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terça-feira, 4 de março de 2014

130 - forças antagônicas e complementares

Forças antagônicas e complementares parecem uma anomalia da natureza que define dois aspectos da natureza humana, que tudo quer saber ou tudo quer se opor. Mas sem os opostos não existiria a compreensão, como você saberia se algo é bom se não tivesse noção do que é ruim? O problema é que queremos destruir o oposto negativo que gera sofrimentos e conflitos.

Se Deus joga dados? Claro e evidente que sim, porém é certo que não. Ficou confuso. Decerto foi lhe dito que as respostas só podem ser sim e não. Um ou outro. E se fossem ambas? Não somos preparados para perceber que as ideias divergentes servem para nos possibilitar visões amplas e não criar sistemas separados de julgamentos baseados em percepções e crenças limitadas e preconceituosas. Pois quaisquer divergências de opiniões geram preconceitos. Preconceito é a ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado, ponderação ou razão; mas  precisamos perceber que nem sempre esta opinião desfavorável é sem crítica ou razão. 

 Existem sistemas de crenças que se confrontam simplesmente por estarem em oposição aos conceitos defendidos por outro sistema: capitalismo e comunismo, cristianismo e islamismo, católicos e ortodoxos,  xiitas e sunitas, europeus e africanos, eugenia e miscigenação, homossexuais e heterossexuais, ricos e pobres, alopatia e homeopatia, democracia e ditadura, chá e café...

Sempre estaremos defendendo o nosso sistema, ou sistemas de crenças, em detrimento do que combinamos ser felicidade. Todos os sistemas partilham de um “O SISTEMA”, pois a base de todos os sistemas são simples e se aplicam a todos os sistemas. Conhecer, ou ter conhecimento, de todos os sistemas pode se perigoso para aqueles que defendem alguns sistemas e se opõem a outros. Entretanto, se perceberem o fator de união entre os sistemas, fica evidente que a diversidade de sistemas servem para ampliar o conhecimento e a experiência, sem julgamentos, mesmo que este se torne quase impossível, já que somos criados por um sistema que nos modela.

Deus possui várias imagens conforme o sistema de crença em que Ele é compreendido, por vezes se apresenta como deuses ou é amorfo. Mas na base destas expressões, Deus continua a ser onipotente, onipresente e onisciente; é amor. E nos sistemas de crenças Ele assume formas e se contraria porque precisamos temê-lo ou simplesmente aceitar que homens falem por Ele e deturpem algumas ideias. Contudo é esperado em um sistema de crença que quer se opor ou destruir outro sistema.

O que não percebemos é que os sistemas de crenças se sobrepõem e suas ações aparentemente divergentes se baseiam nas obrigações do indivíduo em. Em um sistema religioso que prioriza a extinção do ego, diz-nos que existem pessoas ou grupos que querem experimentar estas ações e não obstruir as demais crenças religiosas porque elas não priorizam estas Verdades. Em outros sistemas temos pessoas que querem sofrer voluntariamente para se alcançar  o aperfeiçoamento espiritual. E existem tantos sistemas quantos forem as necessidades de cada ser.

No budismo: “É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.

Conhecendo a base dos sistemas, poderemos apreciar as suas consequências sem as aflições do que consideramos sofrimento. Quero dizer, será realmente sofrimento o que nos aflige? 

Eu particularmente começo a integrar vários sistemas de crenças e percebo que quaisquer considerações que fizermos será baseado em sistemas que são intrínsecos a nós. É  muito difícil não julgar já que temos certos protocolos instalados em nosso subconsciente. Um dos meus sistemas é o espiritismo e ideias como ação e reação, causa e efeito, carma sempre dirigiram os meus pensamentos, adequando outros sistemas aos meus [pre]conceitos.

