quinta-feira, 21 de novembro de 2013

104 - resignação ou resignação


Existe uma incapacidade de se entender as palavras. O próprio conceito de amor é tão extenso que chega a ser contraditório em alguns casos. Eu me deparei com uma palavra que pensava conhecer, mas não a havia compreendido. Destas palavras que parecem, mas não são.

Resignação:
submissão à vontade de alguém ou ao destino. Ou, submissão paciente aos sofrimentos da vida.

Não sabia, entretanto existem duas categorias de resignação – que eu identifiquei apressadamente – e que são totalmente diferentes, pelo menos para mim. Lembra-se das cinco etapas do Modelo de Kübler-Ross que propõe uma descrição de estágios discretos pelo qual as pessoas passam ao lidar com a perda, o luto e a tragédia?

Segundo esse modelo, pacientes com doenças terminais passam por esses estágios. O modelo foi proposto por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro On Death and Dying, publicado em 1969. Os estágios se popularizaram e são conhecidos como Os Cinco Estágios do Luto (ou da Dor da Morte, ou da Perspectiva da Morte) e são:

1] Negação e Isolamento: "Isso não pode estar acontecendo."

2] Raiva: "Por que eu? Não é justo."

3] Negociação e diálogo: "Me deixe viver apenas até meus filhos crescerem."

4] Depressão: "Estou tão triste. Por que me preocupar com qualquer coisa?"

5] Aceitação: "Tudo vai acabar bem."

Oras, como uma doença terminal pode acabar bem, por isso se fala tanto em resignação quando se propõe uma aceitação. Aceitar que as coisas estão assim é resignar-se, sim. Então você está em uma situação em que a doença é incurável – por exemplo, eu – e então grita e esperneia, se esconde na tristeza para terminar aceitando a sua impotência diante do destino.

Um destino que exige a aceitação daquilo que é comum a todos os doentes terminais, de que morreremos. Mas e se não for bem assim?!

O que é resignação. Em termos, a resignação que me propus era de não aceitar as situações por comodismo, ignorância, medo ou simplesmente por ser “a vontade dos céus”, mas sim por compreender que as situações pelas quais passamos são necessárias para nosso desenvolvimento intelectual, moral e espiritual (provas), podendo também ser decorrentes de nossas atitudes desta ou de outras vidas (expiações), cabendo-nos superá-las, com paciência, porém atuando ativa e conscientemente naquilo que nos cabe fazer. Sem revolta ou lamentações, por saber que são resultados de nossa responsabilidade quanto ao uso do nosso livre-arbítrio e da atuação dos princípios da lei de causa e efeito.

Apesar de ser uma versão mais complexa, não muda em nada o que sentimos – para os doentes –, até nos incita a superar as situações, porém acrescenta que somente naquilo que nos cabe fazer. Ou seja, de acordo com os nossos padrões mentais atuais, nada. O melhor de tudo é que a revolta pode ser aplacada quando se aplica o conceito de causa e feito.

Então nos submetemos ao destino?

Quando a revolta terminar e a tristeza se extinguir – o que é muito difícil – você terá a oportunidade de superar os conceitos de que uma doença incurável e terminal seja o fim. Está ciente de existem filosofias orientais – sobretudo – que negam a doença, por que ela não é real, e sim uma distorção – desarmonia – dos pensamentos?

Se a medicina não encontra respostas, se a resignação só traz paz para o momento da morte, temos que aceitar que no fim morreremos? Deste modo eu terei que aceitar que mereço morrer – e sofrer – porque a situação já foi pré-determinada. E aqueles que se curam?

Pensar que o sofrimento seja infelicidade é um engano da mente apegada ao corpo carnal. Aquele que compreende quanto o sofrimento é benéfico para o progresso da alma, consegue agradecer até mesmo aos sofrimentos.

Sutra Para Cura Espiritual: Um dia, o Anjo retorna à Seicho-no-Ie e recita: Prossegue sem temor o curso de tua vida. A infelicidade jamais se aproxima de quem nada teme. Infelicidades e desgraças não são criações de Deus. Perante quem segue destemidamente o curso da vida, a infelicidade foge cabisbaixa e a doença mostra-se resignada e desaparece, retornando ao nada”.

Existem muitas pessoas que vivem temendo a ocorrência de infortúnios, doenças ou acidentes, considerando-os castigos de Deus. Há também religiosos que amedrontam as pessoas com ameaças de "punição divina" ou "castigo do céu", para induzi-las a se converterem à seita deles. Tanto esses religiosos, como as pessoas que neles acreditam, estão errados.

A Bíblia ensina que onde existe o amor perfeito não há medo, e que o amor perfeito é manifestação de Deus. Portanto, o verdadeiro cristianismo não suscita temor nas pessoas, e os verdadeiros cristãos não procuram converter as pessoas com ameaças de "castigo divino". Também no budismo, o Hannya Shingyō diz: "Eliminando-se a ilusão, desaparece o temor". Isto significa que a fé religiosa que suscita temor não é verdadeira, sendo apenas ilusão camuflada de fé. Ilusão é como sonho; é ver aspectos contrários à realidade. Pode acontecer de alguém, no sonho, ver-se submetido a um terrível castigo e, acordando, perceber que estivera sonhando e soltar uma risada de alívio. Julgar "existente" o que "não existe" - este pensamento contrário à realidade é ilusão. Pode acontecer, também, de alguém sonhar que perdeu algo e, acordando, constatar que esse algo permanece ali, diante de seus olhos. O mesmo ocorre com a ilusão. Pode-se dizer, portanto, que ilusão é "pensamento invertido", ou seja, julgar "existente" o que "não existe", e vice-versa.

Por isso, o Hannya Shingyō afirma que o estado de ilusão é como o sonho no qual a pessoa julga ser real o que não existe realmente; ensina que neste mundo criado por Deus não há criatura alguma e coisa alguma capaz de nos infundir medo, e diz que é preciso abandonar o "pensamento invertido", isto é, a ilusão, pois assim o medo desaparecerá.

Tudo que existe de verdade é obra criada pelo Deus único. Deus, o Criador, é Bem infinito, é possuidor de Sabedoria infinita. Portanto, neste mundo criado pela Sabedoria infinita de Deus não existem falhas nem incoerências. Este mundo só pode ser um mundo perfeito onde todos os seres vivem em total harmonia, ajudando e complementando uns aos outros. Por isso, basta abrirmos os olhos da mente, eliminarmos a ilusão e contemplarmos a Imagem Verdadeira para que todos os males - originalmente inexistentes – desapareçam por completo. Desaparecendo a ilusão, ocorre a cura da doença, cessa o conflito, ninguém permanece pobre ou feio. E assim podemos descortinar, neste mundo que habitamos, o aspecto perfeito do mundo da Imagem Verdadeira onde existe a felicidade eterna.

Eliminemos a ilusão. Na verdade, o mundo que habitamos aqui e agora é a manifestação exata do mundo da Imagem Verdadeira, onde reinam o bem e o belo supremos e a felicidade eterna. Tendo recebido a revelação desta Verdade, contemplo neste momento o mundo onde reinam o bem, o belo e a felicidade eterna, e o meu coração pulsa de alegria infinita. [http://retratandoavida.files.wordpress.com/2013/04/a-seicho-no-ie-responde.pdf]

Hoje, a minha resignação é ilusão que eu destruo todos os dias confiando em Deus que está dentro de mim.

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