueles que se lhes agarram com todas as veras. Logo percebem-se de mãos vazias, sem qualquer base em que apoiem e firmem as aspirações que acalentam.

As diversas enfermidades e as variadas frustrações, que se radicam no ego, têm, porém, uma historiografia muito larga, transcendendo a existência atual, remontando ao passado espiritual do ser. Não conhecendo a gênese das mesmas, o indivíduo centraliza, nas necessidades de afirmação da personalidade, os seus anseios, derrapando nas valas da projeção indébita do ego. Quando não se consegue aparecer através das realizações edificantes, mascara-se, e promove situações que vitaliza no íntimo, desde que chame a atenção, faça-se notar.

Em alguns casos, vitimado por conflitos rudes, elabora estados narcisistas e afoga-se na contemplação da própria imagem, em permanente estado de alienação do mundo real e das pessoas que o cercam. Patologicamente sente-se inferiorizado, e oculta o drama interior partindo para o exibicionismo, como mecanismo de fuga, sustentando-se em falsos pedestais que desmoronam e produzem danos psicológicos irreparáveis.

A criatura que não se conhece, atende ao ego, buscando tornar-se o centro das atenções mediante tricas e malquerenças, que estabelece com rara habilidade, ou envolvendo-se nos mantos que a tornam vítima, para, desse modo, inspirar simpatia, colimando o objetivo de ser admirada, tida em alta conta.

Toda preocupação que se fixa, conduzindo a autopromoção, constitui sinal de alarme, denunciando manifestação dominadora do ego em desequilíbrio, que logo gerará problemas. A conscientização da transitoriedade da existência física conduz o ser ao cooperativismo e à natural humildade, tendo em vista as realizações que devem permanecer após o seu desaparecimento orgânico.

Por outro lado, o autodescobrimento amadurece o ser, facultando-lhe compreender a necessidade da discrição que induz ao crescimento interior, à plenitude. Toda vez que alguém se promove, chama a atenção, mas não se realiza. Pelo contrário, agrada o ego e fica inquieto observando os competidores eventuais, pois que, em todas as pessoas que se destacam vê inimigos, face ao próprio desequilíbrio, assim engendrando novas técnicas para não ficar em segundo plano, não passar ao esquecimento.

O tormento se lhe faz tão pungente e perturbador que, em determinadas áreas das artes, criou-se o brocardo: Que se fale mal de mim; mas que se fale, numa asseveração de que a evidência lhes preenche o ego, mesmo quando é negativa. A Psicologia Transpessoal, diante de tal estado, propõe uma revisão dos conteúdos da personalidade, do ego, estabelecendo, como fator essencial no processo da busca da saúde, a conquista do ser pleno, realizador, identificando-se preexistente ao corpo e a ele sobrevivente, sem o que a vida se lhe torna, realmente, um sofrimento inevitável.

Nas faixas da evolução mais densa, em que estagia a grande mole humana, o sofrimento campeia, por ser uma forma de malho e de bigorna que trabalham o indivíduo, nele insculpindo o anjo e arrancando-lhe o demônio do primitivismo aí predominante. Ciúme, ressentimento, inveja, ódio, maledicência e um largo cortejo de emoções perturbadoras são os filhos diletos do ego, que deseja dominação e, na ânsia de promover-se, nada mais logra do que projetar a própria sombra, profundamente prejudicial, iníqua.

A superação dessa debilidade moral, dessa imaturidade psicológica ocorrerá, quando o paciente, de início, vigiar as nascentes do coração, conforme propôs Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, realizando um trabalho de crescimento emocional e uma realização pessoal plenificadores. Qualquer escamoteamento da situação mórbida constitui risco para o comportamento, face aos perigos que são produzidos pelos problemas do ego do­minador.[O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis]


3 – As máscaras do ego

No processo de estruturação da psique humana, o indivíduo realiza, consciente ou inconsciente, um movimento de repressão, bloqueando as negatividades do ego, devido ao fato desses sentimentos gerarem uma aversão muito grande, tanto por parte dele próprio, quanto de outras pessoas.

