terça-feira, 22 de outubro de 2013

os cinco conflitos armados

Existem alguns meios para se remover ou substituir os modelos originais. Contudo não sei o quanto eles podem ser exímios. E não é uma questão de qualidade terapêutica, mas sim de absorção. Tenho que admitir, que como homem, preferiria experimentar uma de cada vez e anotar os ganhos. Ou seja, analisar e julgar – sem qualquer certeza, pois ela não existe.
E assim acabei experimentando tudo ao mesmo tempo, sem controle, sem racionalismos e julgamentos que pudesse categorizar. Cada pessoa apresenta, em si, o que é necessário para conseguir lidar com os modelos. Desta forma devemos aceitar que, mesmo os modelos mais indigestos, podem não ser removidos. Por que razão? Por causa de um mecanismo de defesa que não admite que a substituição do velho modelo seja necessária.
Se você consegue ver uma situação desagradável sem fazer julgamentos provavelmente percebe a ineficácia de se intrometer no processo. Sabe que a situação é um cenário desenvolvido para se conseguir algo que supera as expectativas dos envolvidos. Temos a capacidade de deturpar o processo fazendo outros julgamentos, ou nos intrometemos – que fazemos com maestria –, ou nos afastamos com esta nova ideia de que era exatamente a situação desejada pelos envolvidos. A proposta não é fugir, mas compreender, dentro dos limites apresentados. Há algo efetivamente lógico que possa fazer para modificar a situação? É como um jogo de pôquer para os envolvidos, mas uma encenação muito bem orquestrada pelo espírito. É o cristo interior, o estado búdico, é a verdadeira consciência do ser que planeja o jogo. Por vezes ele, o espírito, nos dá pistas do que está planejando, mas ele prefere nos ignorar.


Por exemplo, me repetindo, em Sapo em Príncipes, Richard Bandler disse que acreditava que cada parte de cada pessoa é um recurso valioso. Uma mulher lhe disse: "Essa é a coisa mais burra que jamais escutei!”.
“Eu não disse que era verdade. Eu disse se você acreditava que, enquanto terapeuta, você iria conseguir muito mais”.
"Bom, isso é completamente ridículo".
"O que é que te faz crer que isso é ridículo?"
"Tenho partes em mim que não valem dez centavos. Simplesmente me atrapalham. É só o que fazem".
"Diga uma".
"Tenho uma parte que, independente do que eu fizer, toda vez que eu tento fazer alguma coisa, ela simplesmente me diz que não posso fazê-lo e que irei falhar. Faz com que tudo se torne duas vezes mais difícil do que o necessário".
Disse que havia sido uma aluna evadida da escola secundária e que, quando decidira retornar aos estudos, essa parte dissera: "Você nunca irá conseguir; você não é boa o suficiente para isso; você é burra demais. Será embaraçoso. Você não vai conseguir". Mas ela conseguiu. E mesmo depois de ter feito isso, quando decidiu entrar na faculdade, essa parte disse: "Você não irá ser capaz de terminar".
Então Richard disse: "Bem, gostaria de conversar diretamente com essa parte". [...] "Eu sei que essa parte de você está lhe prestando um serviço de grande importância e que é muito matreira na forma como o realiza. Mesmo que você não aprecie o trabalho por ela executado, eu o aprecio. Eu gostaria de dizer a essa parte que, se ela tivesse vontade de contar à sua mente consciente o que vem fazendo por ela, então talvez essa parte pudesse receber um pouco do apreço merecido”.
Então, fiz com que ela se voltasse para seu interior e perguntasse à parte o que de positivo era que vinha fazendo; a resposta: "Estava te motivando". Depois de ter-me revelado isso, ela comentou: "Bem, acho isso uma loucura".