Quando apareceram outros sistemas que pareciam reescrever estas ideias eu quase cogitei, conscientemente, em rever ou eliminar o sistema de crença que me animava os pensamentos originais. As diferenças eram aparentes porque as explicações foram criadas e mantidas por pessoas que jamais poderiam conceber a ideia de unificação ou simplificação. Eles estavam errados? Não, simplesmente não imaginaram que suas palavras pudessem ser expressas de outras formas, dando margem a interpretações desconexas. Na Bíblia temos o dente por dente e o amai-vos uns aos outros que se adequam àqueles que preferem agir conforme as opções contraditórias.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

kazuo murakami



Prefácio do livro O Código Divino da Vida por Cristina Cairo

Convivo com médicos e pesquisadores há muitos anos e, por ser uma pesquisadora inquieta, compreendo o fato de os cientistas serem tão vaidosos e competitivos. Não faço parte de grupo científico, mas troco informações, converso, aprendo com os cientistas durante minhas jornadas em busca da cura das doenças pelo equilíbrio das emoções e pela força do amor. Encontrei diversas literaturas de médicos cientistas comprovando a cura das doenças pelo autoconhecimento e pude me sentir mais  segura frente a uma sociedade sedenta de cura, mas cética.

Dr. Paul Pearsall, especialista em psiconeuroimunologia, expõe o conhecimento sobre a cardiologia energética e afirma: “O coração é mais do que apenas uma bomba; ele reage à sinfonia celular que é a própria essência do nosso ser”. 
 
Dr. Daniel G. Amen, neurologista, mostra a influência dos pensamentos e emoções sobre a saúde do cérebro, que interferem na própria química cerebral. O dr. Deepack Chopra, médico indiano, revela que, através de neurotransmissores como os peptídios, as informações de nossos pensamentos positivos ou negativos são transmitidas ao nosso organismo pela química que produzirá a cura, a doença ou a transformação física.
 
Há centenas de médicos cientistas correndo contra o tempo para desvendar, ainda mais, o complexo organismo humano, mas ao ler a obra Código Divino da Vida, de Kazuo Murakami, senti que a ciência, finalmente, está se aproximando das respostas e soluções para os problemas da vida: “doença, velhice e morte”. Dr. Kazuo, com seus esforços e persistência, conseguiu decifrar todo o código genético da renina humana. Afirma que o gene não envelhece e que possuímos potencial para tudo o que desejarmos ser na vida, contanto que haja dedicação e exposição a novos ambientes. Acima de tudo dr. Murakami garante que o pensamento positivo influencia e liga o gene positivo, enquanto que o pensamento negativo influencia e liga o gene negativo e destrutivo. Em suas pesquisas sobre a influência do riso na ativação dos genes,constatou uma estreita relação entre o riso e a redução marcante dos níveis de açúcar no sangue em diabéticos, após as refeições. Queridos leitores, vocês encontrarão nesta maravilhosa obra o que seus corações sempre acreditaram mas nunca puderam constatar: que, realmente, seu pensamento pode curar seu corpo e rejuvenecê-lo. Dr. Kazuo Murakami diz que desejos fervorosos chegam aos céus, mas na verdade chegam mesmo aos genes. Murakami escreveu esta obra de uma forma simples para que todos possam compreender sobre sua grande descoberta, a decodificação do gene humano, e compartilhar de sua alegria.
 
Suas histórias das dificuldades para realizar descobertas significativas e a competição entre os cientistas nos  revelam a grande responsabilidade que carregam nas costas para alavancar a medicina, a psicologia e todas as áreas que se preocupam em curar vidas. Eu me sinto amparada pelas descobertas de Murakami porque agora, mais do que antes, tenho convicção plena de que estou no caminho certo com a Linguagem do Corpo para a cura. 
 
Para finalizar este prefácio quero expor minha opinião quanto aos cientistas: penso que, se todos se unissem com suas descobertas numa grande convenção, eles mesmos chegariam à conclusão de que, juntos, já descobriram a solução para os problemas da vida: “doença, velhice e morte”. 

Por Kazuo Murakami.
 
Em outubro de 2004, fui convidado, junto com outros nove cientistas e visionários, a participar do debate “Diálogos entre o Budismo e a Ciência”, um encontro bianual promovido por Sua Santidade o Dalai Lama, em sua residência em Dharamsala, Índia. 
 
O Dalai Lama já havia lido sobre minha pesquisa a respeito da influência do riso na ativação dos genes e demonstrou grande interesse pelo assunto. O ator Richard Gere, outro convidado, também manifestou enorme interesse por minha apresentação. Este livro aborda quase todos os assuntos discutidos naquele encontro.
 