Essa é uma atitude pouco inteligente emocionalmente, pois o indivíduo mascara os seus sentimentos, originando as máscaras do ego, caracterizadas pela tentativa do ego parecer aquilo que não é. Há um movimento criado pelo ego para se defender, gerando a energia do pseudoamor, portanto, para parecer que é amor, característica própria do Ser Essencial. Esse fato retarda o processo do autoencontro, isto é, do encontro do indivíduo consigo mesmo, em Essência.

Na maioria das vezes, o indivíduo utiliza os mecanismos de defesa de forma inconsciente ou involuntária, numa tentativa de se proteger, tentativa que redunda numa falsa proteção. Outras vezes, utiliza-os de forma bastante consciente, sabendo que está fugindo de alguma coisa. Podemos encontrar várias modalidades de mecanismos de defesa do ego, nos quais as negatividades egóicas são mascaradas. Vamos analisar os mecanismos mais comuns, buscando perceber as negatividades do ego por trás delas.

a] Compensação
Mecanismo de defesa pelo qual se procura compensar um comportamento negativo, substituindo-o por um comportamento aparentemente positivo. O indivíduo busca, consciente ou inconscientemente, camuflar, reprimir os seus defeitos e fraquezas pessoais, que podem ser reais ou imaginários. Caracteriza-se pelo exagero pelo excesso das manifestações aparentemente positivas.

A compensação tenta desviar a atenção dos outros desses defeitos, sejam físicos ou morais, através da exacerbação de uma característica socialmente aceita e, muitas vezes, até exigida pelas pessoas como um comportamento verdadeiramente adequado. Mas, como esse comportamento é baseado na repressão das negatividades do ego não-trabalhadas, o que surge é apenas uma máscara que parece, mas não é, o valor essencial que se deseja.

b] Puritanismo
O indivíduo puritano exige de si mesmo e dos demais, uma pureza que está distante de internalizar. Tende a dar ênfase muito grande às questões sexuais. Coloca essas manifestações naturais do ser humano como algo pecaminoso, impuro. Por isso exige de si e dos outros uma conduta impoluta. Está sempre pronto a acusar os outros. Analisando a questão com profundidade, percebe-se que esse fenômeno é pura compensação por desejos sexuais reprimidos e vontade de levar uma vida promíscua, originados nas profundezas do ego, que a própria pessoa, consciente ou inconscientemente, se recusa a aceitar.

c] Fanatismo
O indivíduo fanático caracteriza-se pelo excesso de devotamento a uma causa ou idéia. Quem observa apenas o exterior, acha que é uma pessoa muito devotada à sua causa ou ideal. Mas é apenas aparência, pois se percebe, em uma análise profunda, que esse devotamento é apenas uma compensação inconsciente, resultado da insegurança interior sobre a veracidade daquilo em que se pensa acreditar.

d] Martírio
É aquele que faz o papel do bom moço. Está sempre disposto a “sacrificar-se para ajudar” os outros, mesmo que para isso tenha que passar por cima de suas necessidades. Não é capaz de dizer não. Por isso, todo mártir está, quase sempre, envolvido com uma ou mais “vítimas” para serem socorridas, atendidas por ele. Quem observa apenas a aparência, acha que ele é uma pessoa carismática, muito boa, sempre disposta a ajudar os outros. Mas, analisando a situação sem máscaras, percebe-se que o mártir bonzinho é apenas um indivíduo buscando compensar os sentimentos negativos que detêm e, por se sentir inferior aos demais devido a esses sentimentos, procura disfarçá-los fazendo tudo para os outros, para com isso ser aceito e querido por eles. Para sermos realmente bons, é necessário aceitar e transmutar as negatividades do ego, e não simplesmente escondê-las atrás de uma máscara.

e] Vitimização
Apresenta um sentimentos de autopiedade muito grande. Coloca-se como coitada, necessitando do auxílio dos outros. Quase sempre está associada com os mártires. A autopiedade surge como um movimento de compensação ao profundo sentimento de culpa e autopunição que a caracteriza.

