quarta-feira, 21 de agosto de 2013

069 = os genes: correlação e causa.



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Antes se pensava que os genes eram transmitidos exclusivamente à prole de cada espécie e por meio da reprodução. Agora os cientistas estão descobrindo que os genes podem ser compartilhados não apenas entre os membros da mesma espécie, mas também entre outras. Esse processo de transferência genética acelera a evolução, pois os novos organismos podem adquirir experiências "já aprendidas" pelos outros (Nitz et al, 2004; Pennisi, 2004; Boucher et al, 2003; Dutta e Pan, 2002; Gogarten, 2003). Com essa troca de genes, os organismos não podem mais ser vistos como entidades separadas. Não existe mais a suposta divisão entre as espécies. Daniel Drenn, gerente do departamento de energia do projeto Genoma, declarou à Science em 2001 (294:1634): "... não temos mais como simplesmente qualificar espécies" (Pennisi, 2001). 

Mas essa troca de informações genéticas não ocorre por acidente. Trata-se de um método que a natureza utiliza para aumentar as chances de sobrevivência da biosfera. Como já mencionei, os genes são os arquivos de memória das experiências aprendidas pelos organismos. Essa nova descoberta de que há troca de genes entre as espécies mostra que as experiências podem ser compartilhadas por todos os indivíduos que compõem a grande comunidade da vida. Obviamente, o conhecimento desse mecanismo de transferência torna a engenharia genética ainda mais perigosa. Por exemplo: experiências simples com genes de tomates podem ir muito além daquilo que se imaginava e acabar alterando toda a biosfera de maneira irreversível. Um estudo recente mostra que, quando humanos ingerem alimentos geneticamente modificados, os genes criados artificialmente se misturam e alteram as características das bactérias benéficas do intestino (Heritage, 2004; Netherwood et al, 2004).

Por outro lado, as modificações genéticas podem ser anuladas por uma ação do pensamento. Pois o pensamento é a ação do meio que mais está conectado com as reações do corpo. O modo como compreendemos o meio interfere mais do que as próprias ações de um meio amplamente influente. Por exemplo: em um caso narrado por Dr. Lipton, um paciente morre por causa do seu pensamento errôneo acerca dos exames. Este efeito é chamado de “nocebo” e é quando acreditamos que uma ação, ou uma palavra, é contrária à verdade, e pior, nociva. O paciente acreditou que uma mancha no pulmão, vista na radiografia, era um câncer. Após a morte em pouco tempo, se descobriu exames anteriores, de muitos anos, com a mesma mancha. É o que acontece quando um médico diz que você tem poucos meses de vida ou uma doença incurável.

Somente porque a medicina não examinou os casos de cura, pois elas existem, todavia são negligenciadas pela indústria farmacêutica, temos a impressão ou a ilusão de que as doenças são mecanismos que só podem ser tratadas pela medicina que nasceu no século 19 com Pasteur e Fleming e Koch e tantos outros. Ou pela segregação entre ciência e religião propiciada pelo heliocentrismo. Os grandes cientistas estabeleceram as regras do jogo até os dias de hoje quando ainda admitem que os átomos são matéria. Porém até:

Darwin admitiu, no final de sua vida, que sua teoria evolucionista havia subestimado o papel do meio ambiente. Em uma carta que escreveu para Moritz Wagner em 1876, ele declara (Darwin, F 1888): "Em minha opinião, o maior erro que cometi foi não dar a devida atenção à ação do ambiente sobre os seres, como no caso dos alimentos, clima etc. independentemente do fator seleção natural... Quando escrevi A origem das espécies, e mesmo nos anos seguintes, jamais percebi as evidências da ação direta do meio ambiente; hoje elas são muito claras para mim".

O que pensar então das manchetes sensacionalistas anunciando a descoberta de um gene para cada doença, de depressão a esquizofrenia? Mas leia esses artigos com calma e você vai descobrir outra verdade por trás deles. Os cientistas associaram diversos genes a diferentes doenças e características, mas ainda não chegaram à conclusão de que um simples gene possa ser a fonte delas.
 