As pesquisas no campo das ciências naturais estão progredindo de forma rápida e surpreendente, superando até mesmo as expectativas daqueles que atuam nessa área. O genoma humano foi decodificado há poucos anos e agora já dispomos dos meios e do conhecimento necessários para decifrar o corpo humano. Apesar de inicialmente termos acreditado que, ao decifrar o código genético, entenderíamos o mistério da vida, torna-se cada vez mais evidente que a vida não é algo tão simples. Quanto mais estudamos uma única célula sequer, mais nos damos conta de sua complexidade. Eu faço pesquisa na área de ciências naturais há mais de quarenta anos, sendo que, nos últimos vinte, dediquei-me mais à pesquisa genética. O objetivo deste livro é transmitir a inspiração, a surpresa e o maravilhamento evocados em mim tanto pelo conteúdo quanto pelo processo dessa pesquisa e, ao mesmo tempo, compartilhar com você a maneira de aplicar algumas dessas percepções na sua própria vida. 
 
Há dois assuntos em particular que gostaria de dividir com você. O primeiro deles é a surpreendente descoberta de que os nossos genes não são imutáveis, mas se alteram em resposta a diversos fatores. Quantas pessoas no mundo culpam os pais por suas inaptidões como, por exemplo, a inabilidade nos esportes? É certo que a hereditariedade influencia características e habilidades individuais. No entanto, apesar de nossos traços serem transmitidos geneticamente, nossos genes são equipados com um mecanismo liga-desliga. A prática regular de exercícios, por exemplo, ativa os genes benéficos, aumentando o tônus muscular e aprimorando a saúde, além de, simultaneamente, desativar genes prejudiciais.
 
O meio ambiente também pode ser responsável pela ativação desse mecanismo. De acordo com minhas pesquisas e experiências pessoais, a exposição a um ambiente diferente pode estimular os genes benéficos, liberando o nosso potencial. Ainda mais surpreendente é o fato de esse mecanismo liga-desliga poder ser acionado por uma atitude mental. Pesquisas recentes demonstram que a nossa maneira de pensar pode ativar ou desativar nossos genes. Em um recente experimento, que descreverei mais adiante, encontrei uma estreita relação entre o riso e a redução marcante dos níveis de açúcar no sangue em diabéticos, após as refeições. Posteriormente, identificamos os genes específicos que são ativados pelo riso, provando, pela primeira vez, que emoções positivas podem acionar o botão genético. Aprender como ativar genes benéficos e desativar genes prejudiciais pode abrir infinitas possibilidades de expansão do potencial humano. 
 
O segundo assunto apresentado neste livro é a visão de um cientista sobre o que torna possível todas as maravilhas que nos cercam. O foco do trabalho da minha vida tem sido o sistema enzimático/hormonal, bem como os genes que governam a hipertensão. Mas depois de quase um século de extensas pesquisas realizadas por vários cientistas competentes, ainda há muito desconhecimento, mesmo sobre esse assunto específico. O mecanismo da vida é um mistério surpreendente.
 
As pessoas falam de “viver” como se isso fosse algo simples, mas nenhum de nós conseguiria sobreviver exclusivamente por meio de esforços conscientes. Todas as nossas funções vitais, reguladas pelo funcionamento autônomo dos sistemas hormonal e nervoso, incluindo a respiração e a circulação sanguínea, operam ininterruptamente para assegurar nossa sobrevivência, sem qualquer esforço ou intervenção de nossa parte. O controle desses sistemas vitais é feito por nossos genes que, para tanto, precisam atuar em perfeita harmonia. Quando um gene é ativado, outro reage interrompendo ou intensificando sua atuação, e assim o sistema inteiro é afinado e regulado. É pouco provável que esse fantástico nível de organização ocorra por mera coincidência. Deve haver algo maior que seja responsável pela harmonia existente no mundo. Alguns falam de Deus, mas, como cientista, prefiro denominá-lo “Algo Maior”. Apesar de essa força ser invisível e imperceptível aos nossos outros sentidos, meu trabalho no campo das ciências naturais me levou a uma forte consciência de sua existência. Decifrar o código genético humano é um feito incrível, porém, o mais surpreendente é o fato de o próprio código ter sido impresso em nossos genes. Sabemos que não fomos nós que o escrevemos, mas sabemos também que não poderia ser um processo aleatório. O código genético, cujo conteúdo equivale ao volume de milhares de livros, está contido no espaço minúsculo de uma célula, além de controlá-la de modo ainda misterioso, porém incontestável. 
 