Analisando-se profundamente, percebe-se que a pessoa que assim age, acha-se indigna do amor, devendo ser punida pelos seus erros e, ao mesmo tempo, coloca-se como coitadinha para conseguir migalhas de atenção para si.

f] Perfeccionismo
Procura fazer tudo perfeito. Exige essa perfeição de si mesmo e das outras pessoas também. Quando algo sai errado, como é comum acontecer, pois ainda estamos muito distantes da perfeição, o perfeccionista não aceita o erro. Culpa-se e pune-se por isso, quando é ele mesmo a errar, ou culpa e pune a outrem, quando outra pessoa praticou um ato errado.

Observando-se as aparências, poderemos achar que ter perfeccionismo é algo bom, pois a pessoa está sempre procurando fazer as coisas perfeitas. Mas isso é muito diferente da virtude da busca do aperfeiçoamento constante que provém do Ser Essencial, pois quem está nesse caminho, aceita que ainda não é perfeito e, portanto, admite o erro, analisando-o como um processo de aprendizado e crescimento. A pessoa que está em busca de aperfeiçoamento constante, torna-se alguém flexível, aceitando os erros, seus e dos outros, como experiências geradoras de aprendizado.

g] Euforia
É utilizada para compensar sentimentos de tristeza ou depressão. Para mascarar esses sentimentos, as pessoas utilizam recursos como álcool, drogas, festas, compras, sexo, etc. para fugir da tristeza ou depressão que sentem. Dizem que esses recursos lhes dão alegria, tirando-as do estado de depressão. Mas, se observarmos atentamente, perceberemos que essa alegria é falsa; é apenas euforia, pois uma vez cessado o efeito do álcool e das drogas ou terminada a festa, feitas as compras, voltam a sentir uma depressão ainda maior que a anterior, até que novamente fazem uso do mesmo expediente.

Todas as vezes que o indivíduo atuar através de atitudes exageradas, em qualquer área, estará camuflando desejos inconscientes opostos. A compensação leva o ego a mascarar esses desejos, ignorando o desequilíbrio que fica bloqueando e reprimindo no inconsciente.

O grande problema é que todo conflito recalcado não fica mascarado por muito tempo. Termina por aflorar com força, gerando distúrbios muito graves, dos quais a pessoa não poderá fugir. É necessário que cada indivíduo aceite as suas negatividades do ego, trabalhado pelo seu crescimento interior através de ações que, ao invés de mascará-las, venham a transmutá-las com a energia do amor. [PSICOTERAPIA À LUZ DO EVANGELHO DE JESUS, Alírio de Cerqueira Filho]


4 - Autoencontro

Possuímos duas estruturas em nosso psiquismo: o ego e o Ser Essencial (self). O Ser Essencial é a essência Divina amorosa que todo ser humano é, imagem e semelhança do Criador, e o ego é fruto da imperfeição e ignorância que ainda existem em nós formada pelo desamor e pelo pseudoamor.

Ser Essencial – é o centro da consciência, onde estão fixadas as características positivas e os valores reais do indivíduo. É o self, o nosso lado luz, amoroso, bom e belo, é a Essência Divina que somos. É o estado no qual encontramos todas as potencialidades de forma latente que vão emergir e se desenvolver, a partir do momento em que o indivíduo se identifica consigo mesmo, cujo ponto culminante é o estado de iluminação. Nele originam-se todos os sentimentos nobres que nos caracterizam, derivados da energia de amor que o compõe. É um campo de energia eletromagnética que pode estar expandido ou inibido, dependendo das camadas exteriores que compõem o ego. É o espírito propriamente dito.

Ego – camada de ignorância que envolve o Ser Essencial, onde ficam registradas todas as experiências equivocadas, nas quais não colocamos em prática o amor essencial. É composto de duas partes: 1] Negatividades do Ego – onde ficam registrados todos os sentimentos que representam a ausência do valor essencial. Esses sentimentos negativos apenas representam o movimento egóico de não-valor e por isso transitórios. Existem enquanto não nos dispomos a cultivar os sentimentos reais. 2] Máscaras do ego – é a parte disfarçada, onde o ego lança mão dos seus instrumentos de defesa e fuga. As máscaras originam-se na energia de pseudoamor, onde o indivíduo mascara as negatividades do ego com sentimentos aparentemente positivos.