A confusão ocorre porque a mídia deturpa o sentido de dois termos muito importantes: correlação e causa. Uma coisa é dizer que um fator está relacionado a uma doença, outra é dizer que ele é a causa dela, pois isso envolve uma ação direta. Se eu lhe mostrar um molho de chaves e disser que uma delas "controla" meu carro, você vai achar que faz todo sentido, pois sabe que é necessário usar uma chave para dar partida em um automóvel. Mas será que a chave realmente "controla" o carro? Se fosse assim, não se poderia deixar a chave no carro porque ela iria querer passear sozinha com ele quando você não estivesse por perto. A chave está "relacionada" ao controle do carro; a pessoa que a tem nas mãos tem controle sobre ele. Da mesma maneira, determinados genes estão relacionados ao comportamento de um organismo e às suas características. No entanto, permanecem em estado passivo a menos que uma força externa aja sobre eles. 

Mas que força é essa que pode ativar os genes? Uma resposta muito interessante para essa questão foi publicada em um ensaio de 1990 intitulado "As metáforas, o papel dos genes e o desenvolvimento", de H. F. Nijhout (Nijhout, 1990). O autor apresenta evidências de que os genes que controlam a biologia se repetem com tanta frequência e por períodos tão longos de tempo que os cientistas se esqueceram de que se trata apenas de uma hipótese, não de verdade comprovada. Na verdade, a ideia de que os genes controlam a biologia é apenas uma suposição jamais comprovada e até questionada pelas descobertas científicas mais recentes.

Biologia da Crença. Bruce H. Lipton.

Isto me recorda que no livro A Arte da Felicidade, escrito por Howard C. Cutler e Sua Santidade Dalai Lama, podemos entender melhor:

— No esforço de determinar a origem dos problemas de cada um, parece que a abordagem ocidental difere sob muitos aspectos do enfoque budista. Subjacente a todas as variedades de análise ocidental, há suma tendência racionalista muito forte, um pressuposto de que tudo pode ser explicado. E ainda por cima existem restrições decorrentes de certas premissas tidas como líquidas e certas. Por exemplo, eu recentemente me reuni com alguns médicos numa faculdade de medicina. Estavam falando sobre o cérebro e afirmaram que os pensamentos e os sentimentos resultam de diferentes reações e alterações químicas no cérebro. Por isso, propus uma pergunta. É possível conceber a sequência inversa, na qual o pensamento de ensejo a sequência de ocorrências químicas no cérebro? Mas a parte que considerei mais interessante foi a resposta dada pelo cientista. “Partimos da premissa de que todos os pensamentos são produtos ou funções de reações químicas no cérebro.” Quer dizer que se trata simplesmente de uma espécie de rigidez, uma decisão de não questionar o próprio modo de pensar.

E o Dr. Kazuo Murakami, escritor do Código Divino da Vida completa ou ratifica ou corrobora que as pesquisas no campo das ciências naturais estão progredindo de forma rápida e surpreendente, superando até mesmo as expectativas daqueles que atuam nessa área. O genoma humano foi decodificado há poucos anos e agora já dispomos dos meios e do conhecimento necessários para decifrar o corpo humano. Apesar de inicialmente termos acreditado que, ao decifrar o código genético, entenderíamos o mistério da vida, torna-se cada vez mais evidente que a vida não é algo tão simples. Quanto mais estudamos uma única célula sequer, mais nos damos conta de sua complexidade. Eu faço pesquisa na área de ciências naturais há mais de quarenta anos, sendo que, nos últimos vinte, dediquei-me mais à pesquisa genética. O objetivo deste livro é transmitir a inspiração, a surpresa e o maravilhamento evocados em mim tanto pelo conteúdo quanto pelo processo dessa pesquisa e, ao mesmo tempo, compartilhar com você a maneira de aplicar algumas dessas percepções na sua própria vida. 


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