Faz parte da natureza humana tentar desvendar o desconhecido e entender o incompreensível. “O que há de novo?” – é o refrão dos cientistas que demonstra que o destino da ciência é desenvolver-se. Enquanto existir curiosidade, esse progresso não terá fim. Novos avanços e descobertas, especialmente no campo das ciências naturais, produzem resultados imediatos, como o desenvolvimento de novas tecnologias, o aperfeiçoamento de técnicas de reprodução animal e a produção de novos medicamentos. Mas tais avanços também podem ter consequências desastrosas, uma vez que tanto a ciência quanto a tecnologia podem ser facilmente manipuladas para satisfazer interesses econômicos e ambições pessoais. Enquanto não encontrarmos uma forma de controlar esses instintos do ser humano, a ciência será sempre uma faca de dois gumes.
 
A questão principal em relação aos clones humanos não se refere à tecnologia propriamente dita, mas à ambição humana. Até onde devemos ir? É correto criarmos uma cópia física de nós mesmos simplesmente porque assim o desejamos? Embora a ciência e a tecnologia tenham tornado essa façanha possível, cabe às pessoas decidir se querem ou não fazê-lo. Infelizmente, sabemos que tais decisões podem ser tomadas com base em interesses egoístas. Mas não devemos ser arrogantes. Em vez disso, devemos nos lembrar que a vida, inclusive a nossa, é um presente do “Algo Maior” e não fruto da criação ou da ambição humana.
 
Precisamos desenvolver em nós o discernimento e o respeito para sermos capazes de nos conter e evitar transgredir as leis naturais, mesmo que isso seja tecnicamente possível. Porém, o autocontrole baseado somente na ética não é suficiente. Ele deve nascer do conhecimento de que não existimos somente graças às nossas próprias forças e meios, mas graças a inúmeras outras vidas que sustentam a nossa. Se formos capazes de viver com gratidão e valorizar essa dádiva, conseguiremos ativar determinados genes adormecidos e abrir as portas para um novo e maravilhoso modo de vida.
 
Como fundador do Institute for the Study of the Mind- Gene Relationship, estou trabalhando em um projeto cujo  objetivo é provar a hipótese de que a felicidade, a alegria, a inspiração, a gratidão e a oração podem ativar os genes benéficos. O resultado do experimento relativo ao riso é a nossa primeira descoberta. À medida que a pesquisa progride, poderá explicar os ensinamentos de Buda e de Cristo, descrevendo-os como mecanismos de ativação e desativação genética. 
 
Se há vinte anos eu tivesse ousado afirmar que emoções positivas podem ativar os genes, teria sido extremamente criticado pela falta de rigor científico. No entanto, com o passar do tempo, o número de cientistas que compartilham de minhas convicções tem aumentado. De fato, cientistas em todo o mundo têm realizado experimentos com o objetivo de compreender a forma pela qual os fatores psicológicos influenciam os fatores físicos. É preciso mudar o conceito equivocado de que a mente e o corpo funcionam separadamente. Enquanto isso não acontecer, será difícil erradicar doenças usando apenas os métodos científicos convencionais. 
 
Os cientistas, como integrantes de uma comunidade internacional, devem dedicar mais esforços e recursos ao estudo da mente. No mundo de hoje, existem vários problemas que parecem insolúveis. Para que possamos resolvê-los, é fundamental que a ciência e a espiritualidade caminhem juntas e se complementem. 
 
Espero que este livro possa contribuir para esse propósito. Na minha busca por entendimento, tive a felicidade de conhecer várias pessoas maravilhosas. Sinto gratidão especial ao dr. Reona Ezaki, ganhador de um prêmio Nobel e reitor da Universidade de Tsukuba; e também ao dr. Hisateru Mitsuda, professor emérito da Universidade de Kyoto e meu eterno mentor. Ambos me orientaram por vários anos e aproveito esta oportunidade para expressar-lhes meus sinceros agradecimentos. 




domingo, 29 de setembro de 2013

três conflitos


“Neste mundo há três errôneos pontos de vista: Diz-se que toda a experiência humana baseia-se no DESTINO; afirma-se que tudo é criado por DEUS e controlado por sua vontade e; que tudo acontece ao ACASO, sem ter uma causa ou condição.” A Doutrina de Buda.

