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sexta-feira, 16 de maio de 2014

CONCEPÇÃO

Decisões que podem mudar completamente as nossas vidas podem parecer frequentes, mas as que mudam intimamente quem somos, nossas crenças e limitações, são tão raras que podem acontecer uma única vez em muitas vidas.

Este é o meu dilema.

Para aquele que me observa, e mesmo que me conhecesse muito bem, não entenderia e não aceitaria a minha decisão. Soa desagradável porque fomos criados para agir e julgar segundo crenças religiosas, éticas, morais bem estabelecidas e não nos rebelamos diante destas, pois seríamos rotulados como transgressores. Cometeríamos blasfêmias e nem saberíamos porque agimos assim. O medo de desvirtuar a realidade exige que sejamos mantenedores das crenças. E elas são boas. Nos permitem criar um ambiente de segurança para os medos, porque elas também criam os medos.

Para alguns, que se rebelam às leis, às crenças, surgem um forte antagonismo que cria uma desarticulação de quem ele é. Deste modo assume uma outra crença e outra verdade que lhe pareça melhor. E por acreditar em suas convicções, tenta impô-las por obstinadamente acreditar que as suas verdades são melhores.

São os conflitos de crenças que geram a soberba.

Mas e quando não existe outra crença ou modelo que possa nos interessar. Podemos fundir alguns aspectos de várias crenças e/ou torna-las menos rígidas ou até mais, conforme nossas crenças pessoais, que por mais desarticulada que possa ser de sua origem, vê sua nova realidade, crença, com os olhos – ideias e pensamentos – das crenças que foram seus professores.

Mas e quando nenhuma realmente nos identifica, ainda somos quem sempre fomos, buscamos respostas, lutamos por nossas verdades, aprendemos conforme as religiões dizem. E quando desistimos de ser o que as crenças ditam, parecemos, por um tempo, solitários e perdidos. Não queremos defender nenhuma bandeira, e nem abandonar o que nos une, as crenças, o ego coletivo.

Fica uma forte sensação de apatia, que para não ser, precisa de tempo e discernimento. Por isso é uma escolha de muitas vidas, ou ainda acredita que é governado pelo acaso e suas escolhas são somente aquelas que dita o livre-arbítrio?

A verdade é que não sabemos que jogo estamos jogando, quais os objetivos que decidimos antes e nascer. Eu demorei, mas hoje sei que escolhi a doença, não com o propósito de me curar ou encontrar a cura ou simplesmente me resignar, mas para que fosse possível ir além do que acreditamos, ir além das limitações, ir além dos meus medos e vislumbrar um maravilhoso mundo novo.

Para aceitar o desconhecido não basta conhecer o caminho. Saber o caminho não é a mesma coisa que trilhar o caminho. Diante do novo, que nos atemoriza, ouvimos nosso ego gemendo contra o que advém. Tomar uma decisão séria baseada em intuição e conjecturas parece infantilidade e ignorância. Ou evitar que as ilusões sejam apresentadas, e assim manter nossas crenças conforme o ego nos convence de sua primazia, não seria infantilidade, ignorância e egoísmo? Mas quando a realidade e a crença se autodestroem só nos resta seguir em frente, o desconhecido.

“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”. Buda.

sábado, 4 de janeiro de 2014

116 - todas as coisas são reais?

Todas as ações são reais.

Mentira. Existem coisas que não são bem a verdade, mas podemos chamá-las de verdade. Esqueçam isto, não quero explicar quais destas ações podem ser reais ou não. O importante é saber que existem ações que não “parecem reais”. Quando um médico afirma, ele se baseia em certezas médicas que encontraríamos em teses e pesquisas científicas, mais as evidências do sucesso destas, aplicados e comprovados pela experiência. Usam diagnósticos avançados e tecnologia que atestem os procedimentos que são sempre reescritos conforme as observações se mostrem mais apuradas.

Então surgem as “anomalias”. E para que as ações – sobretudo médicas – não percam credibilidade ou criem dúvidas, estabeleceu-se que o não-normal seria negligenciado. Não se podem concentrar as ações reais no que é anormal. O problema é que também negligenciamos a essência humana que é sempre evoluir, encontrar novas verdades. Digo, expandir o conceitos e encontrar a verdade. Esta busca será sempre inalcançável, mas prioritária.