Foi o que pensei ao ler. Como eu poderia conversar com meu subconsciente, e como ele poderia ser assim, tão magnífico?  Pelo que eu saiba, o inconsciente, o subconsciente, armazena as diretrizes que aceitamos como verdades e impede que a consciência crie confusões “não-autorizadas”, mas como o subconsciente pode ter criados diretrizes nada lógicas, não achava que poderia conversar com alguém tão inflexível. Como dizer para o subconsciente que “ter medo de água” é desnecessário e até limitador quando tivemos uma experiência traumática que criou esta diretriz? Como reconfigurar o subconsciente para que ele seja mais cooperativo e menos protetor? Existem muitos meios.


"Olha, existe uma parte que fica morrendo de medo quando você chega perto das pistas de alta velocidade. Vá para dentro de você e diga a esta parte que ela está fazendo uma coisa importante e pergunte-lhe se ela está com vontade de comunicar-se com você". Ela obteve uma resposta positiva muito intensa. Então eu lhe disse: "Agora volte para dentro e pergunte a essa parte se ela tem vontade de lhe dizer o que é que ela está tentando fazer para você quando fica morrendo de medo se você se aproxima de pistas de alta velocidade". Ela se voltou para dentro e depois disse:
"Bom, essa parte me disse que não está com vontade de me contar nada".
Ao invés de proceder a uma remodelagem inconsciente, fiz uma coisa que pode parecer curiosa, porém, de tempos em tempos, realizo-a quando tenho uma suspeita, ou o que as demais pessoas chamam de intuição. Fiz com que ela se voltasse para dentro de si mesma e perguntasse àquela parte se ela sabia o que estava fazendo pela pessoa. Ela fechou os olhos e depois, quando os abriu de volta, disse: "Bom, eu.. , eu não, .. eu não acredito que ela me disse". "Então volte para dentro e pergunte-lhe se está dizendo a verdade". Ela novamente se interiorizou e depois falou:
"Não quero acreditar no que ela me disse".
 "Bom, que foi que ela te disse?"
"Disse que se esqueceu!".
Bom, embora possa soar muito divertido, sempre considerei que essa fosse uma grande resposta. Em certos aspectos, faz sentido. Você está viva há muito tempo já. Se uma parte organiza um comportamento seu e a pessoa realmente resiste a ele e luta contra ele, o comportamento pode ficar tão envolvido na luta que acabe esquecendo por que motivo foi que se organizou daquela forma, para início de conversa. Quantos de vocês já entraram numa discussão e no meio do fala-fala já se esqueciam do que pretendiam fazer, só para começar? As partes, da mesma forma que as pessoas, nem sempre se recordam dos resultados.
Em vez de entrar numa grande trapalhada, disse: "Olhe, essa sua parte é muito forte. Alguma vez você já se deu conta de como ela é poderosa? Cada vez que você se aproxima de uma pista de alta velocidade, essa parte é capaz de amedrontar você até o limite. Isso é realmente surpreendente. Como é que você se sentiria de contar com uma parte como essa do seu lado?" Ela disse: "Uau! Não tenho nenhuma parte como essa!" Então respondi: "Volte-se para seu interior e pergunte-lhe se ela gostaria de fazer alguma coisa que se pudesse apreciar, que fosse válida, e em que valesse a pena empregar todos os seus talentos", E evidentemente a parte respondeu um entusiasmado sim. Então eu disse: "Então se ponha em contato com seu interior, e pergunte à parte se ela teria vontade de te deixar confortável, alerta, respirando regularmente e com suavidade, tendo cuidado e sintonizada na experiência sensorial, toda vez que você subir numa pista de alta velocidade, pela rampa de acesso".
A parte respondeu: "Sim, sim, eu vou fazer isso". Fiz depois com que ela fantasiasse uma duas situações numa pista de alta velocidade. Antes ela havia sido incapaz de fazê-lo, ficava num estado de terror' completo porque até mesmo a fantasia de chegar perto de uma dessas pistas era por demais assustadora. Desta vez, quando ela fez a fantasia, fê-lo adequadamente. Ela entrou no carro, saiu da pista, e procedeu muito bem. Ela se divertiu tanto que dirigiu nessa pista durante quatro horas e acabou ficando até sem gasolina.




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