sábado, 12 de outubro de 2013

quatro conflitos



Estamos às portas das grandes transformações. Mas isto não quer dizer que estejamos nos desvencilhando dos conflitos. Dos nossos conflitos. Nem pensem em apontar o dedo para o primeiro intransigente que passar diante de nós só porque ele bem poderia ser o motivo de nossas infelicidades, mas não o é. Este alguém, conforme as religiões mais bem faladas, não deixa de ser um irmão. Subtendendo que irmão não pode ser outra coisa senão aquilo que chamamos de humanidade, e não de clãs ou facções de alguns tipos de irmãos que podem fazer certas coisas que outros irmãos não podem.

Premissa dos profetas das religiões, daqueles que não entenderam o que os mestres diziam sobre o amor. Porém é muito mais simples interpretar os textos e fazer de nossa participação nestas frações da verdade um meio enjambrado de se viver, e sem que nós nos contradigamos. Este mundo é resultado de nossas ilusões, é fato. Tudo que aqui existe foi por nós imaginados. Então estamos presos em um mundo de ilusões que nos controlam, é aqui que erramos.

Parece, e somente parece, que todas as dificuldades e conflitos são independentes da nossa aspiração, que somos controlados pelas circunstâncias, pelo meio. Erramos por acreditar que é o meio que nos molda. É verdade, em alguns aspectos o meio dita as transformações necessárias para que possamos, pelo menos, minimizar os estragos causados pela mente, pela crença.

É um círculo vicioso. Criamos as ilusões que nos aprisionam e passamos a crer que tais ilusões são forças todo-poderosas e imutáveis. Dizemos, como para justificar nossas ideias desvirtuadas, que Deus é quem nos controla e não caí uma folha sem que Ele o saiba. Eu acreditava nesta configuração, e ainda não deixei de acreditar, tampouco fiz concessões, contudo Deus não teria a pretensão de controlar os passos de tudo o que existe no universo. Ele bem poderia delegar.

Não estou falando de anjos ou serafins. Estou pensando em algo mais prático, como uma cooperativa. Imagine que todos nós estamos interconectados com a mente de Deus – dê-Lhe o nome que desejarem –, porém estar conectado a Ele nos permite estar ligado com todos. Eu e você partilhamos deste elo, infelizmente nem todos conseguem “tirar proveito disto”.

Uma vez me perguntaram quem é Tiago – este cara que coparticipa dos “meus” textos. Depois de pensar eu conclui que não o conhecia, quero dizer, não sabia como defini-lo. Uma especialidade de nossa natureza humana, dividir tudo entre certo e errado. Para os espiritualistas eu diria que ele é um espírito guardião ou anjo da guarda ou protetor espiritual, que são a mesma coisa. Para um psicólogo – caso ele não me considerasse alucinando –, ele seria o meu inconsciente, de múltiplas personalidades, no mínimo. Para os sonhadores, Tiago é um amigo imaginário. Entretanto ele não é nenhuma destas designações e, ao mesmo tempo, todas. Lembrem-se que estamos conectados. Se for alguém morto ou vivo, tanto faz. Se for com alguém do passado ou futuro, tanto faz. O que eu estou querendo demonstrar é que não limitar a nossa imaginação permite ampliar a conexão. Quando conheci Tiago, eu mesmo não podia admitir a sua legitimidade, mas dei-lhe uma chance para provar se as suas palavras não passavam de divagações de uma mente fértil. Ter dado este crédito fez toda a diferença, se ele não existia antes, por permitir que ele existisse, permiti que se torna-se real. Não é todo dia que o inconsciente nos faz parar para pensar.

Deus é perfeito. Toda a ação do mal passa pelo crivo dEle.

Quando eu “limito” o que desejo entender, impeço que se manifeste todo o meu potencial. Não é questão de acreditar em algo ser possível, mas de, constantemente, acreditar em algo ser impossível. Buda se refere ao estado búdico que possuímos e não conseguimos expressá-lo porque está encoberto por medos. Todo medo é uma resposta incoerente do nosso ser. Demos a nós alguém que chamamos de ego, que não passa de um ator representando “o melhor cenário possível” diante daquilo que não compreendemos. Este ego supõe que os medos sejam uma boa réplica, como se nos precavêssemos do medo através de outros medos. E este ator acha que entende o que está acontecendo e cria ideias e insinuações que tendem a fortalecer, talvez, convicções nada convincentes. Então começa a bola de neve.

Eu sei, tenho certeza absoluta, e todos dizem que “aquele é assim”. Sequer levamos em consideração o que “aquele” sabe, pelo menos ele deveria saber, eu acho. Depois queremos tanto que “aquele seja assim” que não nos importa se entendemos errados. Conforme diz Deepak Chopra em sua Lei do não-julgamento. Tentou não julgar, explico, tentou não falar pelos cotovelos? Faça como ele: Pratico o não-julgamento. Começo o dia com o pensamento, com o seguinte propósito: “Hoje não farei nenhum julgamento sobre nenhuma coisa” e durante todo o dia esforço-me por não fazer nenhum julgamento.


E o jogo começa. O Carma se movimenta em direção a si mesmo. Ao se fazer uma ideia de como “aquele que é assim” deve ser, partilhamos com as mentes partilhadas com Deus esta [in]certeza. E “aquele que é assim” deverá se ajustar para realmente ser assim. São duas forças em ação, a Lei da Atração que diz que atraímos tudo aquilo que desejamos – quase uma justiça poética, pois criamos o monstro que nos atormenta. E a Lei de Filho de Deus, na verdade eu criei esta, uma lei que diz que por sermos filhos de Deus, também temos as suas qualidades – eu prefiro blasfemar e usar poderes –, deste modo criamos e recriamos este mundo conforme desejamos. E constantemente desejamos que “aquele que é assim” seja assim. Aproprio-me dos termos da psicologia para tentar entender porque os outros são reflexos de nós mesmos. A transferência não existe sem a contratransferência. Nós não reagimos ao meio, nós o modificamos. O erro está em acreditar que o meio tem certa prevalência. Mudar o meio é mudar a mente. Experimente repetir uma frase absurdamente impossível como: Eu sou saudável ou eu realmente sou um cara de sorte. Pois aqueles que realmente creem nisto, conseguem ser assim.

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