Observando superficialmente os sentimentos mascarados, tem-se a impressão de que eles são reais, mas se os analisarmos profundamente perceberemos que eles são falsos, pois continuam sendo um não-valor que se origina na energia do pseudoamor para encobrir sentimentos oriundos na ausência do amor. As máscaras podem impedir o contato mais profundo com o Ser Essencial, pois, ao parecer que cultiva os valores essenciais, o indivíduo cristaliza esses sentimentos falsos. [PSICOTERAPIA À LUZ DO EVANGELHO DE JESUS, Alírio de Cerqueira Filho]

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

019 - o que é ego segundo filosofia



O ego é o mecanismo de equilíbrio e domínio das funções psíquicas. Para o terapeuta, o ego é primordial para a manifestação do ser, mesmo que não perceba que ele é construído de personalidades, máscaras, que tendem a criar uma aparente adaptação a esta realidade. Estas personalidades permitem que sobrevivamos aos conflitos, nos modelando conforme as circunstâncias e, deste modo, recriando as personalidades. São como máscaras que apresentamos a certas pessoas e obstáculos com o intuito intermediar as nossas impressões com aquelas apresentadas pelo mundo exterior. São conjecturas que, por serem altamente adaptáveis, correm o risco de perderem a estabilidade, entre tantas, as emocionais.

Nas análises psicológicas, um dos mecanismos para o conhecimento da personalidade do homem, ou seja, do ego, é “a transferência que nada mais é que um fenômeno que ocorre na relação entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis, as figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos serão vivenciados e sentidos na atualidade”. Esta transferência supostamente controlada examina os arquétipos e os significados do paciente, ou seja, os aspectos “visíveis” do ego. Porém outras conexões acontecem, em um nível que podemos dizer sobrenaturais, como por exemplo, a intuição, a inspiração ou a premonição. Estas conexões se estabelecem entre o analista e o paciente quase que inconscientemente, pois existem pessoas que se conscientizam da transferência que também é uma contratransferência e acabam por influenciar o terapeuta sem que ele o perceba, como, por exemplo, um sentimento de empatia ou desconfiança ilógica. Estas transferências são responsáveis pela constante mudança do ego, criando infindáveis máscaras, ou você ainda acredita que age igualmente com todos!


Estas diferenças que existem ao julgarmos duas pessoas com duas medidas são adaptativas e se criam a partir de nossas conjecturas. É um mecanismo de defesa do ego, nos adaptar ao que recebemos do outro, das informações que recebemos e inconscientemente modificadas para que a consciência haja diante daquelas informações. Por isso, acertadamente, não somos capazes de saber que é o outro. Ele não passa de um espelho de nossas conjecturas que são transferidas para ele. Ele de posse destas informações cria uma máscara que melhor possa se comunicar conosco, possa protegê-lo, proteger o ego. Portanto, o que vemos no outro, em parte, é o que queremos ver. Quero dizer, o que penso ver eu conjecturo e esta impressão chega ao outro que REAGE criando uma máscara, uma personalidade.

Este sistema de transferência e contratransferência é dinâmica e ininterrupta, como se ocorresse constantemente um upload e um download de informações, portanto as máscaras são complexas e altamente adaptativas, como nos sistemas virtuais interativos, com,o vemos nos jogos on-line. Este ego, para se manter coeso, mantendo sua autoridade sobre nós, modifica a percepção da realidade conforme a sua necessidade de nos proteger. De quem? De nós mesmos. Quando criamos o medo, criamos o sofrimento, e o ego, para nos manter seguros usa a estratégia de nos manter ocupados. Eliminar o medo não é o seu objetivo, mas diminuir o sofrimento é. Assim sendo ele usará os nossos julgamentos para manter a sua existência. O ego é um mecanismo avançado no caminho da consciência, no entanto é só o caminho no qual aprenderemos a controlar a nossa mente. Conhecer as suas potencialidades e atingir o autoconhecimento que tanto esclarecem os filósofos é a finalização do ego.

