sexta-feira, 29 de março de 2013

aonde quero chegar?



Somos instruídos a perpetuar os modelos vigentes, somos felizes? Romper com os modelos ainda não é a solução. Entretanto e se for possível rever certos conceitos! Não acredito que em somente uma vida o espírito alcance todo o seu potencial, mesmo porque Deus seria injusto com aqueles que nasceram em desvantagens. E se Deus simplesmente nos cria com o intuito de testar a nossa fé, como eu poderia crer nEle se, para alguns a vida fosse fácil e para outros um caminho cheio de espinhos?! Onde está a justiça, um dos nomes de Deus? Não tenho outra opção senão acreditar na reencarnação, quanto ao que acontece após a morte, existem controvérsias.


O processo reencarnatório existe somente porque acumulamos dívidas que os orientais chamam de carma. E o carma existe só por causa da reencarnação. Este é um método justo que explica o porquê de haver tantas diferenças. Compensações, que no fim, equiparão todos os seres vivos, aqui eu ressalto que há a interferência do tempo, ou melhor, a não-interferência do tempo. Não queiram compreender.


O que justifica o carma é a ilusão. Neste ciclo de nascimento, velhice, morte e renascimento, o carma é reflexo das nossas ilusões, de acreditar que a evolução espiritual depende dos obstáculos. Portanto, desfeito o apego – a ilusão de querer ou não querer, que gera o sofrimento – é desfeito o carma e a reencarnação finda. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade, volto a frisar...


“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.



Talvez fique mais claro se lermos esta parábola.


Parábola da cidade fantasma.
Suponhamos que existe um troço de estrada mau com quinhentas yoganas de extensão, íngreme e difícil, selvagem e deserto, desabitado, verdadeiramente temível. E suponhamos que existe um certo número de pessoas que quer passar por essa estrada para alcançar um lugar onde existem tesouros raros. Eles têm um líder, de grande sabedoria e entendimento apurado, que está perfeitamente familiarizado com esta estrada íngreme, conhece a disposição das suas passagens e obstáculos, e que está preparado para guiar este grupo de pessoas acompanhando-as neste terreno difícil. “O grupo liderado por ele, após ter percorrido parte do caminho, fica desencorajado e diz ao líder, “Estamos completamente exaustos e assustados. Não podemos ir mais longe. Uma vez que ainda existe uma distância tão longa por percorrer, gostaríamos de voltar agora para trás.

O líder, um homem de muitos expedientes, pensa para si, “Que pena eles abandonarem os muitos tesouros raros que procuravam e quererem regressar!” Tendo tido este pensamento, ele recorre ao poder dos meios expeditos e, tendo eles percorrido trezentas yoganas ao longo da estrada íngreme, conjura uma cidade. Ele diz ao grupo, “Não tenham medo! Não devem voltar atrás, porque existe agora uma grande cidade onde podem parar, descansar e fazer o que vos apetecer. Se entrarem nesta cidade estarão completamente à vontade e tranquilos. Então depois, se sentirem que conseguem ir até ao local onde está o tesouro, podem deixar a cidade.” “Nessa altura os membros do grupo, completamente exaustos, rejubilaram, exclamando perante evento tão inesperado, “Agora podemos escapar desta estrada medonha e encontrar sossego e tranquilidade!” As pessoas do grupo apressaram-se a entrar na cidade onde, sentindo-se salvos das suas dificuldades, tiveram uma sensação de completo sossego e tranquilidade.

Nessa altura o líder, sabendo que as pessoas estavam já descansadas e já não tinham temor ou preocupação, desvanece a cidade fantasma e diz para o grupo, “Agora devem continuar. O lugar onde se encontra o tesouro fica perto. Essa grande cidade de há pouco era um mero fantasma que eu conjurei para que pudessem descansar.”

[...]

Ele sabe que a estrada do nascimento, da morte e dos desejos mundanos é íngreme, difícil e extensa, mas tem que ser percorrida, tem de ser ultrapassada. Se os seres viventes ouvirem falar apenas do veículo Búddhico, eles não quererão ver o Buddha, não quererão chegar perto dele, mas pensarão de imediato, “O caminho do Buddhado é longo e é necessário trabalhar diligentemente e suportar dificuldades durante um longo período antes de poder alguma vez ser bem sucedido!

O Buddha sabe que as mentes dos seres viventes são tímidas, fracas e pobres, e assim, usando o poder dos meios expeditos, ele prega dois nirvanas [iluminação] por forma a providenciar um lugar de repouso ao longo do caminho. Se os seres viventes escolhem permanecer nestes dois lugares, então o Tathagata diz-lhes: “Vocês ainda não entenderam o que tem de ser feito. Este estado em que vocês escolheram permanecer está próximo da sabedoria Búddhica. Mas deveis observar e ponderar melhor. Este nirvana que alcançásseis não é o verdadeiro nirvana. O que sucedeu foi simplesmente que o Tathagata, usando o poder dos meios expeditos, tomou o único veículo Búddhico e estabelecendo distinções, pregou-o como se fosse triplo.


Eventualmente estamos trilhando a primeira etapa do caminho para a iluminação e que consiste basicamente de romper com as expectativas. De nos desprender do apego que gera todas as facetas do sofrimento humano, que vão desde o temor exagerado até o extremo de euforia. Enfim, encontrar o caminho do meio que tende a ser uma compreensão das virtudes e dos vícios que nos molda e não uma neutralização dos sentimentos. No início realmente parecer ser uma desintegração das emoções, como se fôssemos dominados pelas emoções incontroláveis que, em essência, nós chamamos de ego. Mas, este caminho de aparente controle das emoções não é uma eliminação dos sentimentos e sim uma dominação do ser crístico, do estado búdico, que se sobrepõe ao ego e dirige o nosso espírito. Passamos a controlar a nossas vidas através de Deus que está dentro de nós, enquanto o ego, pelos medos, reage às impressões de um mundo de ilusão...


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