Por que a gravidez imaginária acontece? Ou que algumas amputações traumáticas não causam dor? Certos remédios não curam, apesar de sua eficácia comprovada? E certos placebos curam? E que doenças incuráveis podem ser curadas e pessoas iludidas pelo medo morrem. O conceito de poder da mente é uma ciência que engatinha, contudo existe a milhares de anos. Não cabe aqui julgar quem esconde ou mente.

Parece inacreditável que o pensamento crie os modelos e as normas que regem este mundo e, ao mesmo tempo, cria modelos e normas deturpadas e incoerentes. Estamos sempre recriando as ações de nossos antepassados e desta forma não percebemos que poderíamos moldar novas percepções. Parece difícil aceitar que a mudança de pensamento poderia curar. Mas é muito mais incrível que possamos nos iludir com crenças limitadoras que afirmam ser Deus menos do que perfeito. Que destrói, que controla e faz sofrer, que ama somente quem faz o bem e opta. Que por vezes não interfere, porém parece ter preferências.
É um jogo de interesses, tanto daqueles que controlam, quanto de nós. Nós, que aproveitamos esta situação caótica para encontrar o caminho da evolução. Toda a ação do mal passa pelo crivo da bondade de Deus.

Pensar é domar o pensamento e usá-lo a nosso favor. Acreditar que as anormalidades são sinais que dizem: experimente novas verdades e descubra a verdade real. Assim como Buda, quando nos ensina que ao alcançar a iluminação, estaremos apenas aprendendo o caminho para a verdadeira iluminação. Que todas as ações – meios hábeis – são meios para se atingir a iluminação. 

“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.


Acreditando ou não nas capacidades humanas, se acreditar nas capacidades de Deus que está em cada um de nós, acreditará que todas as coisas são possíveis. Acho que precisarei fazer um podcast para tentar mostrar o quanto podemos nos boicotar ao determinar que tudo que nos dizem é imutável e permanente.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

BIOMEMBRANA


Meu momento de "eureca" foi parecido com a dinâmica de algumas soluções hipersaturadas da química. São soluções que parecem apenas água, mas que estão tão saturadas de substâncias dissolvidas que uma simples gota a mais pode causar uma reação enérgica e transformar a mistura em um grande cristal. 


Este momento “eureca”, nas religiões, é descrito como um momento de iluminação, o samadhi. Não é nada diferente, no entanto nos aparenta certa estranheza que uma descoberta cientifica possa ter o mesmo valor de uma iluminação espiritual. Ambas não passam de momentos de quebra de barreiras, de paradigmas, que ocasionam um despertar ou um esclarecimento. Mas este relato do Dr. Bruce Lipton se enquadra em percepções do real funcionamento do homem, enquanto os santos, nas reais percepções de Deus, o que para mim não passa de semântica, já que Deus e homem são uma única expressão.


Em 1985, eu estava morando em uma casa alugada em uma ilha no Caribe lecionando numa escola de medicina. Eram duas horas da manhã e eu estava revendo todas as anotações sobre biologia, química e física a respeito da membrana celular que tinha feito nos últimos anos, em uma tentativa de encontrar uma ligação entre elas que me revelasse seu funcionamento. Foi então que um momento de vislumbre me transformou por completo, não em um cristal resultante de misturas hipersaturadas de laboratório, mas em um biólogo consciente do funcionamento da membrana que não tinha mais desculpas para não assumir o controle da própria vida. 

Naquele instante, redefini toda a minha compreensão do funcionamento da organização estrutural da membrana. Comecei a visualizar todo o processo desde as moléculas fosfolipídicas em formato de pirulito, organizadas como soldados enfileirados em um desfile. Por definição, estruturas cujas moléculas se organizam em padrões regulares e repetidos são cristais. Há dois tipos básicos de cristal: o primeiro é o mineral, como os diamantes, rubis e até mesmo o sal; o segundo tem estrutura mais fluida embora suas moléculas tenham o mesmo padrão organizado. Um exemplo bem conhecido é o do cristal líquido dos relógios digitais e das telas de laptops. 

Para explicar melhor o conceito de cristal líquido, vamos usar novamente o exemplo dos soldados em uma parada militar. Ao virar em uma esquina, os soldados mantêm a estrutura e o ritmo do regimento mesmo que tenham de passar enfileirados, um a um. Movimentam-se como as moléculas do cristal líquido, sem perder a organização. As moléculas fosfolipídicas da membrana seguem o mesmo padrão. Sua organização fluida e cristalina permite flexibilidade de movimentos e de formato, porém sem perder a integração da estrutura, qualidade essencial para que a barreira interna se mantenha intacta. Portanto, para definir claramente a membrana, fiz a seguinte anotação: "A membrana é um cristal líquido". 

