terça-feira, 31 de dezembro de 2013

115 - em busca da felicidade

Queria começar o ano não odiando, não só porque é uma meta socialmente correta ou porque seria melhor aparentar certa compaixão diante dos inimigos, demonstrando alguma supremacia moral. Isto é o que de mais fácil podemos fazer: fingir.
Podemos dizer que o ódio é quase impossível de ser removido, se todos aqueles que dizem ser fácil acabar com o ódio estivessem na mesma situação que eu, diriam que realmente era impossível perdoar. Na verdade, esta justificativa não passa de hipocrisia e soberba. Perdoar é tão fácil quanto odiar. Basta algumas pessoas sugerirem uma distorção alheia e embarcamos em impressões ilusórias que se consolidam em sentimentos destrutivos rumo ao odiado.
Mas não tem como negar, ele[a] é o problema! Pleno de defeitos, indecisões e oposições ao que consideramos certo. Então eu sempre estou certo e o outro não tem como se defender das minhas lamúrias e queixas. Sob qual autoridade eu me defendo para poder usar o ódio como justificativa?
Contudo, nem todos odeiam. Justificamos este sentimento – que não existe, sarcasticamente dizendo – de mágoa, uma tristeza. Não sei quanto a você, mas todas as minhas tentativas de justificar o ódio como uma mágoa, me impediu de identificar e destruir o ódio. A mágoa é um véu para encobrir o ódio e dar-lhe uma imagem menos grotesca.
É o mesmo que fazemos com a raiva quando a chamamos de vergonha. Ter vergonha de uma incapacidade é sim, ter raiva de uma situação, de uma pessoa ou de si mesmo. Odiar direciona as nossas frustrações para uma situação, uma pessoa e – talvez – para nós mesmos. É um aspecto natural de autoflagelação e/ou de opressão. Ao odiar, nós nos transformamos em algo que supera em muito qualquer ação que odiemos. Duvido que o que odiamos é superior ao mal que criamos para nos proteger.
Criamos pensamentos de destruição, de discórdia, de opressão, de vingança, de retaliação, etc. com a mesma naturalidade com que justificamos estes atos vis com a ideia de que devemos triunfar diante das injustiças, recuperar o certo. Mesmo que para isso os nossos pensamentos sejam os piores possíveis. Sei que parece difícil perdoar e, portanto, escolhemos odiar.
Se tem uma coisa que eu aprendi é que o ódio pode até causar uma certa oportunidade de revanche que nos anime. E só estaremos sendo como aquele que odiamos. Se ele nos fere, o ferimos. Não vejo como, ao nos transformarmos em algo que odiamos para restabelecer o “certo”, nos mantermos “certos”. No entanto, eu sei que ao compreender como o outro sofre por ser assim, eu poderei ajuda-lo a não sofrer. Pois é horrível ser odiado, ao nos transformarmos em vingadores – sem justificativas, pois o ódio não tem – seremos odiados, e o feitiço se vira contra o feiticeiro.
O que fazer?
Observe o “problema” – geralmente o chamamos de ser humano –, imagine o que determinou que ele fosse assim. Perceba que também foi uma criança que aprendeu como agir através dos exemplos à sua disposição. Quais foram os seus obstáculos, quais foram as suas ferramentas morais disponíveis, quais as suas verdades? E descobrirá, que nestas condições, seríamos exatamente iguais, teríamos os mesmos medos.
Se usarmos a desculpa de que jamais seríamos assim, por causa das diferenças pessoais, aquele caráter que pertence ao espírito e é repassado ao ego, afirmo que estaremos nos enganando. O objetivo do espírito não é superar as expectativas, mas é de aprimorar-se naquilo que se propôs a fazer. Coisas de carma, vai entender!
Não acredite no que o ego impõe, pois o ódio está intimamente ligado aos medos, e estes com o ego. O ódio nos ancora a um passado desagradável e perpetua os medos. Pense, por que razão você se mantém sofrendo por um passado que não existe mais? O passado, por pior que fosse, deveria ser somente o acúmulo de experiências. Todos os erros do passado DEVERIAM ter existido, pois cumprem com os desígnios traçados pelo espírito. Se você sofre é porque ainda não entendeu a sua função. No post [004MH5 – onde menos esperar!] eu percebi, por causa de um desenho infantil, que não damos o devido valor às experiências do passado, sejam elas boas ou más.
Ter fé é confiar que qualquer escolha que fizermos sempre vai ser a certa. Portanto, ao acreditarmos que estamos doentes, ficaremos assim, cumprindo os desejos da alma. Mas se não quisermos acreditar na doença, assim como em todas as coisas que nos levam a sofrer, e entendermos que o ódio é apenas um sentimento que se opõe ao nosso, nem certo, nem errado. Por que insistimos em sofrer, em acusar todos pelos nossos infortúnios e sofrimentos?
Quem sabe a resposta comece a nascer ao ler a seguinte mensagem [007MH3 – fé sem perdão nãofunciona].
Da próxima vez que estiver a ponto de se queixar, lembre-se que um dia todos fomos crianças.

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