Estava
pensando sobre o meio pelo qual nos comportamos diante de fatos que
consideramos “injustos”. Quando nós começamos a perceber que somos o criador
deste autoflagelamento, quando descobrimos que causa e efeito podem ser
ferramentas ferinas ou quando ainda aceitamos que tudo decorre de um destino
inexorável, temos que admitir que faltam meios para se acertar os “erros”.
Sofremos para
aprender a resignação, ferimos para sermos salvos, prendemos para amar, nos vingamos
para sermos justiçados. Não acho que seja um meio admissível para nós.
Na verdade,
os meios hábeis deveriam ser outros, mas como perdoar aqueles que nos causam
sofrimento? Como fazer o bem antes que lhe seja ordenado? Ou esperar que seja
reparado antes?
Os nossos
conceitos de certo e errado até podem estar certos, contudo não estão sendo
aplicados, ou assimilados. Talvez tenhamos acreditado que reparar o mal com o
mal – sob uma boa justificativa – nos conduza ao “certo”. Não sei quanto a
você, mas perdoar o mal se resume a “entender que eu sou responsável”,
sim. Estamos tão acostumados a criticar
o outro que não admitimos sermos os culpados.
Se sente
lesado e procura uma reparação, mas onde? O que te garante que os problemas de
hoje nasceram das circunstâncias do presente? Num passado poderíamos ter
provocado dor àquele que hoje se apresenta como carrasco, e mesmo assim, nos
colocamos como vítima injustiçada. Não suportamos perdoar, por isso é difícil
perdoar.
Eu sei que no
passado eu feri por aquele que me persegue atualmente, posso até admitir uma
resignação diante desta verdade, porém ainda nos reviramos e criticamos o fato
de que estamos colhendo o que plantamos. É um círculo interminável de causa e
efeito. E o que representaria perdoar e aceitar as dificuldades que surgem
diante de nós?
Uma
libertação deste círculo.
Grandes
sábios sabem que tudo, que todas as coisas, fatos e pessoas, as matas, as
montanhas, os riachos e as plantas, são Deus. Olhar para tudo, o outro, é olhar
para a essência de Deus que se manifesta em cada um de nós. Os budistas chamam
esta manifestação de Kannon Bosatsu, que não é verdadeiramente um bodhisattva,
mas uma expressão que se mostrar em muitas formas, muitos meios, para que
possamos aprender.
Todo mal
sempre passará pelo crivo da bondade de Deus.
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