sábado, 14 de setembro de 2013

p de perdão

Estava pensando sobre o meio pelo qual nos comportamos diante de fatos que consideramos “injustos”. Quando nós começamos a perceber que somos o criador deste autoflagelamento, quando descobrimos que causa e efeito podem ser ferramentas ferinas ou quando ainda aceitamos que tudo decorre de um destino inexorável, temos que admitir que faltam meios para se acertar os “erros”.

Sofremos para aprender a resignação, ferimos para sermos salvos, prendemos para amar, nos vingamos para sermos justiçados. Não acho que seja um meio admissível para nós.

Na verdade, os meios hábeis deveriam ser outros, mas como perdoar aqueles que nos causam sofrimento? Como fazer o bem antes que lhe seja ordenado? Ou esperar que seja reparado antes?

Os nossos conceitos de certo e errado até podem estar certos, contudo não estão sendo aplicados, ou assimilados. Talvez tenhamos acreditado que reparar o mal com o mal – sob uma boa justificativa – nos conduza ao “certo”. Não sei quanto a você, mas perdoar o mal se resume a “entender que eu sou responsável”, sim.  Estamos tão acostumados a criticar o outro que não admitimos sermos os culpados.

Se sente lesado e procura uma reparação, mas onde? O que te garante que os problemas de hoje nasceram das circunstâncias do presente? Num passado poderíamos ter provocado dor àquele que hoje se apresenta como carrasco, e mesmo assim, nos colocamos como vítima injustiçada. Não suportamos perdoar, por isso é difícil perdoar.

Eu sei que no passado eu feri por aquele que me persegue atualmente, posso até admitir uma resignação diante desta verdade, porém ainda nos reviramos e criticamos o fato de que estamos colhendo o que plantamos. É um círculo interminável de causa e efeito. E o que representaria perdoar e aceitar as dificuldades que surgem diante de nós?

Uma libertação deste círculo.

Grandes sábios sabem que tudo, que todas as coisas, fatos e pessoas, as matas, as montanhas, os riachos e as plantas, são Deus. Olhar para tudo, o outro, é olhar para a essência de Deus que se manifesta em cada um de nós. Os budistas chamam esta manifestação de Kannon Bosatsu, que não é verdadeiramente um bodhisattva, mas uma expressão que se mostrar em muitas formas, muitos meios, para que possamos aprender.

Todo mal sempre passará pelo crivo da bondade de Deus.


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