sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O PONTO DE VISTA DEVERIA SER PECADO


Como alguém sabe que é inconveniente, quero dizer, além daqueles que obviamente não se tocam quando se intrometem e impõem os seus pontos de vista como se fossem magnânimos.

O importante é que em algum momento da vida – senão na totalidade das horas acordadas – seremos inconvenientes para alguém, porque o ponto de vista é um meio social de dizer que julgamos irrestritamente. Julgamos porque acreditamos que é uma ferramenta “lícita” para se determinar o quanto aquele se comporta em relação ao que consideramos certo ou errado.

Quando eu ouço alguém dizendo que somente discerne, não cria julgamentos, eu me preocupo com o grau de ilusão. Conforme o dicionário, discernimento é: capacidade de compreender situações, de separar o certo do errado ou, capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza; juízo, tino. Então discernir – que não é julgar – é um sistema de avaliação mais arrogante, talvez um pouco mais benéfica quanto aos julgamentos irrestritos e difamatórios que presenciamos.

Ponto. Não vou mais julgar, discernir e nem cogitar a ação alheia. Por quê? Porque todas as relações e ações que ocorrem em nossas vidas são exatamente como são. O quê? Você não acredita em destino?! Nem eu.

O erro está em achar – julgar – que o destino nos dirige em todos os passos, mas ele apenas aponta a direção. Por exemplo: o destino é como uma cidade longínqua para onde nos dirigimos – que quase sempre nós desconhecemos. Os caminhos para se atingir o destino são tantos quanto o nosso livre-arbítrio admitir, porque na maioria das vezes nós nos negamos essa liberdade e criamos as nossas próprias prisões. Uma doença pode criar uma prisão se admitirmos que ela nos restringe, mas ela também amplia coisas, ideias, que desconhecíamos.

Contudo o destino não é só um. Temos milhares de pequenos destinos durante a vida e que exigem vários caminhos para percorre-los. Isto é uma dualidade, mas também a unidade intrínseca de todas as coisas.

Então, quando alguém me ofende com o seu ponto de vista eu tenho duas alternativas: aceitá-la em benefício do meu ego ou negá-la veementemente por ir contra o meu ponto de vista. Uma terceira: não lhe dar atenção se ela não acrescenta. Não estou falando de uma soberba – que pode acontecer, sim – nem de uma indiferença que definiria o seu ponto de vista como “autocrático”.

O meu dedo está levantado, caso queiram saber. Costumamos julgar – se quiser chamar de discernimento, vai em frente – com ou sem justificativas baseando-nos tão somente em nossas experiências e no que elas nos ensinou do certo ou errado. Isto é nadar contra a correnteza.

Não sei quanto a você, mas a noção de certo e errado é flexível e mutável, forjado nos exemplos que oferecemos aos nossos filhos. Quando julgamos o mal, o fazemos pela sua expressão manifestada e negligenciamos o que o transformou em mal. Sei que é difícil perdoar o mal, o sofrimento e a dor, mas podemos aprender que aqueles que nos causam o sofrimento estão apenas repetindo todo o sofrimento que experimentaram.

Todos já fomos crianças...

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