O ego cria o medo que gera opressão que amplia o medo que sustenta o ego. É um círculo vicioso, assim como o carma. [22/03/13] O que justifica o carma é a ilusão. Metade do mundo tenta escapar da ilusão e a outra em não cometer pecados, mas isto é uma outra estória. Neste ciclo de nascimento, velhice, morte e renascimento, o carma é reflexo das nossas ilusões, de acreditar que a evolução espiritual depende dos obstáculos. Portanto, desfeito o apego – a ilusão de querer ou não querer, que gera o sofrimento – é desfeito o carma e a reencarnação finda. A este estado Buda se refere como iluminação ou nirvana. Quebrado o ciclo passamos a outra realidade, volto a frisar...

“É tolice e desnecessário a uma pessoa continuar sofrendo simplesmente porque não alcançou a iluminação, quando esperava alcançá-la. Não há insucesso na iluminação, portanto a falha reside nas pessoas que, durante muito tempo, procuraram a iluminação em suas mentes discriminadoras, não compreendendo que estas não são as verdadeiras mentes, e sim, falsas e corrompidas, causadas pelo acúmulo de avidez e ilusões toldando e ocultando as suas verdadeiras mentes. Se este acúmulo de falsas divagações for eliminado, a iluminação aparecerá. Mas, fato estranho, quando os homens atingirem a iluminação, verificarão que, sem as falsas divagações, não poderá haver iluminação”.

É como correr atrás do próprio rabo. Buda era o suprassumo em questão de redundância elevada à enésima potência. Nem assim os discípulos entendem – sou o primeiro a assumir minha ignorância. Como não fazer algo que precisa ser feito para se descobrir que não deveria fazê-lo! Isto me soa mais estranho do que falar sobre viagens no tempo, os tais paradoxos no qual voltar ao passado e matar o seu avô jamais permitiria a viagem.

 Será que precisamos agir assim? A resposta de Deus talvez fosse: Sim e não. Preparem-se, pois as respostas de Deus sempre serão sim e não. Existem duas intenções e elas estão certas, mas mesmo assim erradas. Esta é uma das nossas deficiências, não entender que não existem escolhas. Deus é o certo e também o errado. Ele pode não ter criado o mal, mas nos criou a sua imagem e semelhança, o que pode soar como blasfêmia – é o que eu acho, talvez seja uma destas anormalidades psicológicas que definem o nosso ego. Temos todas as qualidades dEle. Não creio que os filhos de Deus, as suas criações, possam ser falhas – de modo geral.

O que acontece é que Ele nos deu livre-arbítrio. Esta liberdade se dividiu entre culpa e êxito, o que chamamos de causa e efeito. Criamos a dualidade e começamos a experimentá-la como fazemos ao analisar as partes. Esta modalidade intrometida que chamamos de ciência e não é menos ridícula do que vemos os cientistas malévolos do cinema fazerem – modificando genes, criando máquinas temporais, baseando-se em premissas bem duvidosas. Fragmentamos e observamos as partes, o funcionamento destas frações determinam modelos. Modelos astronômicos, modelos biológicos, teorias físicas, receitas nutricionais, etc., entretanto, não percebemos que as partes respondem por uma unidade. E esta unidade cria interações, digamos, inusitadas. Como se um universo paralelo tivesse mais coerência do que o nosso. Um universo mais real.

Todos os conflitos são baseados em ideias parciais, cheias de vazios. Reagimos ao outro porque sentimos uma contrarreação que emana de nós. Parece incoerente, mas estamos em conflito com nós mesmos. O outro reage às nossas vibrações e reage contra-atacando-nos com a nossa imagem interior. Esta ideia se fortalece quando não admitimos que sejam nossas deficiências morais, nossos monstros interiores, que estão se materializando. Como aquele Espelho de Ojesed em que Harry Potter vê seus desejos, e acaba aprisionado por estas ilusões que não o levam para lugar algum, nem o passado e nem o futuro. Uma reação inconsciente daquilo que não gostamos em nós e se apresenta como um inimigo é uma outra imagem refletida no nosso espelho. Pelo menos, ao admitir tais fraquezas – e eu digo por experiência – o inimigo desaparece. E a simbiose autodestrutiva entre você e seu inimigo yourself se transforma. E se isto não acontece, o inimigo se afasta e o conflito não existirá. Por isso devemos agradecer todas as pessoas e coisas, pois são ferramentas que nos incitam a nos conhecer e a nos melhorar. 