Comecei então a associar o fato de que uma membrana que contivesse apenas fosfolipídios seria como o sanduíche de pão com manteiga sem as azeitonas [as azeitonas furadas são como canais entre o meio externo e interno da célula e a manteiga a própria membrana impermeável]. O corante não conseguiria atravessar a barreira de manteiga. Um sanduíche desse tipo não seria um condutor. No entanto, se adicionássemos as "azeitonas" de PIMs, poderíamos observar que a membrana é condutora de determinadas substâncias, mas impede a passagem de outras. Adicionei então outro comentário: "A membrana é um semicondutor". 

Por fim, adicionei uma descrição dos dois tipos mais comuns de PIM [azeitonas], as receptoras e as executoras, chamadas de canais porque permitem às células receber nutrientes importantes e expelir dejetos. E já estava para fazer a anotação de que as membranas contêm "receptores e canais" quando outra imagem me veio à mente: a de uma porta. Então, completei a descrição com a frase "as membranas contêm portas e canais".

Reli então a frase inteira: "A membrana é um semicondutor de cristal líquido com portas e canais". 

O que me surpreendeu foi o fato de saber que tinha lido ou ouvido aquela mesma frase em algum lugar, mas não me lembrava onde. Só tinha certeza de que a frase que tinha ouvido não estava ligada à biologia. 

Quando me reclinei na cadeira, a primeira coisa que me chamou a atenção foi meu novo Macintosh que estava sobre a mesa, meu primeiro computador. Ao lado dele estava um exemplar de capa vermelha do livro Understanding your microprocessor [Entenda seu microprocessador] que eu havia comprado em uma loja. Peguei o livro, comecei a folhear e encontrei, na introdução, a definição de um chip de computador: "Um chip é um semicondutor de cristal com portas e canais".

Fiquei ali parado, impressionado com a ideia de que um chip e a membrana de uma célula podem ter a mesma definição técnica. Passei mais alguns minutos, mergulhado no livro, lendo e comparando biomembranas e semicondutores de silício. Fiquei ainda mais impressionado ao perceber que não se tratava de mera coincidência. A membrana celular tem realmente estrutura e funções equivalentes (homólogas) às de um chip de silício.
Biologia da Crença. Bruce H. Lipton.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

barganhar conosco


Sobre as curas mentais, de um comportamento em desequilíbrio que provoca anomalias físicas, tanto na bioquímica cerebral quanto nas funções das células dos mais variados órgãos do corpo, só podemos combater este comportamento com as mesmas armas.


A mente, sobretudo a mente inconsciente ou subconsciente, armazena os princípios adquiridos com a experiência. Ou seja, estabelecemos “leis pessoais” pautadas nas ideias experimentadas e que ficam armazenadas no subconsciente com o intuito de nos dirigir as ações conscientes. Costumamos chama-lo de ego. Infelizmente, a maioria de nossas ideias, aquelas que se tornam leis pessoais, verdadeiros protocolos a nos conduzir, surgem na infância e raramente são reavaliadas.


Qualquer conceito que apreendemos de forma equivocada se torna uma diretriz. Esta diretriz fundamentalmente nasce das observações de exemplos, em essência dos nossos pais, e passam pelo crivo de nossas experiências que são, de certo modo, corruptíveis. Por isso o valor dos primeiros exemplos, pais, na formação de experiências seguras que ficarão armazenadas na mente. Por isso somos o espelho de nossos pais. Por mais que neguemos as suas atitudes, e alguns até as odeiam, não podemos fugir de nossas “leis pessoais”. O que eu posso dizer é que estas leis não são absolutas, nem irrevogáveis, mas o primeiro passo é admitir que possuímos as mesmas falhas que observamos em nossos exemplos. Mesmo aqueles que admiramos possuem as suas fraquezas. Somos humanos ainda. 


Admitindo as suas fraquezas – eu me refiro a você e a mim –, é preciso aceitar que as ideias que construiu sobre determinadas ações também podem ter sido compreendidas erroneamente. A pouca experiência faz com que muitas das nossas admirações se consolidem antes de serem raciocinadas adequadamente. Uma mente saudável é aquela que se coloca constantemente em dúvida e reavalia os seus conceitos. Se este processo ocorrer depois de alguns anos, poderá ser difícil, até doloroso. Quase uma quebra de paradigma pessoal. Pode se apresentar como uma iluminação em alguns casos. Mas o maior ganho seria se ocorresse sempre que nossas ideias fossem surgindo, sem medo de rever. Admita que as suas ideias da infância jamais deveriam ter sido consolidadas a ponto de serem mantidas como “leis pessoais” por toda a vida. Toda ideia deve ser suplantada por outra melhor, senão qual a lógica de sermos seres racionais?


