Não sei
quanto a você, mas parece que os maiores conflitos da humanidade estão dentro
das famílias. É claro e evidente que não se aplica a todos, porém temos que
enfrentar tais conflitos com novas ideias.
Não podemos
simplesmente recuar diante do medo que nos infligem, temendo que aqueles que
nos “amam” ditem as suas regras, nos submetam a um cárcere emocional onde
ocultamos a nossa raiva, o nosso rancor, em detrimento de um equilíbrio
familiar inexistente. São os submissos, os descontentes, que se deixam morrer
para que a aparente felicidade não se esfacele.
Por sua vez,
aqueles que tentam controlar, que criam o medo, impõe as suas verdades são tão
vítimas quanto algozes. São os autoritários que matam para não serem
denegridos. Creem que devem comandar aqueles que são seus.
Mas neste
panorama se geram causa e efeito. Um jogo de disputas que jamais findam. Todos,
sejam as vítimas, sejam os carrascos, sofrem pois acreditam que devam sofrer.
Não estou dizendo que queremos conscientemente sofrer, no entanto estamos
condicionados a perpetuar os modelos vigentes. Modelos que idealizam as
relações familiares como um personagem de teatro, com máscaras e encenações.
Estes conflitos, que são de pais e filhos, maridos e esposas, entre irmãos, são
mecanismos de harmonização.
Eu sempre
pensei que esta ”harmonização” obedecia a duas regras: resignação para se construir futuramente o respeito e a convivência.
Uma resignação necessária porque o problema pode ter surgido num passado
imemorável onde não se sabe quem foi o causador, portanto o melhor é sentar e
esperar que a providência divina diga quando a dívida estiver quitada, que pode
ser num futuro inimaginável. Ou esquecer
esta regra de ouro cármica e agir contra esta corrente filosófica e interromper
o sofrimento: findar com o carma. Pois é inconcebível que estes tramas
eternos sejam extintos quando se aumenta os problemas assim que somos postos
diante dos nossos inimigos. Para se tentar minimizar os danos, geralmente os
inimigos são colocados em uma mesma família.
O que
realmente cria os primeiros atritos?
A nossa
arrogância de admitir que todos os nossos problemas advêm de fora, dos
familiares que preferimos catalogar com outros nomes. Antes que você comece a
justificar as suas razões para odiar aquele que deveria amar, eu tenho que
admitir que é este o propósito do conflito.
Temos a impressão errônea de que estamos sempre certos e devemos interceder.
Este é um aspecto que chamo de arrogância. De uma certa apropriação da vida
alheia, de um apego doentio às nossas convicções. E quando duas convicções
contraditórias se encontram, não há quem encontre solução, senão admitir que
alguém está certo e o outro está errado.
Esta é a
premissa errada.
A certa é que não deveríamos nos resignar, tampouco nos digladiar. Não estou falando de ceder ao medo ou amedrontar com o autoritarismo. Também não é encontrar o caminho do meio, pois este tem sido o meio hábil dos pacificadores que adotam uma atitude tanto de resignação quanto a de controle. Não estão errados, mas incompletos.
Nunca
deveríamos reagir ao que nos acontece como se fossem obstáculos. Alguns são
creditados ás provas e expiações promovidas por Deus para o nosso
aprimoramento. Alguns como se fossem verdadeiras barreiras de sofrimento,
castigos divinos a nos cercear.
A verdade é
que os obstáculos não existem, nunca existiram. O que fazem eles existirem é a
nossa incapacidade de aceitar que atraímos aquilo que desejamos.
Desejamos ser subjugados por palavras
que nos denigram. Com qual objetivo gostaríamos de ser magoados? Para que
possamos nos justificar – digo, reconhecer as nossas capacidades, o nosso potencial
– perante uma atitude de pessimismo e derrotismo. O mesmo acontece com as doenças que
nos provocam atitudes que poderíamos imaginar impossíveis antes.
Então como interromper este ciclo de
sofrimento? Não
compactuando com o medo que o conflito gera, não supor e nem julgar possuir
razão. Agradecer esta oportunidade de crescimento, agradecer a sua atitude de
não-subjugação ao conflito. Agradecer porque o conflito, que só existe em sua
experiência interior será redefinido a partir de um percepção amorosa. Já
experimentou fazer o oposto? Sentir amor por aquele que poderíamos odiar, sem
que sejamos compassivos ou falsos? Você é daqueles que só faz o bem a quem faz
por merecer? Espera por congratulações, age por aplausos?
Por que não
podemos simplesmente amar? Fazendo pequenas coisas como dirigir um “bom dia”
sincero sem esperar que o outro nos responda, sem que criemos suposições e nos
aprisionemos em nossas próprias ideias inexatas. Por isso atraímos o que
desejamos.
Comece pequeno, o agradecimento é a
mais poderosa oração.
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