“Lembre-se de que a nossa percepção do mundo é um reflexo do nosso estado de consciência. Não estamos separados dele e não há um mundo objetivo fora dele. A cada momento, a nossa consciência cria o mundo em que habitamos. Um dos maiores insights que a física moderna teve foi o da unidade entre o observador e o observado: a pessoa que conduz a experiência – a consciência observadora – não pode ser separada dos fenômenos observados, e uma nova maneira de olhar leva os fenômenos observados a se comportarem de maneira diferente. Se você acredita na separação e na luta pela sobrevivência, vê essa crença refletida à sua volta e as suas percepções acabam sendo governadas pelo medo. Você vive num mundo de morte, lutas, uns atacando e matando os outros.

Nada é o que parece ser. O mundo que você criou e vê através da mente pode parecer um lugar bem imperfeito, até mesmo um vale de lágrimas. Mas o que quer que você perceba é somente uma espécie de símbolo, como uma imagem em um sonho. É o jeito pelo qual a sua consciência interpreta e interage com a dança de energia molecular do universo. Essa energia é o material bruto da assim chamada realidade física. Você a vê em termos de corpos e de nascimento e morte, ou como uma luta pela sobrevivência. Existe um número infinito de interpretações diferentes, de mundos completamente diferentes, tudo dependendo do que a consciência percebe. Cada ser é um ponto focal da consciência e cada ponto focal cria o seu próprio mundo, embora todos esses mundos se interliguem. Existe um mundo humano, um mundo das formigas, um mundo dos golfinhos, etc. Existem incontáveis seres cuja frequência de consciência é tão diferente da nossa que provavelmente não temos consciência da existência deles, assim como eles não têm da nossa. Seres altamente conscientes da ligação que mantêm com a Fonte habitam um mundo que para nós pareceria com um domínio celeste. Mas ainda assim todos os mundos são basicamente um só.

No momento em que a consciência humana coletiva tiver se transformado, a natureza e o reino animal irão refletir essa transformação. Aqui está a afirmação da Bíblia de que no futuro o leão vai se deitar ao lado da ovelha. Isso aponta para a possibilidade de um ordenamento da realidade completamente diferente.

O mundo tal qual se apresenta para nós é em grande parte um reflexo da mente. Sendo o medo uma consequência inevitável da ilusão criada pelo ego, é um mundo dominado pelo medo. Assim como as imagens em um sonho são símbolos dos estados interiores e dos sentimentos, assim a nossa realidade coletiva é uma expressão simbólica do medo e das pesadas camadas de negatividade até agora acumuladas na psique coletiva humana. Não estamos separados do nosso mundo, então, quando a maioria dos humanos se tornar livre da ilusão egóica, essa mudança interior vai afetar toda a criação. [...] De acordo com São Paulo, toda a criação está à espera de que os homens obtenham a iluminação. É assim que interpreto suas palavras: A criação aguarda, com impaciência, a revelação dos filhos de Deus”. O Poder do Agora. Eckhart Tolle.

017 - o que é ego segundo psicanálise

A minha percepção sobre o que é ego depende muito das minhas conclusões. E as tais conclusões surgem daquilo que nos modelam. Afinal, como todas as conclusões, elas também não passam de conjecturas. “Carl Gustav Jung considerava cada resposta à questão do significado como sendo uma interpretação humana, uma conjectura, uma confissão ou uma crença. Seja qual for a resposta dada à questão decisiva do significado da vida, sustentava que a resposta teria sido criada pela própria consciência de uma pessoa, e sua formulação, portanto, é um mito, uma vez que o homem não é capaz de descobrir a verdade absoluta. Sem um meio de estabelecer um significado objetivo, confiamos na verificação subjetiva como medida decisiva, e é nisto que analista e paciente também devem confiar psicoterapeuticamente”. [Dicionário de Análise Junguiana.] Se até ele considerava as interpretações como conjecturas, quem sou eu para me ater a racionalismos e regras.


Mas o que é ego? 


Através de Jung, e este por influência de Sigmund Freud, “o ego é a instância do aparelho psíquico que se constitui através das experiências do indivíduo e exerce, como princípio de realidade, função de controle sobre o seu comportamento, sendo grande parte de seu funcionamento inconsciente”. Eu não tenho uma visão tão materialista do ego, visto como um componente que somente exerce um equilíbrio entre a consciência e o inconsciente. E sobre o aparelho psíquico, deste modo, conclui que é o conjunto de conteúdos da consciência humana, ou dos estados e processos que estão na base da experiência subjetiva e do comportamento, e que têm uma ligação mais ou menos consciente com a percepção, o pensamento, a lembrança, a sensibilidade, a motivação e a ação. Assim sendo, jamais podemos extinguir o ego, pois ele é um mediador, e qualquer desequilíbrio constitui transtornos comportamentais, digo, neuroses ou psicoses, basicamente.