Qual a vantagem em se manter as ideias do passado, colhidas por uma mente frágil e suscetível a influências? Ou você ainda acredita que a mente não muda? Este é o papel das doenças, forçar e romper a carapaça de nossas ilusões.


Qual medo se esconde atrás de você e te impede de transformar a vida? Ainda se justifica com palavras como: Os meus pais faziam assim, portanto...


sexta-feira, 29 de março de 2013

aonde quero chegar?



Somos instruídos a perpetuar os modelos vigentes, somos felizes? Romper com os modelos ainda não é a solução. Entretanto e se for possível rever certos conceitos! Não acredito que em somente uma vida o espírito alcance todo o seu potencial, mesmo porque Deus seria injusto com aqueles que nasceram em desvantagens. E se Deus simplesmente nos cria com o intuito de testar a nossa fé, como eu poderia crer nEle se, para alguns a vida fosse fácil e para outros um caminho cheio de espinhos?! Onde está a justiça, um dos nomes de Deus? Não tenho outra opção senão acreditar na reencarnação, quanto ao que acontece após a morte, existem controvérsias.


O processo reencarnatório existe somente porque acumulamos dívidas que os orientais chamam de carma. E o carma existe só por causa da reencarnação. Este é um método justo que explica o porquê de haver tantas diferenças. Compensações, que no fim, equiparão todos os seres vivos, aqui eu ressalto que há a interferência do tempo, ou melhor, a não-interferência do tempo. Não queiram compreender.


O que justifica o carma é a ilusão. Neste ciclo de nascimento, velhice, morte e renascimento, o carma é reflexo das nossas ilusões, de acreditar que a evolução espiritual depende dos obstáculos. Portanto, desfeito o apego – a ilusão de querer ou não querer, que gera o sofrimento – é desfeito o carma e a reencarnação finda. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade, volto a frisar...


“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.



Talvez fique mais claro se lermos esta parábola.


Parábola da cidade fantasma.
Suponhamos que existe um troço de estrada mau com quinhentas yoganas de extensão, íngreme e difícil, selvagem e deserto, desabitado, verdadeiramente temível. E suponhamos que existe um certo número de pessoas que quer passar por essa estrada para alcançar um lugar onde existem tesouros raros. Eles têm um líder, de grande sabedoria e entendimento apurado, que está perfeitamente familiarizado com esta estrada íngreme, conhece a disposição das suas passagens e obstáculos, e que está preparado para guiar este grupo de pessoas acompanhando-as neste terreno difícil. “O grupo liderado por ele, após ter percorrido parte do caminho, fica desencorajado e diz ao líder, “Estamos completamente exaustos e assustados. Não podemos ir mais longe. Uma vez que ainda existe uma distância tão longa por percorrer, gostaríamos de voltar agora para trás.

O líder, um homem de muitos expedientes, pensa para si, “Que pena eles abandonarem os muitos tesouros raros que procuravam e quererem regressar!” Tendo tido este pensamento, ele recorre ao poder dos meios expeditos e, tendo eles percorrido trezentas yoganas ao longo da estrada íngreme, conjura uma cidade. Ele diz ao grupo, “Não tenham medo! Não devem voltar atrás, porque existe agora uma grande cidade onde podem parar, descansar e fazer o que vos apetecer. Se entrarem nesta cidade estarão completamente à vontade e tranquilos. Então depois, se sentirem que conseguem ir até ao local onde está o tesouro, podem deixar a cidade.” “Nessa altura os membros do grupo, completamente exaustos, rejubilaram, exclamando perante evento tão inesperado, “Agora podemos escapar desta estrada medonha e encontrar sossego e tranquilidade!” As pessoas do grupo apressaram-se a entrar na cidade onde, sentindo-se salvos das suas dificuldades, tiveram uma sensação de completo sossego e tranquilidade.

Nessa altura o líder, sabendo que as pessoas estavam já descansadas e já não tinham temor ou preocupação, desvanece a cidade fantasma e diz para o grupo, “Agora devem continuar. O lugar onde se encontra o tesouro fica perto. Essa grande cidade de há pouco era um mero fantasma que eu conjurei para que pudessem descansar.”