Como disse Gandhi: Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer. E os budistas dizem: Quem se vence a si mesmo é um herói maior do que quem enfrenta mil batalhas contra muitos milhares de inimigos. Mas não é muito diferente. Pois o seu pior inimigo pode se parecer com um filho, marido ou esposa, mas esta manifestação caótica não passa de uma reação exteriorizada por você, por nós. Por isso, ao aceitarmos que o outro não está errado, aceitamos que estamos errados e encontraremos meios hábeis – como se existisse outro – para sanar o erro. E este erro não alimentará o conflito. O outro muda porque cessa a animosidade que certamente se baseava em uma impressão criada por nós e projetada como um desagradável reflexo chamado de “próximo” – muito mais próximo do que gostaríamos. 

Ou seja, continuaremos odiando os outros enquanto nos odiarmos. O mestre Ananda Rinpoche disse ao discípulo que queria alcançar a iluminação ao se oferecer à meditação em uma gruta: Não há precisão de ir, pois você encontrará na caverna somente o que levar consigo.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

à autocura. – dois


Assumir um princípio sem preconceitos religiosos e ver com outros olhos a Realidade. Presumir que a verdade se oculta por entre as impressões ditadas pela maioria, pelos conceitos que nos formaram e formam as bases de nossa sociedade, onde deuses se digladiam, onde fazer o errado pode parecer o certo, onde nos escravizamos de corpo e mente, consumindo as ideias, sendo elas verdades ou não. No budismo, Deus pode parecer não existir, mas só estavam querendo dizer que Deus esta no interior. Esta sua filosofia encontra similaridade em muitas outras doutrinas, que de posse deste conhecimento, de que Deus está em nós, Buda disse:

 “Neste mundo há três errôneos pontos de vista: Diz-se que toda a experiência humana baseia-se no DESTINO; afirma-se que tudo é criado por DEUS e controlado por sua vontade e; que tudo acontece ao ACASO, sem ter uma causa ou condição.” [A Doutrina de Buda.]

Se você percebe o que estas palavras tentam elucidar, então as suas premissas estão sendo reavaliadas. (08/07) Estas reavaliações serão impedidas pelo ego que diz:
“Essa é a grande ilusão de vocês, que Deus se importa com o que fazem. Eis a segunda grande ilusão do homem, de que o resultado da vida é incerto e cria o medo. E sentem medo porque decidiram duvidar de Deus. E se tomassem uma nova direção? Viveriam como Buda, ou Jesus. E quando você tentasse explicar a sua sensação de paz, a sua alegria de viver, o seu êxtase interior, distorceriam as suas palavras”. [Conversando com Deus I. Neale D. Walsch.]

Assim sendo, precisamos nos desconstruir, principalmente as nossas ilusões quanto ao que eu entendo e o que eu deveria entender. Uma desconstrução psicológica que pode acontecer sem intervenção, mas que, mesmo que se negue a pedir auxílio, está acontecerá. Este é o papel da doença, de nos impulsionar avante. Pois ela não nos sugere, impõe transformações. Encurralando-nos a aceitar novos paradigmas. 

Sabe, os tibetanos que estudaram os verdadeiros ensinamentos de Buda nunca oram a pedir mercês ou favores; limitam-se a pedir que lhes seja dado contar com a justiça dos homens. Um Ente Supremo, por natureza a própria essência da justiça, não pode mostrar compaixão por um e negá-la a outro, porque tal seria a negação da justiça. Orar a pedir mercês ou favores, com promessas de ouro ou de incenso se o pedido for atendido, é inferir que a salvação está ao alcance do que mais puder pagar, que Deus está precisando de dinheiro e pode ser "comprado". O homem pode mostrar compaixão pelo homem, mas só raramente o faz; o Ente Supremo só pode mostrar justiça. Nós somos almas imortais. A oração: Om! mani padme hum!  tem sido por vezes traduzida literalmente como: "Salve, ó Joia no Lótus!" Mas os que conhecem melhor os textos sabem que o verdadeiro significado é: "Salve, ó Ser Intimo e Superior no Homem!" que está em nós. [A Terceira Visão. Lobsang Rampa.]