A este ego, os psicoterapeutas estabelecem regras, conjecturas, para conduzi-lo a um equilíbrio saudável, sem que haja anomalias comportamentais que, digamos, comprometam o equilíbrio social. O que gera conflitos indubitavelmente. Intolerâncias, preconceitos, padrões... Baseados, como Freud afirmava, em distúrbios provocados pelos desejos sexuais, a base de suas conjecturas. Enquanto Jung se desdobrava para conceituar a mente humana sem fazer referências às conexões amplas que chamaríamos de sobrenaturais ou daquelas pessoas detentoras de dons que supostamente lhe permitam conhecer coisas, dados, ocorrências etc. por meios sobrenaturais. Então ele reconceituou tudo como uma expressão do psiquismo humano, uma fantasia, um mito, uma infinidade de significados.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

os sonhos





A fase junguiana...
Percebi que os sonhos realmente representam o inconsciente. Jung definia o sonho em termos genéricos como “um autorretrato espontâneo, em forma simbólica, da real situação no inconsciente” (CW 8, parágrafo. 505). Ele via a relação do sonho com a consciência basicamente como uma relação compensatória. E o que ele queria dizer com compensatória?


Conteúdos reprimidos, excluídos e inibidos pela orientação consciente do indivíduo que passam para a inconsciência e lá formam um contrapolo da consciência. Essa contraposição se fortalece com qualquer aumento de ênfase sobre a atitude consciente até interferir com a atividade da própria consciência. Finalmente, conteúdos inconscientes reprimidos reúnem uma carga de energia suficiente para irromper na forma de sonhos, imagens espontâneas ou sintomas. [A Critical Dictionary of Jungian Analysis, Andrew Samuels, Bani Shorter, Alfred Plaut]


Isoladamente, estas não foram as palavras que mais me chamaram a atenção, foram duas observações: de que o símbolo é uma invenção inconsciente em resposta a uma problemática consciente e que; “Não se pode exercer nenhuma influência se não se é suscetível à influência” (CW 16, parágrafo. 163). Em outras palavras, os sonhos são reflexos dos processos internos querendo nos dizer algo.


Há uma frase que diz “semelhante sempre atrai semelhante” e que, apesar de acreditarmos que é o contrário, observando profundamente o suposto oposto, haverá – com certeza – uma identificação. Este mecanismo é válido nos processos de transferência e contratransferência, porque o paciente se projeta no terapeuta, tornando-se um espelho onde ele possa se analisar e ser analisado. Nos sonhos este mecanismo pode ser imperceptível, porém não menos eficiente. Se adotarmos que semelhante atrai semelhante, teremos uma ideia do quanto somos capazes de realizar a catarse.  "O reino de Deus está dentro de vós”. [Lucas 17:20-21].


Se os sonhos nos mostram como realmente somos, teremos a oportunidade de extinguir os processos – até então no inconsciente – reformulando as nossas ações. No meu sonho eu desempenhava coisas que jamais realizei, me rejubilando por qualidades inexistentes e capacidades deturpadas de que eu era capaz de superar os outros. Aquela sensação de poder ser melhor, acreditar ser melhor e impor o que me parecia ser o melhor. Uma arrogância dissimulada de ilusão, por acreditar que eu era o que não era. Todos passamos por isso, em maior ou menor grau. 

O importante é reconhecer que, se a oportunidade tivesse surgido, eu me comportaria exatamente assim. Como eu sei? Já agi assim e não percebi o que se passava no inconsciente. Pois aquele que se acha superior acaba por neutralizar a realidade. Impõe o seu ponto de vista conforme as suas convicções e não se dá ao trabalho de ouvir a voz, seja a voz interior ou dos outros. Nem percebe o quanto a situação se expunha burlesca, como aqueles personagens grotescos que riem de seus experimentos malévolos, esfregando as mãos nervosas com um olhar...