[...]

Ele sabe que a estrada do nascimento, da morte e dos desejos mundanos é íngreme, difícil e extensa, mas tem que ser percorrida, tem de ser ultrapassada. Se os seres viventes ouvirem falar apenas do veículo Búddhico, eles não quererão ver o Buddha, não quererão chegar perto dele, mas pensarão de imediato, “O caminho do Buddhado é longo e é necessário trabalhar diligentemente e suportar dificuldades durante um longo período antes de poder alguma vez ser bem sucedido!

O Buddha sabe que as mentes dos seres viventes são tímidas, fracas e pobres, e assim, usando o poder dos meios expeditos, ele prega dois nirvanas [iluminação] por forma a providenciar um lugar de repouso ao longo do caminho. Se os seres viventes escolhem permanecer nestes dois lugares, então o Tathagata diz-lhes: “Vocês ainda não entenderam o que tem de ser feito. Este estado em que vocês escolheram permanecer está próximo da sabedoria Búddhica. Mas deveis observar e ponderar melhor. Este nirvana que alcançásseis não é o verdadeiro nirvana. O que sucedeu foi simplesmente que o Tathagata, usando o poder dos meios expeditos, tomou o único veículo Búddhico e estabelecendo distinções, pregou-o como se fosse triplo.


Eventualmente estamos trilhando a primeira etapa do caminho para a iluminação e que consiste basicamente de romper com as expectativas. De nos desprender do apego que gera todas as facetas do sofrimento humano, que vão desde o temor exagerado até o extremo de euforia. Enfim, encontrar o caminho do meio que tende a ser uma compreensão das virtudes e dos vícios que nos molda e não uma neutralização dos sentimentos. No início realmente parecer ser uma desintegração das emoções, como se fôssemos dominados pelas emoções incontroláveis que, em essência, nós chamamos de ego. Mas, este caminho de aparente controle das emoções não é uma eliminação dos sentimentos e sim uma dominação do ser crístico, do estado búdico, que se sobrepõe ao ego e dirige o nosso espírito. Passamos a controlar a nossas vidas através de Deus que está dentro de nós, enquanto o ego, pelos medos, reage às impressões de um mundo de ilusão...


domingo, 24 de fevereiro de 2013

026 - o que é ego segundo tiago


Antiego.


Bom, já está na hora de falarmos de um novo aprendizado no que diz respeito ao ego e sua extinção. Já me referi, anteriormente, que o ego é indispensável enquanto o usarmos. Mas quando é que ele deve ser erradicado? – Foi o que Tiago disse. Eu tentei me lembrar das designações que estão descritas nos dez artigos anteriores.


isto é um enigma? Deixe-me pensar. Baseado no fato de que as religiões pregam o fim do ego como o fim primordial para se alcançar a iluminação espiritual, ele só será erradicado quando for desnecessário para o espírito. Se bem me lembro, existe uma citação de Buda de que o ego só seria completamente extinto ao fim da vida...


Então ele me interrompeu. – No entanto, sabendo que o ego é uma ferramenta de relacionamento entre todos os homens, a chance de que ele venha a ser erradicado é quase zero.


A psicanálise considera o ego um mecanismo de controle, de equilíbrio. Um mediador entre a consciência e o inconsciente. Dando ao ego uma aparência de imprescindibilidade. Enquanto estivermos vivos, estaremos tentando controlá-lo. Digo, tentando evitar que ele se anarquize e, agindo através dos excessos emocionais, comande as nossas ações, as nossa atitudes e pensamentos. – Parei por um instante, esperava que Tiago completasse alguma falha, mas ele não se manifestou. – Contudo parece existir uma brecha, como acabar com o ego quando ainda o necessitamos?


A esta brecha, existem duas situações, mas nenhuma delas dá conta de uma extinção do ego. O ego é indestrutível! Alcançar o fim do ego é como correr para uma meta e descobrir que, ao fim da jornada, ela era outra. Uma isca. Não pense nisto agora pois é como descrever algo que nunca tenha experimentado.


Fiquei um pouco surpreso, depois de tudo o que li, eu percebi o erro. – Todos descrevem métodos e práticas para findar o apego ao ego, mas ninguém realmente diz como é ser assim, sem ego. Os poucos que se arriscam em explicar um ser sem-ego, não-eu, fazem-no por analogias com as sensações e palavras disponíveis. Por isso usam tantas parábolas e exemplos relativos?!