terça-feira, 21 de maio de 2013

desejos constituem obstáculos






“A sabedoria dos Budas é infinitamente profunda e imensurável. O portal dessa sabedoria é difícil de compreender e de transpor. Nenhum dos homens de erudição ou de absorção é capaz de compreendê-la. Qual é a razão disso? Um Buda é aquele que serviu a centenas, a milhares, a dezenas de milhares, a incontáveis Budas e executou um número incalculável de práticas religiosas. Ele empenha-se corajosa e ininterruptamente e seu nome é universalmente conhecido. Um Buda é aquele que compreendeu a Lei insondável e nunca antes revelada, pregando-a de acordo com a capacidade das pessoas, ainda que seja difícil compreender a sua intenção. Sharihotsu, desde que atingi a iluminação tenho exposto meus ensinos utilizando várias histórias sobre relações causais, parábolas e inúmeros meios para conduzir as pessoas e fazer com que renunciem aos seus apegos a desejos mundanos”. Sutra de Lótus.


Para compreendermos as regras do mundo, devemos nos submeter às práticas religiosas. – hoje contamos também com a psicologia, que é o deus dos ateus alterados. Para se exterminar o sofrimento, para entender a origem do sofrimento e assim por diante. Buda sintetiza esta percepção em Quatro Nobres Verdades que são de que a vida é sofrimento, a causa do sofrimento é o desejo, a cessação do sofrimento é se ver livre do desejo e, o modo de fazê-lo é o Caminho Óctuplo.

Então tudo se resume em desejos e em como aplacá-los. Os desejos nascem de nossas necessidades, misérias. Podem ser de prazer, conforto, etc. como podem ser exageradas e se transformarem em luxúria, gula, inveja, etc. ou mesmo em pobreza, fome, humildade... Você não está me entendendo errado, todos os extremos constituem desejos, existem pessoas que anseiam pelo sofrimento, em seus subconscientes são atraídos pelas experiências requeridas. Não estou só me referindo ao ciclo de morte e renascimento, ao carma, falo das expectativas de aperfeiçoamento. São Francisco de Assis acreditava que sofrer, inclusive estigmatizado com as chagas de Cristo, era o caminho para a redenção. O mesmo pode-se dizer de Madre Tereza de Calcutá que, em suas cartas, chegava a indagar porque Deus permitia tanto sofrimento. Eles cumpriram as suas missões nas condições necessárias para a sua compreensão, portanto todas as ações são meios hábeis. – tenho exposto meus ensinos utilizando várias histórias sobre relações causais, parábolas e inúmeros meios para conduzir as pessoas e fazer com que renunciem aos seus apegos a desejos.
 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

percepções constituem a realidade




Um ser é constituído de suas percepções, o mundo está ao alcance dos cinco sentidos – devemos até considerar um sexto. No sutra do coração Buda diz: 

Oh Shariputra, todos os dharmas [doutrinas] são vazios, nem surgem, nem findam; nem são impuros nem puros, destituídos de acréscimos ou perdas; assim, no vazio não há forma, nem sensação, conceituação, discriminação ou consciência; nem olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente; nem cor, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, nem fenômeno; nem campo da visão, nem campo da audição, nem campo do olfato, nem campo gustativo, nem campo táctil, nem campo da consciência;...”

Se não há forma, não há sensação, conceituação, discriminação ou consciência, no entanto ainda nos prendemos à forma, nem por isso as percepções são falhas. Há um erro em admitir que todas as conceituações sejam equânimes, que os significados sejam conclusivos e, sobretudo classificados. Um método, uma regra, uma lei que determina que as coisas sejam exatamente como são. As nossas percepções ou conceituações – definições, avaliações, julgamentos e formatações – são, com raras exceções, quase sempre estabelecidas por nossas sensações físicas. Significamos ou conceituamos estas sensações para discriminar, distinguir, discernir. Estas conclusões dão forma aos pensamentos, à nossa consciência que nada mais é que o sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior. Mas se as informações captadas pelos nossos sensores forem falhas, todas as etapas seguintes serão errôneas. 

Há de se considerar que, entre as sensações do nosso corpo, existam aquelas sutis, subjetivas, inconclusivas. Que nos impedem de tomar decisões plenamente lógicas, uma intuição, uma impressão vaga, outras vezes são suplantadas por forças ilógicas que destacamos como diretrizes. Ou seja, somos guiados por sensações indeterminadas, inexplicáveis, ininteligíveis. Por amor defenderíamos um assassino, mesmo que a lógica ditasse que... Somos todos, seres de percepções, sejam invisíveis ou não, e estas percepções ditam o jogo.