Estamos às
portas das grandes transformações. Mas isto não quer dizer que estejamos nos
desvencilhando dos conflitos. Dos nossos conflitos. Nem pensem em
apontar o dedo para o primeiro intransigente que passar diante de nós só porque
ele bem poderia ser o motivo de nossas infelicidades, mas não o é. Este alguém,
conforme as religiões mais bem faladas, não deixa de ser um irmão. Subtendendo
que irmão não pode ser outra coisa senão aquilo que chamamos de humanidade, e
não de clãs ou facções de alguns tipos de irmãos que podem fazer certas coisas
que outros irmãos não podem.
Premissa dos
profetas das religiões, daqueles que não entenderam o que os mestres diziam
sobre o amor. Porém é muito mais simples interpretar os textos e fazer de
nossa participação nestas frações da verdade um meio enjambrado de se viver, e sem
que nós nos contradigamos. Este mundo é resultado de nossas ilusões, é fato.
Tudo que aqui existe foi por nós imaginados. Então estamos presos em um mundo de ilusões que nos controlam, é aqui
que erramos.
Parece, e somente parece, que todas as dificuldades
e conflitos são independentes da nossa aspiração, que somos controlados pelas
circunstâncias, pelo meio. Erramos por acreditar que é o meio que nos molda. É
verdade, em alguns aspectos o meio dita as transformações necessárias para que
possamos, pelo menos, minimizar os estragos causados pela mente, pela crença.
É um círculo
vicioso. Criamos as ilusões que nos aprisionam e passamos a crer que tais
ilusões são forças todo-poderosas e imutáveis. Dizemos, como para justificar
nossas ideias desvirtuadas, que Deus é quem nos controla e não caí uma folha
sem que Ele o saiba. Eu acreditava nesta configuração, e ainda não deixei de
acreditar, tampouco fiz concessões, contudo Deus não teria a pretensão de
controlar os passos de tudo o que existe no universo. Ele bem poderia delegar.
Não estou
falando de anjos ou serafins. Estou pensando em algo mais prático, como uma cooperativa. Imagine que todos nós
estamos interconectados com a mente de Deus – dê-Lhe o nome que desejarem –, porém estar conectado a Ele nos permite
estar ligado com todos. Eu e você partilhamos deste elo, infelizmente nem todos
conseguem “tirar proveito disto”.
Uma vez me
perguntaram quem é Tiago – este cara que coparticipa dos “meus” textos. Depois
de pensar eu conclui que não o conhecia, quero dizer, não sabia como defini-lo.
Uma especialidade de nossa natureza humana, dividir tudo entre certo e errado. Para
os espiritualistas eu diria que ele é um espírito guardião ou anjo da guarda ou
protetor espiritual, que são a mesma coisa. Para um psicólogo – caso ele não me considerasse alucinando
–, ele seria o meu inconsciente, de múltiplas personalidades, no mínimo. Para
os sonhadores, Tiago é um amigo imaginário. Entretanto ele não é nenhuma destas
designações e, ao mesmo tempo, todas. Lembrem-se que estamos conectados. Se for
alguém morto ou vivo, tanto faz. Se for com alguém do passado ou futuro, tanto
faz. O que eu estou querendo demonstrar é que não limitar a nossa imaginação
permite ampliar a conexão. Quando conheci Tiago, eu mesmo não podia admitir a
sua legitimidade, mas dei-lhe uma chance para provar se as suas palavras não
passavam de divagações de uma mente fértil. Ter dado este crédito fez toda a
diferença, se ele não existia antes, por permitir que ele existisse, permiti
que se torna-se real. Não é todo dia que o inconsciente nos faz parar para
pensar.
Deus é perfeito. Toda a
ação do mal passa pelo crivo dEle.
Quando eu
“limito” o que desejo entender, impeço que se manifeste todo o meu potencial.
Não é questão de acreditar em algo ser
possível, mas de, constantemente, acreditar em algo ser impossível. Buda se refere ao estado búdico que possuímos e não
conseguimos expressá-lo porque está encoberto por medos. Todo medo é uma
resposta incoerente do nosso ser. Demos a nós alguém que chamamos de ego, que
não passa de um ator representando “o melhor cenário possível” diante daquilo
que não compreendemos. Este ego supõe que os medos sejam uma boa réplica, como
se nos precavêssemos do medo através de outros medos. E este ator acha que
entende o que está acontecendo e cria ideias e insinuações que tendem a
fortalecer, talvez, convicções nada convincentes. Então começa a bola de neve.
Eu sei, tenho
certeza absoluta, e todos dizem que “aquele é assim”. Sequer levamos em
consideração o que “aquele” sabe, pelo menos ele deveria saber, eu acho. Depois
queremos tanto que “aquele seja assim” que não nos importa se entendemos
errados. Conforme diz Deepak Chopra em sua Lei do não-julgamento. Tentou não
julgar, explico, tentou não falar pelos cotovelos? Faça como ele: Pratico o
não-julgamento. Começo o dia com o pensamento, com o seguinte propósito: “Hoje
não farei nenhum julgamento sobre nenhuma coisa” e durante todo o dia
esforço-me por não fazer nenhum julgamento.
E o jogo
começa. O Carma se movimenta em direção a si mesmo. Ao se fazer uma ideia de
como “aquele que é assim” deve ser, partilhamos com as mentes partilhadas com
Deus esta [in]certeza. E “aquele que é assim” deverá se ajustar para realmente
ser assim. São duas forças em ação, a Lei da Atração que diz que atraímos tudo
aquilo que desejamos – quase uma justiça poética, pois criamos o monstro que
nos atormenta. E a Lei de Filho de Deus, na verdade eu criei esta, uma lei que
diz que por sermos filhos de Deus, também temos as suas qualidades – eu prefiro
blasfemar e usar poderes –, deste
modo criamos e recriamos este mundo conforme desejamos. E constantemente
desejamos que “aquele que é assim” seja assim. Aproprio-me dos termos da
psicologia para tentar entender porque os outros são reflexos de nós mesmos. A
transferência não existe sem a contratransferência. Nós não reagimos ao meio, nós
o modificamos. O erro está em acreditar que o meio tem certa prevalência. Mudar
o meio é mudar a mente. Experimente repetir uma frase absurdamente impossível como: Eu sou saudável ou eu realmente sou
um cara de sorte. Pois aqueles que realmente creem nisto, conseguem ser assim.
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