Exatamente. Descrever o mel pode gerar uma infinidade de descrições, os valores adquiridos pelos cinco sentidos, inclusive as percepções captadas por um sexto sentido, valores modificados e criados pela consciência, mas, basta experimentar o mel e todas as descrições se tornarão insuficientes. Assim como a descrição de Deus, se poucos se preocupam em experimentar...


Mesmo em uma condição onde o ego pareça não existir, ele existirá?


Tiago sorriu em concordância. – Lembra-se da parábola da cidade fantasma? Buda descreve que todo os ensinamentos são apenas uma isca para que, quando estivermos prontos, realmente percebamos o caminho para a iluminação. A cidade fantasma é apenas uma analogia para que não desistamos de atingir a iluminação porque, à primeira vista, nos parece impossível ou incompreensível. Libertar-se do ego é um engodo.


Então é impossível extinguir o ego?


Em termos, sim. – Tiago se pôs na defensiva. – Quando chegamos, depois de executar um infindável número de práticas espirituais, às portas da iluminação, estaremos prontos para entender que aquilo que chamamos de iluminação não passava de um chamariz. Porque sem estas práticas, não é possível compreender o que os mestres querem dizer sobre a iluminação, ou extinção do ego, ou a manifestação do não-eu, estado búdico. Buda se refere a dois nirvanas nesta parábola da cidade fantasma, sendo a própria cidade um recanto para o descanso dos peregrinos, portanto uma iluminação parcial?! Entendeu?


O conceito sim, Depois que eu experimentar o que é iluminação, te direi o que é. – confesso o meu sarcasmo. – Mas se não podemos eliminar o ego, agora eu te pergunto: Porque todos teimam em pregar a anulação do ego?


Usou o verbo correto, anular. Tornar-se nulo ou sem efeito; provocar total destruição de; perder a identidade e; aquela de que mais gosto, obter vitória sobre. Nunca foi uma questão de extirpar, mas sim se converter o ego em algo novo, mudar a sua essência. A intenção de Buda, por exemplo, ao nos falar sobre o não-eu com o objetivo de eliminarmos o sofrimento e a impermanência já nos diz que o ego resiste, o que morre é a essência conflituosa que torna o ego como ele é, quero dizer, anular o ego é simplesmente tomar controle sobre ele. – se ele não encontrava palavras, por sua vez eu estava entendendo assim mesmo. – A fórmula padrão afirma que aquilo que é impermanente é dor ou sofrimento, e aquilo que é impermanente, sofrimento e sujeito à mudança não pode ser considerado como meu ou eu. Este é o princípio do não-eu.


Se o ego não é extinto, por que se fala em extinção?


Não há razões para se tentar extinguir uma inextinguível atividade do espírito. Assim como não se pode remover quaisquer dos atributos que determinam o que Deus é, ou que nós somos. Toda esta explicação sobre não-eu e anulação do ego só esta nos confundindo. Pense que, ao mudar o ego, de suas ações instintivas para conscientes, estaremos criando um ego invertido, um antiego.


Tive que me calar. – Um antiego seria?!


Um ego com atributos superiores, um não-eu, cuja função é eliminar sistematicamente o que torna o ego desprezível. Inclusive aquelas personalidades aparentemente saudáveis que, infelizmente, se baseiam em esquemas de submissão ao medo. Um antiego é um ego destituído de personalidades controladoras, tem uma visão de compaixão por saber que não há necessidade de julgamentos...


Porque somos todos um. Um antiego pode exercer plenamente o discernimento, mesmo sabendo que ele não fará uso dele. – não vejo razão para que alguém que se considerasse o todo, precisasse fazer distinção. – Então, porque o ego não é extinto?


Porque é o meio pelo qual interagimos e criamos este mundo. O ego constrói uma imagem deturpada porque ele interpreta o mundo conforme a sua reação aos estímulos externos, e temos que considerar a ideia coletiva perpetuada pelos homens. O antiego, um não-eu, desapegado das impressões oferecidas pelas ideias coletivas, se baseia na certeza máxima de que Deus é perfeição, todas as coisas levam a esta perfeição. Tudo aquilo que chamamos de mal passa inexoravelmente pelo crivo da bondade dEle. Não pense que o alvo final da jornada humana é a extinção do ego, mas sim a evolução do ego para parâmetros de autodomínio das atividades emocionais. Até podemos chamar de extinção do ego, mas sem algum resquício do que chamamos de ego, deixaremos de possuir individualidade.


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