Um
artifício que utilizo para decidir temas tão importantes quanto aos tratados
nos últimos oito artigos, é usar a moeda.
Nestas questões onde grandes massas se chocam, contra e a favor, enfrentando-se
como ferozes inimigos, cada um defendendo as suas verdades elegidas, eu recorro
à moeda que me falará, como um oráculo, quem está certo.
Não
se assustem se estou confiando as minhas premissas, as minhas escolhas
pessoais, à decisão de um lançamento de cara ou coroa. Qualquer uma das
posições defendidas, seja a ideia inata de que nascemos com o destino traçado –
em síntese –, ou aprendemos com a experiência, serão ideias parciais.
Jogar a moeda só
determinará a qual grupo eu pertencerei e definirá as experiências desta vida. Mas se a moeda cair
do avesso, todas as suas experiências serão diferentes. Sempre estamos
decidindo os valores de nossas escolhas através da moeda. Não existem
diferenças, senão aquelas que julgamos existir. A moeda é apenas uma distração para que acreditemos que estamos no
controle da vida. A moeda brilha e ofusca para que não percebamos a nossa ignorância.
Qual
ignorância?
De
que a moeda tem os dois lados iguais.
E decidir quais caminhos queremos percorrer só serve para nos iludir, pois
qualquer escolha é uma escolha sensata. O problema está em supor que deveríamos
seguir outro caminho porque “temos que
ter o controle”, e sofremos enquanto não fizermos o que as escolhas querem.
É
quase a mesma questão: Deus joga dados?
Quando
vamos compreender que as escolhas, sejam antagônicas ou ligeiramente parecidas,
são os dois lados de uma mesma moeda. Decidir
por um lado é negligenciar o outro. E se quisermos ser felizes,
precisaremos ser o todo, absorver os lados e entender que não existem
diferenças, só opiniões, julgamentos e preconceitos que nascem parciais. De um dos lados.
Deus joga dados quando precisa nos
ensinar que as partes, os lados, são meios.
E também não arremessa os dados por uma questão bastante óbvia, Ele não joga dados. Isto é o ciclo da
verdade, o ying e o yang e o carma.
Enquanto precisarmos dos opostos para entender o todo, os dados cairão.
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