sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

126 - carta ao mestre

Existem momentos na vida em que temos a oportunidade de nos encontrar com os nossos mestres, como verdadeiros discípulos esperamos ouvir as suas recomendações, porém se perdemos esta chance...

Perdi a oportunidade de encontrar meus mestres, nesta vida eles se foram muito antes de eu poder enunciar as minhas perguntas, não porquê elas são extraordinárias, mas porque eu poderia perceber o que está além das palavras escritas e deixadas como cartas de suas existências. Ou não.

Quem não gostaria de ter presenciado o sermão da montanha ou a narração do sutra de lótus? Não para se vangloriar destes fatos, mas sim pela oportunidade. E eu pensei, se não posso fazer mais nada para busca-los... Posso sim.

Carta ao mestre Masaharu Taniguchi.

Obrigado por receber-me.

Realmente estou emocionado com a verdade explanada nos seus livros. Tenho muitas ilusões, uma das quais se chama doença incurável, mas eu não quero incomodá-lo com isto, já que os livros são mais do que suficientes para destruir a minha ilusão quanto aos apegos e medos que concedemos às doenças.

Ontem eu li um comentário n’A Verdade da Vida, volume 6, sobre alguns aspectos daqueles que se fundem com o a imagem verdadeira, de como eles deixam transparecer a liberdade sem medos, confiando plenamente em Deus.

Eu também passei por experiência parecida e percebi que este estado de “não preocupação” não quer dizer alienação ou um estado de profunda ilusão quanto ao mundo que nos rodeia. O mundo passa a nos respeitar e oferece as respostas a quaisquer dúvidas que possam surgir. É uma simbiose entre a vida que me anima e anima todas as coisas e pessoas, ou seja, Deus.

No entanto eu deixei que esta sensação desaparecesse. Não sei se foi por causa da doença que parece se fixar em minha mente como existência verdadeira, mesmo que eu saiba da fragilidade desta ideia, Ou porque preciso dela para justificar meus medos, que eu sei que não tem força. Parece que uma está amarrada na outra, mantendo-me neste estado incoerente.

Não sei por onde destruir esta ideia de que a doença é necessária, porque os sintomas insistem em me afligir, criando um gatilho que dispara algum medo e me aterra à ilusão de que estou preso às ilusões. Se eu não tivesse experimentado esta percepção de reconhecer a imagem verdadeira, o senhor poderia me dizer que o erro está em não ter confiado  abertamente em mim. É verdade!

Consegui suprir a maioria dos medos, mas a sombra da incapacidade que a doença traz e é reforçada por pensamentos de desilusão, está afixada profundamente, independente das minhas tentativas de criar e manter pensamentos positivos.

É como quando alguém tem medo inexplicável de água e não consegue identificar a causa. Os medos atrelados ao medo da água ampliam o desconforto e nos impede de agir contra. Quais são as causas dos meus medos?

Quando as situações de ineptidão surgem por causa de situações que me impedem, bloqueando o caminho e criando uma angústia palpável que se transforma em rancor, eu não consigo enxergar quais as verdadeiras ações por trás destes atos. Eu me conduzo a acreditar que tais atos querem me mostrar que os meus pensamentos, estas âncoras, não passam de reações automáticas que o meu inconsciente e não merecem a minha atenção.

Não é o que acontece. Os pensamentos reagem e as ideias consequentes se baseiam nas minhas experiências, que nunca passaram desta percepções de interrupções forçadas ou aparentemente intransponíveis.

Estes medos geram, como resposta, o apego à doença que parece dar uma justificativa ao mundo de sofrimentos causados pela desilusão.

Como eu posso quebras este ciclo de ilusões e voltar ao estado pleno?

Mateus Göettees, Blumenau.

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